EUA retiram tarifa de 40% sobre o café brasileiro e evitam perda bilionária ao setor

A medida, anunciada nesta quinta-feira (21), evita um impacto que poderia chegar a US$ 3 bilhões na balança comercial brasileira.

Em uma decisão que trouxe alívio ao agronegócio brasileiro, o governo dos Estados Unidos finalmente suspendeu a tarifa de 40% aplicada sobre o café verde do Brasil. A medida, anunciada nesta quinta-feira (21), evita um impacto que poderia chegar a US$ 3 bilhões na balança comercial brasileira ao longo de um ano.

A conquista foi resultado de intensa articulação do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) e da BSCA, em conjunto com autoridades brasileiras e importadores americanos.

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Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a tarifa vinha colocando o Brasil em uma “condição extremamente desvantajosa e muito preocupante”. Ele destaca que o cenário era grave:
“Os Estados Unidos representam algo na ordem de 2 a 2,5 bilhões de dólares para as exportações de café do Brasil e, nos últimos três meses, a nossa queda tinha sido de 50%.”

Risco de perda de 80% do mercado americano

Com a manutenção da tarifa, o Brasil temia perder mais 30% do mercado, chegando a um total de 80% de retração. Isso representaria, segundo Ferreira, uma queda imediata de US$ 2 bilhões apenas nas exportações para os Estados Unidos.

Além disso, o Brasil já enfrentava dificuldades em outros destinos devido ao aumento dos diferenciais aplicados ao café brasileiro — os chamados descontos sobre a bolsa. Essa pressão, combinada à desvantagem competitiva nos EUA, poderia gerar um prejuízo adicional de US$ 1 bilhão no mercado global.

“Estávamos falando de algo próximo a 3 bilhões de dólares de queda na balança comercial no espaço de um ano”, enfatiza o presidente do Cecafé.

Estoques zerados nos EUA e preocupação com blends

A ausência de café brasileiro já era sentida no mercado norte-americano, onde os estoques haviam chegado a zero. Para Ferreira, isso agravava o risco de substituição do produto nacional nos blends:
“A ausência de café brasileiro nos blends era extremamente preocupante.”

Diplomacia ativa e união institucional foram decisivas

Ferreira destacou o papel do governo brasileiro nas negociações, especialmente da Presidência da República, do vice-presidente Geraldo Alckmin, do chanceler Mauro Vieira e da embaixada em Washington.

Ele também reconheceu o engajamento de importadores americanos e entidades locais:
“Foi um trabalho incansável da NCI e dos nossos parceiros nos Estados Unidos, que atuaram para que tivéssemos condições de igualdade com as demais origens.”

Próxima pauta: tarifa sobre o café solúvel

Com a vitória sobre o café verde, o setor agora concentra esforços na retirada da tarifa sobre o café solúvel, que representa cerca de 10% das exportações brasileiras aos EUA.

“Já estamos debruçados para trabalhar também no solúvel. Existe um consenso para que as tarifas sejam retiradas urgentemente”, afirmou Ferreira. Ele destacou ainda o impacto social do segmento: “Para cada emprego gerado pelo café em grão, três ou quatro são gerados pelo solúvel.”

Fortalecimento da imagem do café brasileiro

O presidente do Cecafé defende que o episódio reforça a importância de investir em promoção e marketing internacional:
“Se o café do Brasil fosse tão conhecido numa embalagem final, talvez não tivéssemos chegado a esse ponto.”

Um momento de união para o setor

Apesar das tensões das últimas semanas, Ferreira encerrou sua fala com otimismo:
“Saímos preocupados, mas também com a indicação de que a solução poderia ser breve. A experiência mostra que, unidos, podemos fazer melhor daqui para frente.”

A suspensão da tarifa marca um passo importante para a estabilidade das exportações brasileiras de café — um produto que permanece no centro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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