
Nova tarifa norte-americana gera preocupação e levanta dúvidas sobre futuras sanções
A Casa Branca anunciou, no dia 6 de agosto, o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos provenientes da Índia, conforme informou o relatório de fertilizantes semanal da StoneX, empresa global de serviços financeiros. A nova taxação entra em vigor no próximo dia 27 e deverá reduzir a competitividade dos produtos indianos no mercado norte-americano, penalizando importadores dos EUA e exportadores da Índia.
Segundo o analista de Inteligência de Mercado, Tomás Pernías, essa ordem executiva tem gerado preocupações no mercado de fertilizantes, por representar um sinal de que a Casa Branca está monitorando fluxos comerciais que beneficiam a Rússia. O Brasil, vale lembrar, é um grande comprador de fertilizantes fabricados e vendidos pela Rússia.
“De acordo com a Casa Branca, a implementação dessa tarifa se deve ao fato de que a Índia está importando, direta ou indiretamente, petróleo e derivados da Rússia, contrariando os esforços internacionais para pressionar economicamente a Rússia em resposta à guerra na Ucrânia”, explica Pernías.
Relação Brasil e Rússia
Em 2024, por exemplo, 53% das importações brasileiras de MAP — um fosfatado amplamente utilizado no país — foram fornecidas pela Rússia. Da mesma forma, 39% das importações de cloreto de potássio, no mesmo ano, tiveram origem russa.
“Além disso, o Brasil também importou volumes significativos de ureia da Rússia. Esses dados evidenciam a forte dependência brasileira de mercadorias russas nos segmentos de nitrogenados, fosfatados e potássicos, o que torna difícil a substituição por outras origens com capacidade semelhante de fornecimento”, ressalta Pernías.
Segundo o analista de Inteligência de Mercado, até o presente momento não há indícios de que países que importam fertilizantes russos estejam na mira de novas sanções. A tarifa sobre a Índia, conforme a ordem executiva da Casa Branca, está diretamente ligada às compras realizadas de petróleo e derivados russos do país asiático.
Ainda assim, a importância estratégica da Rússia como fornecedora global de fertilizantes e a falta de avanços para um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia alimentam receios de que, no futuro, os EUA possam passar a considerar também as aquisições de fertilizantes russos como motivo para novas tarifas ou sanções a outros países.
“É importante lembrar que os Estados Unidos também são grandes importadores de fertilizantes russos. Entre julho de 2024 e junho de 2025, estima-se que aproximadamente 35% das importações de ureia dos EUA tenham vindo da Rússia. Para o cloreto de potássio, os envios da Rússia representam quase 10% das importações norte-americanas. Esses fluxos de comércio mostram que os Estados Unidos também dependem de produtos russos para abastecer seu mercado doméstico e, portanto, as relações comerciais entre EUA e Rússia no mercado de fertilizantes não favorecem a hipótese de que novas sanções sejam anunciadas pela Casa Branca com o objetivo de prejudicar países importadores desses insumos”, pontua Pernías.
Sendo assim, caso os Estados Unidos adotem tarifas sobre suas importações de fertilizantes russos, os preços dessas matérias-primas – como a ureia e o cloreto de potássio – poderiam se elevar no mercado americano, que precisaria buscar origens alternativas para suprir a demanda doméstica. “Essa elevação nos custos dos fertilizantes, e seu potencial repasse para os preços de commodities agrícolas, tenderia a impactar negativamente a competitividade dos produtos americanos, assim como sua participação no mercado exportador internacional”, conclui o analista.
VEJA MAIS:
- Com fortuna de US$ 7 bilhões, a mulher mais rica do agro vive sem “ostentar”
- Gigante do agro, Bayer demite 12.000 funcionários em meio a crise com herbicida
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.