O espaço, sediado na Embrapa Amazônia Oriental Belém(PA), funcionará de 10 a 21 de novembro de 2025, como ambiente público, gratuito e inclusivo durante a COP30.
A AgriZone – Casa da Agricultura Sustentável – foi oficialmente aberta nesta terça-feira (11), na Arena Agritalks, em Belém (PA). A cerimônia reuniu a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e autoridades locais e nacionais. O espaço, sediado na Embrapa Amazônia Oriental Belém(PA), funcionará de 10 a 21 de novembro de 2025, como ambiente público, gratuito e inclusivo durante a COP30.
Este é um projeto do governo brasileiro, liderado pela Embrapa e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com a parceria do MDA, MDS e MPA. Concebida como palco de diálogo, inovação e tecnologias sustentáveis, a AgriZone busca promover soluções e boas práticas para uma agropecuária de baixo carbono, com maior resiliência climática e segurança alimentar.
A ciência aparece como eixo estruturante para enfrentar a crise do clima. Nas palavras da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, trata de mostrar que a agricultura brasileira é parte e também solução das mudanças climáticas.
O papel da Embrapa é central. A Empresa coordena o projeto com o Mapa e parceiros, estimula a adoção de tecnologias de baixo carbono e organizou uma chamada pública que selecionou cerca de 400 eventos para a programação.
O espaço apresenta pesquisas e soluções com foco em agricultura familiar e inclusão socioprodutiva – como algodão colorido, clones de cajueiro‑anão e a expansão do Sisteminha Comunidade em áreas de baixo IDH – e reafirma compromisso social e científico com diferentes públicos e territórios.
As falas na abertura enfatizaram escala, ciência e inclusão. “Nós alimentamos hoje dentro da cadeia mundial 1 bilhão de pessoas”, disse Marcelo Fiadeiro – secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, ressaltou a agenda social: “Recebemos a missão de tirar o Brasil do mapa da fome e isto não seria possível sem o conhecimento que o Brasil tem pela Embrapa.”
Luciana Santos — ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) reforçou o vetor técnico: “não há como enfrentar as mudanças climáticas sem ciência, sem tecnologia e sem inovação.”
Fernanda Machiaveli – secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) destacou a vulnerabilidade do campo: “A agricultura familiar não é a que emite, mas é a mais impactada.”
Para Silvia Massruhá inovação só faz sentido quando melhora a vida no campo, protege o ambiente e amplia a renda: “É isso que estamos entregando”. A presidente de Embrapa destacou o Sisteminha, que transforma quintais em unidades produtivas de agricultura familiar – tecnologia social simples, de baixo custo e alto impacto em segurança alimentar e renda.
Ampliação da resiliência com sistemas agroflorestais – como açaí com bacuri – que diversificam a produção, conservam o solo e estabilizam a renda ao longo do ano.
Na consolidação dos protocolos de baixo carbono em cadeias estratégicas: soja, café e leite. São métricas e práticas que reduzem emissões, abrem mercados e valorizam o produtor.
Também foram mencionados por Silvia, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta agregando meliponicultura e apicultura para restaurar áreas, aumentar produtividade e serviços ecossistêmicos, ferramentas de agricultura digital, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) e iniciativas de monitoramento e informação territorial. “Esta é a nossa tese: ciência pública aplicada, com resultados mensuráveis – valor econômico para o produtor, valor social para as famílias e valor ambiental para o país”, destacou a presidente.
Durante a solenidade de abertura, foi lançado o livro “Ciência para o Clima”, com contribuições de pesquisadores de diferentes áreas e países. Beata Madari, Mellissa Soler e Marcia Thais, pesquisadoras da Embrapa Arroz e Feijão; elas compõem a equipe de edição técnica da obra e são co‑autoras do capítulo dois sob o título “Estratégias e soluções de inovação para a agricultura e o clima”, que reúne abordagens práticas para o setor, incluindo a agricultura familiar.
Embrapa Arroz e Feijão – preservar produção com menos emissões
Em cenário de clima mais instável, o manejo do arroz irrigado é importante ter como base trade-offs do campo, ou seja: ao melhorar um indicador, outro pode piorar. Nos estudos e pesquisas da Embrapa Arroz e Feijão, a decisão diária é equilibrar produtividade, custos e emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), com metas claras por talhão e ajustes safra a safra. 
A irrgação intermitente com o arroz ilustra esta troca – ao alternar alagamento e drenagem, o produtor limita o ambiente anaeróbio e reduz CH4. Em contrapartida, a maior oxigenação pode elevar N2O. O resultado depende de controle fino da lâmina d’água, do calendário de drenagem e da resposta a ondas de calor, que ampliam o risco de estresse hídrico. Esta irrigação intermitente funciona quando há infraestrutura para manejar a água com precisão e monitoramento frequente do solo.
Aplicar a adubação nitrogenada cedo demais ou tarde demais custa produtividade; por isso, decidir “quando e quanto” aplicar faz toda a diferença. Inibidores de nitrificação ou de urease e fertilizantes de liberação controlada ajudam a segurar o nitrogênio no sistema e a reduzir N2O, mas elevam o custo por hectare – e o retorno depende do preço do arroz, dos ganhos reais de rendimento e do acesso a programas de baixo carbono.
No manejo da palha, o dilema é semelhante: manter os resíduos na superfície aumenta o carbono do solo, melhora a estrutura e infiltração e fortalece a resiliência; porém, em áreas inundadas, a decomposição pode elevar CH4. Remover ou queimar reduz CH4 no curto prazo, mas empobrece o solo e libera CO2 e partículas finas, com prejuízos agronômicos e de qualidade do ar.
No plantio direto e rotação de culturas, por sua vez, minimizam a perturbação no campo e favorecem o sequestro de carbono; ainda assim, em certos cenários, concentram nitrogênio na superfície e, sob chuvas intensas, podem gerar picos de N2O.
Em síntese, cada escolha requer leitura fina de clima, solo e janelas operacionais. A intensificação produtiva ajuda a diluir emissões por tonelada colhida, mas tende a aumentar insumos – dependendo da área definida e da cultura trabalhada, emissões absolutas e custos – sobretudo em áreas de plantio limitantes ou em culturas sensíveis, exigindo precisão na dose e no momento de aplicação.
Diante deste cenário, o monitoramento por área de plantio deixa de ser opcional: acompanhar lâmina d’água, umidade e matéria orgânica do solo, dose e hora certa de aplicação do N, rendimento e indicadores de emissões demanda tempo e instrumentos, seguindo um processo de tentativa e erro por comparações objetivas e ajustes contínuos mais eficientes.
As orientações da Embrapa Arroz e Feijão se convergem para um roteiro pragmático a seguir: planejar com ZARC, escolher cultivares adaptadas, conservar água e solo, usar FBN no feijoeiro, manejar a água com precisão no arroz, integrar bioinsumos ao MIP e registrar o que acontece no campo para melhorar a cada safra. Em tempos de clima instável e margens apertadas, é a combinação de pequenas decisões bem executadas que mantém o produtor em pé e a comida chegando à mesa.
A AgriZone se afirma, assim, como vitrine e espaço de articulação entre pesquisa, políticas públicas e produtores, com foco em resultados mensuráveis no campo. A prioridade expressa pelos organizadores e autoridades da AgriZone é transformar conhecimento em adoção efetiva de práticas de baixo carbono, com assistência técnica, crédito orientado e inclusão produtiva – condições-chave para a renda da agricultura familiar e a resiliência climática da agropecuária como um todo. Em um mercado pressionado por clima e custo, a mensagem central permanece: não há solução única. O avanço vem de pequenas decisões bem executadas, medidas e ajustadas por talhão, para preservar a produção com menos emissões.
Desta forma, a AgriZone se afirma, assim, como vitrine e espaço de articulação entre pesquisa, políticas públicas e produtores, com foco em resultados mensuráveis no campo. A prioridade expressa pelos organizadores e autoridades da AgriZone é transformar conhecimento em adoção efetiva de práticas de baixo carbono, com assistência técnica, crédito orientado e inclusão produtiva – condições-chave para a renda da agricultura familiar e a resiliência climática da agropecuária como um todo. Em um mercado pressionado por clima e custo, a mensagem central permanece: não há solução única. O avanço vem de pequenas decisões bem executadas, medidas e ajustadas por talhão, para preservar a produção com menos emissões.
Fonte: Embrapa
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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