Encontro entre onças e touro no Portal do Pantanal assusta; vídeo

Vídeo mostra duas onças em uma estrada rural observando a chegada de um touro da raça Nelore; Pecuária de corte brasileira enfrenta desafios com fauna silvestre e perdas econômicas

As redes sociais têm se tornado uma vitrine de momentos impressionantes da vida selvagem em áreas de pecuária, registrando encontros inusitados entre bovinos e animais como onças e sucuris. Vídeos viralizam ao mostrar desde ataques surpresa de felinos até reações de gado diante de cobras gigantes, proporcionando um olhar único sobre esses conflitos naturais.

Além de gerar curiosidade e conscientização, esse conteúdo tem ajudado pesquisadores e produtores a entender melhor o comportamento dos animais, enquanto fascina milhões de espectadores ao redor do mundo.

Em mais um vídeo impressionante, é possível ver um touro da raça Nelore caminhando calmamente em uma estrada rural, onde logo a frente, há duas onças pintadas, aparentemente um casal, na espera do animal. Segundo informações coletadas nas redes sociais, o vídeo foi gravado em uma fazenda no município de Poconé, no estado de Mato Grosso, distante 100 km de Cuiabá, capital mato-grossense.

Encontro entre oncas e touro revela desafios da pecuaria brasileira - pocone portal do pantanal
Foto: Reprodução

O município é conhecido como o “Portal do Pantanal” por ser uma das principais entradas para a maior planície alagável do mundo. O município abriga uma extensão significativa do bioma pantaneiro, com áreas que se estendem por centenas de quilômetros, caracterizadas por estações bem definidas—cheias, que alagam vastas regiões, e secas, que revelam campos e lagoas.

Essa dinâmica única sustenta uma biodiversidade extraordinária, incluindo jacarés, capivaras, ariranhas e aves migratórias, além de ser um dos cenários onde a pecuária tradicional convive com desafios como ataques de onças e sucuris.

No vídeo, é possível observar o touro caminhando lentamente em direção às onças. As felinas, à distância, acompanham sua aproximação. Assim que ele se aproxima, elas se afastam, abrindo caminho. O touro, então, demonstra comportamento agressivo, ameaçando atacar as onças em uma clara tentativa de impor respeito e dominância.

Em um dos comentários da publicação um internauta explica. “Quem morou no Pantanal sabe, onça respeita o touro, só ataca se estiver acuada, do contrário foge mesmo. A noite, a boiada forma o rodeio e os touros ficam ao redor protegendo bezerros e vacas” – explicou.

O Canal Indomáveis apresentado por Bruno, comentou o vídeo e disse que dificilmente onças abateriam um touro adulto em plena saúde. “Se juntasse essas duas onças, não davam conta de abater esse touro, olha o tamanho da tábua do pescoço do touro, o pescoço dele dá quase 40 centímetros de largura, onde que elas vão morder, para quebrar a base do crânio, para quebrar a espinha na base do crânio, não dá conta, não consegue predar de jeito nenhum, pode agarrar na barbela [entretanto] tem um mundo de músculo ali, não dá conta de jeito nenhum” – explicou o contador de contos em uma determinada parte do vídeo.

Um dos fatores que explica o comportamento cauteloso das onças é o porte imponente do touro da raça Nelore, que pode atingir até uma tonelada. Observa-se que, na maioria dos casos, esses felinos preferem atacar categorias mais vulneráveis, como bezerros e novilhas, evitando confrontos diretos com animais adultos de grande porte.

A região de Poconé, em particular, concentra grandes fazendas dedicadas à pecuária de corte, que precisam se adaptar ao ritmo das águas e à presença da fauna selvagem.Sua localização estratégica não só a torna um polo ecoturístico, com safáris e pesca esportiva, mas também um laboratório natural para estudos sobre conservação e produção sustentável.

Nelore Vera Cruz gado andando corredor com floresta dos dois lados
Foto: Nelore Vera Cruz

Pecuária de corte e a fauna brasileira

A pecuária de corte no Brasil, uma das mais importantes do mundo, convive diariamente com desafios únicos devido à proximidade de grandes áreas de mata e florestas de biomas como Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica.

Essa fronteira entre pastagens e habitats naturais gera constantes conflitos entre o gado e predadores como onças-pintadas e sucuris, resultando em prejuízos significativos para os produtores rurais.

Onças, principalmente as pintadas e pardas, são as que mais causam danos, atacando principalmente bezerros e vacas. Estima-se que, em regiões de alta densidade desses felinos, as perdas anuais podem chegar a 5% do rebanho, representando milhões de reais em prejuízos. Já as sucuris, comum em áreas alagadiças como o Pantanal, atacam principalmente animais jovens, sufocando-os antes de engoli-los. Embora esses casos sejam menos frequentes, também impactam a produtividade.

Um desses exemplos foram os dados divulgados pela Fazenda Roncador, uma das maiores do Brasil. Só em 2021, onças-pintadas abateram 1.831 bezerros de uma das maiores fazendas agropecuárias do país, que fica em Querência (MT). Pelerson Penido Dalla Vechia, o dono da fazenda de 147 mil hectares, sendo 72 mil hectares de mata nativa ou área de preservação, diz que o aumento de mortes de bezerros é um indicador da qualidade da biodiversidade das matas da propriedade porque a onça está no topo da cadeia alimentar.

Além das perdas diretas, os produtores enfrentam custos adicionais com medidas de proteção, como cercas mais resistentes, monitoramento noturno e até realocação de pastagens. Algumas fazendas investem em técnicas de coexistência, como a criação de “áreas de escape” para o gado e até mesmo programas de compensação por animais perdidos, em parceria com organizações ambientais.

Apesar dos desafios, especialistas destacam que o equilíbrio entre produção e conservação é possível, desde que haja políticas públicas eficientes e incentivos para práticas sustentáveis. Enquanto isso, a pecuária brasileira segue buscando soluções para reduzir os impactos da fauna silvestre sem comprometer a biodiversidade, mantendo sua posição como líder global no setor.

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