Evolução das forrageiras transformou pecuária de corte

Plantas forrageiras desenvolvidas por pesquisadores da Embrapa nos últimos anos trazem mais ganhos para a pecuária de corte; confira os números

A pecuária bovina no Cerrado evoluiu para o uso predominante de pastagens cultivadas e hoje o produtor tem acesso a um maior leque de espécies forrageiras adaptadas aos diversos ambientes e recomendadas para diferentes sistemas de produção.

No entanto, quando comparado o potencial produtivo das cultivares lançadas há mais tempo com aquelas mais recentes desenvolvidas pela Embrapa, o resultado em ganho de peso de bovinos em recria pode ser muito diferente. Por exemplo, a BRS Paiaguás, lançada em 2013, proporcionou um ganho de peso por animal 63% superior ao conseguido pela BRS Piatã (2006) no período da seca, ambas cultivares de Brachiaria brizantha. Entre cultivares de Panicum maximum, o híbrido BRS Quênia (2017) propiciou aumento de até 18% no ganho de peso dos animais em relação ao Mombaça (1993).

Os dados foram apresentados por Gustavo Braga, pesquisador da Embrapa Cerrados, durante uma palestra virtual. Segundo o pesquisador, os ensaios experimentais comparativos entre as cultivares foram conduzidos entre dois e três anos e por isso são dados bastante consistentes.

Em mais uma comparação entre cultivares de Panicum maximum, bovinos da raça Nelore mantidos em pastagens de BRS Tamani apresentaram melhor desempenho (11%) em relação ao capim Massai durante o período das águas. Ao longo do ano, a BRS Tamani propiciou 9% a mais em ganho de peso vivo por hectare.

Entre os novos materiais, Braga destacou as características de cinco espécies desenvolvidas pela Embrapa: as cultivares de gramínea BRS Paiaguás, BRS Ipyporã, BRS Zuri, BRS Tamani e BRS Quênia e a cultivar de leguminosa BRS Bela (Stylosanthes guianensis).

Braga também mostrou duas áreas – uma cultivada com BRS Paiaguás solteiro e outra com a cultivar consorciada com a BRS Bela. O ganho de peso dos bovinos em recria mantidos no consórcio foi cerca de 88% superior em relação à pastagem solteira durante o período da seca (maio a setembro). A BRS Bela é indicada para consórcios com gramíneas e, dentre os seus maiores benefícios, o pesquisador cita o aumento do valor nutritivo da dieta animal no período de déficit de forragem, o que impacta positivamente no desempenho animal.

Além disso, ele explica que durante a pesquisa para o desenvolvimento de uma nova espécie forrageira, busca-se uma série de características gerais, como produção, qualidade, resistência a pragas e doenças, adaptação e persistência, além de facilidade de manejo. Em casos mais específicos, o desenvolvimento de novas forrageiras é direcionado para características desejáveis que incluem seu uso como capineira, silagem, sistemas agrícolas, pastagens consorciadas, bancos de proteína, entre outros.

Dessa forma, a adoção de cultivares mais novas não traz grande impacto no custo da atividade, mas pode trazer uma grande diferença no desempenho do rebanho. O pesquisador explica: “O custo das sementes na formação ou renovação da pastagem é relativamente baixo em relação ao custo total, que envolve maquinário, mão-de-obra, corretivos, fertilizantes, entre outros. Custo de 10% a 15% no máximo. Portanto, mesmo se considerarmos um maior preço da semente das cultivares mais novas, os ganhos produtivos com o uso dos novos materiais no decorrer dos anos compensam muito em relação aos materiais mais antigos”, afirma o pesquisador.

As novas cultivares vão acumulando tecnologia em suas sementes, o que pode garantir maiores ganhos para os pecuaristas. “As novas cultivares podem proporcionar um benefício fantástico para o setor, e foram lançadas para atender as diferentes demandas do setor produtivo. Por outro lado, trazem mais desafios para os técnicos e profissionais do setor, na recomendação acertada de cada cultivar para as diferentes condições e circunstâncias existentes”, ressalta.

Conheça as últimas cultivares de forrageiras para pastejo desenvolvidas para o Cerrado

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