
A comunidade científica amazônica reforça a importância de reconhecer o potencial da região como parte da solução para a crise climática, cobrando compromissos concretos na COP30.
A mensagem de que a Amazônia tem propostas e contribuições com base científica para enfrentamento da crise climática e para os desafios socioambientais, e que isso precisa ser valorizado por meio de ações concretas a serem pactuadas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 ( COP30) foi amplamente reforçada no encerramento do Encontro da Comunidade Científica da Amazônia, no dia 20 de agosto em Manaus, no qual estiveram representadas mais de 70 instituições de ciência e tecnologia com atuação na Amazônia.
“É um momento extremamente importante, onde selamos o nosso compromisso com a agenda de ação; e a mensagem final é que a COP já começou e que a gente quer deixar um legado não só para a Amazônia, como para o Brasil, construído dentro de uma grande rede de cooperação nacional e internacional, e , no caso da Amazônia, com protagonismo das populações locais e das instituições de ciência e tecnologia que aqui estão”, destacou a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler, presente no Encontro. A diretora destacou a contribuição da Embrapa nessa rede das instituições de ciência e tecnologia. “É um momento importante de posicionamento, onde a Embrapa vem apresentando as suas principais linhas de pesquisa na área de bioeconomia, de manejo florestal, de restauração, de inclusão sociopolítica e digital e toda uma agenda de transição ecológica para a descarbonização da nossa agricultura”, comentou.
As informações compõe o documento com diretrizes e propostas da comunidade científica da região, voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas e à valorização dos saberes amazônicos, a serem considerados na implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira no período de 2025 a 2035.
O secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Secretaria de Relações Institucionais (CDESS/SRI) da Presidência da República, Olavo Noleto, que integrou a coordenação dos trabalhos, disse que a versão final do documento tem mais de 400 páginas, é resultado de dois meses de debates com a participação de centenas de pesquisadores de universidades e instituições de ciência e tecnologia, e é uma demonstração que “é possível a construir juntos de maneira cooperativa, na pluralidade, para além da divergência, grandes caminhos para o tema da mudança climática”. Essa iniciativa busca fortalecer a Agenda de Ação da COP-30, que orientará as negociações da Conferência do Clima da ONU.
No documento as instituições defendem a importância e valorização da ciência produzida na região, e chamam atenção que o financiamento para as iniciativas de pesquisa em ciência e tecnologia na região ainda é insuficiente e precisa ser ampliada. “Hoje, a comunidade científica se reúne para afirmar que a Amazônia fala pela sua própria voz”, disse a reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Tanara Lauschner, ao apresentar a carta intitulada “A ciência e os saberes da Amazônia no mutirão do clima, que resume os principais pontos defendidos pela comunidade científica, e que foi entregue ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP-30 no Brasil, e à enviada especial (Mulheres) do Brasil à COP 30, primeira-dama Rosângela Lula da Silva, Janja, no encerramento do Encontro da Comunidade Científica da Amazônia.”
Em sua fala, Janja ressaltou a importância de que os esforços científicos valorizem a vida das populações tradicionais. “A floresta é viva por conta das comunidades que moram e vivem da floresta com dignidade. E é isso que eu acredito que é a conexão da academia com os povos da floresta. A efetivação da ciência por meio de programas, pesquisas científicas, se concretiza quando leva dignidade para a floresta. A academia precisa encontrar junto às comunidades soluções para os desafios climáticos que temos enfrentado, pensando nas pessoas”.
A solenidade, realizada na Ufam, contou com outros enviados especiais da COP-30, entre eles o enviado especial do setor privado Amazônia para a COP 30, economista Denis Minev, que destacou em seu pronunciamento, a importância da ciência e a responsabilidade do setor privado em aproveitar esse conhecimento para gerar riquezas com potencial de sustentabilidade. Citou a importância de se engajar em atividades como agricultura regenerativa, restauração florestal e outras, que sejam geradoras de riqueza, de empregos e de oportunidades para a população da região com novos empreendimentos. “Nós precisamos ser protagonistas da reinvenção da economia da Amazônia”, disse.
O reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira, destacou, em seu pronunciamento, que a COP 30 representa a oportunidade única de posicionar a Amazônia como solução e não apenas como cenário da crise climática mundial. “Precisamos garantir que nossos saberes e perspectivas sejam reconhecidas nos acordos climáticos globais. As vozes da Amazônia devem ecoar com força na conferência exigindo políticas concretas para a adaptação climática, justiça ambiental e valorização dos modos de vida do Amazônia”, disse, destacando que “a Amazônia não pode ser vista apenas como um território de conservação, mas sim reconhecida como um território de inovação e construção de soluções para os desafios socioambientais no século XXI”.
Participaram também diversos representantes de universidades federais e estaduais, organizações da sociedade civil, integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, a ministra de Ciência e Tecnologia Luciana Santos, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Márcio Macêdo, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Francilene Garcia, entre outras autoridades.
Esse trabalho do Mutirão da Ciência na Amazônia, teve o envolvimento de instituições como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes-Norte); o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF-Norte); a Embrapa ; a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/MS); o Instituto Evandro Chagas (IEC/MS); o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); Rede de Universidades Estaduais da Amazônia Legal (ABRUEM).
Fonte: Embrapa
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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