Estresse térmico no confinamento: o inimigo invisível que custa caro no cocho

O calor excessivo pode ser silencioso, mas seus efeitos são devastadores para o desempenho e a rentabilidade do confinamento

O calor excessivo dentro de um sistema de confinamento pode ser silencioso, mas seus efeitos são devastadores. Queda no consumo de ração, perda de peso, piora da conversão alimentar, aumento da mortalidade e perda de rendimento de carcaça são apenas alguns dos prejuízos causados pelo estresse térmico.

Neste artigo, você vai entender o que é o estresse térmico, como ele afeta o desempenho dos bovinos e o que pode ser feito para preveni-lo, mesmo em sistemas simples.

1. O que é estresse térmico em bovinos?

O estresse térmico ocorre quando o animal não consegue dissipar o excesso de calor corporal e sofre alterações fisiológicas para tentar se adaptar.

Isso acontece quando:

  • Temperatura ambiente alta (acima de 29 °C)
  • Umidade relativa elevada (acima de 60%)
  • Baixa ventilação
  • Radiação solar direta sem sombra

Indicador técnico:
O índice THI – Índice de Temperatura e Umidade acima de 72 já representa risco de estresse para bovinos.

2. Sintomas visíveis nos animais:

  • Aumento da frequência respiratória (> 60 rpm)
  • Salivação excessiva
  • Língua de fora
  • Animais ficam mais tempo em pé
  • Redução no consumo de ração
  • Agitação ou apatia

3. Impactos no desempenho e rendimento:

Redução do GPD (Ganho de Peso Diário)

  • Estresse térmico pode reduzir o GPD em até 30%
  • Animais priorizam dissipar calor e comem menos

Piora da conversão alimentar

  • Mesmo comendo menos, o boi ganha menos ainda → piora na CA

Perda de rendimento de carcaça

  • Animais estressados têm menor deposição de gordura
  • Piora o acabamento e o rendimento final (↓ RC%)

Aumento de morbidade e mortalidade

  • Casos mais graves podem levar à morte súbita, principalmente em animais de alto desempenho (efeito conhecido como “sacrifício metabólico”)

4. Estratégias para combater o estresse térmico

Sombreamento

  • Árvores, telhas metálicas com forro térmico ou sombrite 80%
  • Priorizar áreas de cocho, bebedouro e descanso
  • Sombras móveis são alternativa barata

Ventilação e nebulização

  • Exaustores ou ventiladores em sistema intensivo
  • Nebulização fina com controle (sem excesso de umidade)
  • Evita superaquecimento, principalmente em horas críticas (11h–16h)

Ajustes na dieta

  • Aumentar densidade energética → animal come menos, mas mantém desempenho
  • Uso de gordura protegida, bicarbonato de sódio e aditivos para controle do pH ruminal
  • Oferecer cocho mais à noite ou cedo pela manhã (animais comem mais no frescor)

Manejo tranquilo

  • Evitar movimentações, vacinação e manejo durante as horas quentes
  • Trabalhar cedo ou no fim da tarde
  • Reduzir permanência no curral de manejo

5. Exemplo prático de impacto financeiro:

Antes do calor intenso:

  • GPD: 1,6 kg/dia
  • CA: 6:1
  • Custo da arroba produzida: R$ 250

Durante o estresse térmico:

  • GPD caiu para 1,1 kg/dia
  • CA subiu para 8,5:1
  • Custo da arroba subiu para R$ 310

Resultado: o lucro da operação evaporou com o calor.

Conclusão

O estresse térmico é um fator silencioso, mas altamente prejudicial no confinamento. O bom desempenho depende do conforto térmico do animal, especialmente em sistemas de alta densidade.

Mesmo pequenos ajustes, como sombra sobre o cocho e manejo em horários frescos, podem fazer a diferença no bolso do produtor.

Confinar é intensificar e intensificar exige controle.

Não subestime o calor: ele pode custar mais caro que a própria ração.

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