
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros já pressiona o bolso dos americanos, e o café, principal importação do Brasil, aparece como a maior vítima dessa medida
O presidente americano Donald Trump admitiu, em conversa com Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira (6), que os Estados Unidos já sentem os efeitos da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, com destaque para o café. A informação foi divulgada pela BBC News Brasil.
A medida, implementada em agosto, provocou aumentos expressivos nos preços da bebida. Em setembro, o café registrou sua maior alta mensal em 14 anos, com avanço de 3,6%, e acumula alta anual de 20,9%, muito acima da inflação americana, que gira em torno de 2,9%. Trata-se do maior aumento anual no preço da commodity desde 1997.
Impacto direto para o consumidor
Especialistas afirmam que a tarifa recai principalmente sobre os consumidores americanos. “A exclusão do café da lista de exceções surpreendeu, porque penaliza diretamente famílias e estabelecimentos. O maior prejudicado é o consumidor”, avalia Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.
Com o Brasil respondendo por cerca de 30% das importações de café verde dos EUA, a substituição por outros fornecedores não é imediata e dificilmente atenderia ao mesmo volume. Segundo Barabach, isso abre caminho para que, em breve, o café seja incluído na lista de produtos isentos da sobretaxa.
Risco de desorganização global
Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, reforçou à CNN que a continuidade da sobretaxa pode gerar “um grande desarranjo no mercado mundial do café”. Segundo ele, a elevação dos preços nas bolsas de US$ 2,70–2,80 para quase US$ 3,60 por libra-peso já reflete a pressão sobre a cadeia. “Se não houver avanço nas negociações, o mercado internacional ficará mais instável, com preços imprevisíveis e alta constante”, alertou Matos.
EUA: o maior consumidor global
Os Estados Unidos são o maior importador e consumidor mundial de café, além de principal destino do produto brasileiro. Segundo a Associação Nacional de Café dos EUA, dois terços dos adultos americanos bebem café diariamente, com consumo médio de três xícaras por pessoa. Desde 2020, o consumo total cresceu 7%, enquanto o de cafés especiais aumentou 18%.
Apesar do alto consumo, a produção interna é limitada a regiões tropicais restritas, como Havaí, Porto Rico e pequenas áreas do sul da Califórnia, incapazes de suprir as aproximadamente 450 milhões de xícaras consumidas diariamente pelos americanos. O descompasso entre oferta e demanda torna o país especialmente vulnerável a alterações no comércio internacional, como a recente sobretaxa sobre produtos brasileiros.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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