EUA buscam acesso a terras raras do Brasil em meio a tensões comerciais

Diplomatas americanos pressionam por parcerias em minerais estratégicos, enquanto governo Lula ameaça retaliar tarifas de Trump com firmeza

Em meio a crescentes tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o governo americano demonstra interesse estratégico em um recurso vital para a indústria de alta tecnologia: as terras raras. Durante reunião com empresários brasileiros, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, William Popp, afirmou que Washington busca “acesso seguro” a minerais críticos do Brasil, essenciais para a produção de eletrônicos, armamentos e energias renováveis.

Essa mensagem foi transmitida a representantes do setor de mineração brasileiro, em reunião na quarta-feira, pelo encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. Ele é o principal representante dos EUA em Brasília, já que a representação americana no país está sem embaixador. As informações foram divulgadas pelo jornal O GLOBO.

O movimento ocorre no mesmo momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensifica suas críticas às tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre exportações brasileiras de aço e alumínio, prometendo uma resposta firme.

embate entre lula e trump - brasil vs eua
Foto: Divulgação

“Eu sou bom de truco”: Lula desafia Trump

Em discurso recente, o presidente brasileiro deixou claro que não aceitará as medidas americanas sem reagir. “Se nós não dermos a resposta dia 1º, ele vai taxar o nosso comércio em 50%. Vou contar uma coisa para vocês. Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. E se ele estiver trucando, ele vai tomar um seis”, afirmou Lula, em tom desafiador.

A declaração, que faz analogia ao jogo de cartas, sinaliza que o Brasil pode adotar medidas de retaliação, possivelmente afetando exportações americanas ou até mesmo a cooperação em setores estratégicos, como os minerais críticos.

O que são terras raras?

Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos — como neodímio, ítrio e lantânio — cruciais para a fabricação de ímãs poderosos, baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e componentes de smartphones e mísseis. Apesar do nome, não são necessariamente “raras” na natureza, mas sua extração e processamento são complexos e ambientalmente custosos. Hoje, a China domina cerca de 80% do mercado global, o que levou os EUA e aliados a acelerarem a busca por fontes alternativas — como o Brasil, que possui uma das maiores reservas mundiais, principalmente em áreas como o Amazonas e Goiás.

Tensões comerciais e o jogo geopolítico

A aproximação americana ocorre em um cenário de atrito. Além das tarifas impostas por Trump, os EUA tentam garantir acesso a recursos essenciais para sua indústria de defesa e transição energética.

Analistas veem a pressão por terras raras como parte de uma estratégia dos EUA para reduzir a dependência da China, mas também como uma tentativa de reforçar laços com o Brasil em meio ao conflito comercial. No entanto, as declarações de Lula indicam que o país não cederá facilmente sem contrapartidas.

O Brasil no centro da disputa

Especialistas alertam que o Brasil pode se tornar um ator central na guerra por minerais críticos. “Quem controla as terras raras controla o futuro da tecnologia limpa e da defesa”, afirma Claudia Safatle, especialista em comércio internacional.

O governo brasileiro, no entanto, ainda não definiu se priorizará parcerias com os EUA, a China ou mesmo uma estratégia soberana de industrialização desses recursos. Enquanto isso, o mercado observa: as tensões comerciais podem acelerar — ou inviabilizar — um acordo que moldará a economia das próximas décadas.

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