Estudo revela os benefícios da utilização de biossoluções na cadeia de valor agrícola no Brasil

Estudo da Novozymes revela os benefícios da utilização de biossoluções na cadeia de valor agrícola no Brasil

Se as soluções apresentadas no estudo fossem utilizadas na produção brasileira, gerariam um acréscimo anual de 9 milhões de toneladas métricas de ração animal proteica, 6 bilhões de frangos, 1,8 bilhão de litros de biodiesel e 3 bilhões de litros de etanol.

Além de mais produtividade e a não utilização de novas áreas de produção, estudo mostra que biotecnologia aplicada à produção agrícola poderia evitar a emissão de aproximadamente 25 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente (_CO2_e).

A preocupação com o meio ambiente e a busca por soluções com menor impacto ambiental vêm crescendo nos últimos anos. Saber como as biossoluções funcionam e seus benefícios às cadeias produtivas é fundamental para o desenvolvimento de uma economia mais sustentável. Um estudo desenvolvido pela Novozymes, líder mundial em biotecnologia, revela em números o possível impacto positivo da adição de biossoluções na cadeia de valor agrícola (produção agrícola, pecuária e bioenergia). O levantamento tem como base a produção de um hectare no Brasil e é chamado de “Estudo do Hectare Desbloqueando potenciais produtivos no mesmo espaço de terra com biossoluções no país”.

O estudo considerou duas safras no ano, uma de soja e outra de milho. No modo convencional de produção, sem o uso de biossoluções, um hectare, de acordo com uma produção extraída dos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), consegue produzir soja e milho para alimentar 2.340 frangos até a fase adulta (cerca de um ano) e fornecer óleo de soja para a produção de 746 litros de biodiesel. Se biossoluções (enzimas e microrganismos) forem utilizadas no processo produtivo, é possível alimentar 2.400 frangos por hectare sem alterar a quantidade inicial de ração, e a produção de biodiesel chegaria a 790 litros. Além disso, a utilização de inoculantes aumentaria a produtividade das lavouras. d

O milho adicional, por exemplo, poderia ser usado para a produção de 83 litros de etanol à base de amido. A soja proveniente da produção deste hectare poderia ser utilizada para a produção de 224 kg de ração rica em proteínas. Além disso, a utilização de biossoluções no processo gera economia na aplicação de nitrogênio e de fósforo devido ao uso de microrganismos (respectivamente o Bradyrhizobium e o Pseudomonas fluorescens) que solubilizam os nutrientes, o que facilita a absorção das plantas tornando-as mais produtivas.

A adoção de biossoluções, considerando-se todos esses processos, geraria, por hectare/ano, uma redução total nas emissões de gases do efeito estufa (GEE) de 1 tonelada métrica de dióxido de carbono
equivalente (CO2e – medida internacional que tem a finalidade de estabelecer a equivalência entre todos os GEE e o dióxido de carbono (CO2)).

Se as biossoluções apresentadas no estudo fossem aplicadas a todas as áreas de soja do Brasil – fazendo rotação de milho e tendo como base a criação anual brasileira de cerca de 6 bilhões de frangos – a produção de biocombustíveis poderia ter um incremento de 1,8 bilhão de litros de biodiesel e 3 bilhões de litros de etanol. Além disso, este acréscimo de produção de grãos também possibilitaria a
fabricação de 9 milhões de toneladas métricas de ração animal proteica. Isso resultaria em uma economia total de gases do efeito estufa (GEE) de aproximadamente 25 milhões de toneladas métricas de equivalentes de CO2e – como se fossem retirados 10 milhões de carros das ruas por ano. Esse acréscimo seria resultado apenas da substituição ou adição de biossoluções nos processos atuais, sem incluir novas áreas de cultivo ou espaços pecuários.

“Mudanças como a proposta no documento mostram como a biotecnologia pode contribuir para alcançar as recomendações da FAO para a agricultura e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Se as biossoluções forem aplicadas a toda a cadeia de valor agrícola, elas podem contribuir para mitigar as mudanças climáticas, (ODS 13), produzir mais energia renovável (ODS 7), combater a fome (ODS 2) e gerar empregos e crescimento econômico (ODS 8)”, comenta Angela Fey, gerente de Sustentabilidade da Novozymes na América Latina.

Que complementa, “sabemos que a biotecnologia tem a chave para enfrentar alguns dos maiores desafios do mundo e, como líder global, estamos comprometidos em ajudar a construir um futuro mais
sustentável”.

Sistema utilizado no estudo

O estudo tomou por base o sistema convencional. Nele, a soja e o milho (safrinha) são cultivados em um hectare de terra e utilizados como ração para a produção de frangos para consumo humano. A soja é
processada e transformada em farelo de soja (_soybean meal_, do inglês: SBM) e óleo de soja degomado. O SBM é utilizado com o milho para produção de ração animal e o óleo é matéria-prima para fabricação de biodiesel.

Produção e processamento de soja e milho

As produtividades de soja e milho safrinha usadas no estudo foram documentadas em 2021 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que são, respectivamente: 3,5 toneladas/ha e 4 toneladas/ha. Estudos de campo demonstram que ao se utilizar _Bradyrhizobium japonicum
_(OptimizePro®) no cultivo da soja tem-se um aumento médio de 6% de produtividade por hectare. Já o maior rendimento da produção de milho a partir do uso de _Azospirilum sp._ (AzoMax®) é de 4,6% por hectare. Sendo assim, a utilização de biossoluções nestes cultivos é de 3,7 toneladas/ha para soja e 4,2 toneladas/ha para a safrinha de milho.

Uma vez que os inoculantes que utilizam bactérias do gênero Bradyrhizobium auxiliam na captação de nitrogênio, além de alcançar maior produtividade, o produtor rural pode diminuir a utilização de
fertilizantes nitrogenados em até 25%, reduzindo a emissão de 236 kg CO2 por hectare.

Após a colheita, a soja será transformada em farelo de soja e óleo de soja. Uma fábrica de processamento de soja, em média, extrai 20% de óleo da quantidade de grãos disponíveis para moagem, sendo o restante do SBM redirecionado para ração animal. O óleo passa pelo processo de degomagem para aumentar a sua estabilidade de transporte e armazenamento.

Produção de aves

Levando-se em consideração as estimativas de produção da Conab, um hectare alimenta aproximadamente 2.340 frangos até a fase adulta. Porém, ao se utilizar o sistema biotecnológico com a aplicação de enzimas alimentares como a Ronozyme® ProAct, é possível aumentar a absorção de proteína pelo frango. Esta adição aumentaria a taxa de absorção da proteína em 2,5%, permitindo que a produção de frangos por hectare seja aumentada em 60 aves, o que possibilitaria produzir 2.400 frangos com a produção de grãos em um hectare. No estudo usou-se a metodologia de peso médio por frango de 2,5 kg.

O acréscimo na produção de frango obtido com enzimas alimentares também contribui para a redução nas emissões de GEE associadas à produção de um frango, uma economia de GEE de 403 kg de  CO2e. O
estudo adicionou, nesta etapa, o Ronozyme® HiPhos à ração, que possibilitou uma melhor absorção de fósforo, resultando em uma redução de 53,6 kg de CO2e as emissões de GEE.

Produção de etanol e biodiesel

O rendimento adicional de milho (aprox. 213 kg/ha) foi destinado à produção de etanol à base de amido, processo que também gera o DDGS, uma ração animal rica em proteínas utilizada na criação de ruminantes. Neste processo, em que foram utilizados os bioinsumos Innova® Force e Fortiva® Revo HPX, ocorre conversão enzimática do amido em açúcares e a posterior fermentação em álcool (etanol).

Tanto no cenário convencional quanto no biotecnológico do estudo, foi considerada a produção de biodiesel a partir da via química. Porém o diferencial foi a produção adicional da soja, que representa um aumento de aproximadamente 45 litros de biodiesel.

O levantamento baseia-se na literatura científica dos últimos 20 anos e em relatórios detalhados com verificação de terceiros (seguindo as normas ISO para avaliação do ciclo de vida ambiental).

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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