Enrugamento das folhas de soja no PR são avaliados pela Embrapa

Problema voltou a atormentar os mesmos produtores que há cinco anos registram o encarquilhamento em suas lavouras. Apesar de não ter uma solução, entidade já consegue dizer o que não é, e o que deve ser feito.

Um velho transtorno continua a tirar o sono dos produtores de soja do Paraná e São Paulo ano após ano: o encarquilhamento, ou enrugamento de folhas. O problema é recorrente e com o passar do tempo amplia o tamanho da área afetada. Produtores reclamam de perda de produtividade e falta de solução. Embrapa vai até algumas áreas para pesquisar, não encontra razões, mas já descarta algumas possibilidades.

A deformação das folhas de soja, como se fosse um enrugamento, tem se tornado muito comum em algumas propriedades. Conhecido também como encarquilhamento o problema aparece depois da germinação e estabelecimento normal das plantas e reduz o crescimento vegetativo. “Em alguns casos as plantas se mantém reduzidas até o fim do ciclo. Em outros casos, as folhas novas retomam crescimento normal”, conta o engenheiro agrônomo, Carlos Bakes, que atende casos como estes há pelo menos cinco anos, na região de São Pedro do Ivaí (PR).

Os sintomas são de deformações semelhantes às causadas por viroses ou herbicidas, com engrossamento e deformação de folhas e legumes, poucos grãos e plantas que permanecem verdes, confundindo até com ”soja louca”, explica Bakes.

Em 2016, o engenheiro agrônomo já havia relatado o problema para a equipe do Projeto Soja Brasil (leia a matéria), que além de expor o caso também buscou ajuda da Embrapa Soja para tentar entender o ocorrido. Na época a entidade foi até algumas propriedades para fazer testes e pesquisas. Neste ano, os relatos voltaram a acontecer na mesmas áreas e apesar de a Embrapa ainda não saber exatamente o que causa o problema e a solução, deu dicas sobre o que já foi descartado.

“Nossas pesquisas sobre o caso ainda não indicaram nada em definitivo. Entretanto, um fato curioso chamou a atenção: a maioria dos casos relatados e pesquisados aconteceu em solos provenientes do basalto. Se isso se confirmar mostrará relação com a formação geológica”, conta Marco Antonio Nogueira, pesquisador na área de fertilidade e microbiologia do solo da Embrapa.

Embora não saibam a causa, algumas razões já podem ser descartadas, garante a Embrapa. lembrando que vários motivos podem levar ao encarquilhamento da soja e alguns já foram descartados:

1 – Toxicidade de manganês: não é isso que está ocasionando o problema, pois os teores encontrados no solo e nos tecidos das plantas não são suficientes para causar esta toxicidade. Além disso, os sintomas encontrados se diferem deste tipo de intoxicação;

2 – Deficiência de zinco: as plantas analisadas com o problema estão com a quantidade correta de suficiência;

3 – Teor de Boro: os estudos da Embrapa não identificaram deficiência dele nas plantas;

4 – Trips e Ácaros: segundo a entidade não foram eles os responsáveis pelo problema, Não havia vestígios de suas incidências. Além disso, apesar de os ácaros causarem encarquilhamento, os sintomas são um pouco diferentes;

5 – Soja Louca 2: esta doença causa um tipo de encarquilhamento sim, mas os sintomas apresentados nas lavouras pesquisadas eram bem diferentes, inclusive no caule da planta;

6 – Tempo frio: vários testes realizados na Embrapa Soja mostraram que esta não é a razão para tal sintoma, as plantas testadas por lá não apresentaram este enrugamento;

7 – Nematoides: nenhum dos nematoides comumente encontrados foram capazes de gerar estes efeitos nas plantas.

Segundo a Embrapa, apesar de não terem descoberto ainda a razão para o encarquilhamento das folhas de soja, o fato de descartar algumas suposições já evita com que o produtor gaste seus recursos de maneira inadequada para tentar resolver o problema. Vale ressaltar que em muitos casos, ao chegarem ao estágio reprodutivo, as plantas diminuem os sintomas e as lavouras finalizam corretamente.

“Até o momento não há consenso sobre a causa do enrugamento nas folhas de soja, Continua a dificuldade na identificação de possíveis agentes causadores e sintomas e não há indicação de estratégias de manejo para evitar o problema”, diz o pesquisador Nogueira. “Estamos tentando ajudar os produtores, que ao ouvirem suposições acabam gastando dinheiro em medidas pouco efetivas. O correto é continuar observando e anotando tudo, tamanho da área, época que surgem os sintomas, nutrientes do solo, aplicações, etc. Anotem tudo, pois depois é mais fácil procurar uma solução.”

FONTE: Embrapa

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