Setores comemoram avanço diplomático, mas aguardam detalhes técnicos para medir impacto real do corte de tarifas pelos EUA no comércio bilateral
A decisão do governo dos Estados Unidos de reduzir tarifas sobre carne bovina, café, frutas e açaí brasileiros movimentou imediatamente o agronegócio nacional. A ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, nesta sexta-feira (14), foi recebida como um gesto concreto de reaproximação comercial entre os dois países e um possível início da descompressão das barreiras tarifárias impostas nos últimos anos.
Embora ainda faltem detalhes técnicos sobre a extensão dessa redução, entidades representativas dos setores de café e proteína animal enxergam a medida como um marco diplomático relevante, capaz de redesenhar o fluxo de exportações para o mercado norte-americano — um dos mais estratégicos para o agro brasileiro.
Abertura comercial em movimento: o que muda com a ordem assinada por Trump para a carne e café
A nova ordem executiva determina a redução — com efeito retroativo — das tarifas aplicadas a produtos agrícolas, incluindo carne bovina, café, frutas, tomates e bananas. Nos últimos anos, as exportações brasileiras enfrentaram sobretaxas que chegavam a 50%, pressionando a competitividade do país.
No caso do café, os produtores lidam com duas tarifas distintas: a tarifa base de 10% e a tarifa adicional de 40%, vinculada ao Artigo 301. A grande dúvida, agora, é: a redução vale para qual tarifa? Para uma ou para ambas? Essa resposta determinará o impacto real sobre os embarques brasileiros.
Café: principal produto afetado vê oportunidade estratégica
Os Estados Unidos são o maior comprador do café brasileiro, o que explica a reação imediata do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). O presidente da entidade, Márcio Ferreira, destacou que a análise está em andamento:
“O Cecafé está em contato com seus pares americanos para analisar cuidadosamente a situação e entender o cenário que se apresenta.”
Ferreira reforçou que o setor trabalha com cautela até que sejam divulgados os percentuais exatos de redução tarifária, ponto que definirá quanto o Brasil poderá ganhar em competitividade no maior mercado importador do planeta.
Carne bovina: setor vê avanço real e chance de recuperar espaço perdido
Para a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), a medida representa uma guinada importante após anos de restrições. O presidente da entidade, Roberto Perosa, classificou a redução tarifária como “sinalização clara de abertura para negociação”:
“É uma medida positiva do governo americano, que indica disposição de avançar nas conversas. Agora é aguardar os desdobramentos técnicos e diplomáticos.”
Segundo Perosa, a mudança pode recolocar rapidamente a carne brasileira em condições justas de competitividade no mercado americano — especialmente para produtos como dianteiro, carne moída, hambúrgueres e processados, que atendem diretamente à demanda da indústria dos EUA.
Ele também destacou o papel das conversas recentes entre os governos de Lula e Trump, que teriam destravado pontos sensíveis e acelerado a reaproximação comercial.
Impacto imediato: Brasil pode recuperar espaço nas gôndolas americanas
Com tarifas menores, o Brasil volta ao radar de compradores norte-americanos que buscam carne bovina com bom preço, volume e consistência, além de café com qualidade reconhecida e oferta abundante.
No caso da carne, a indústria brasileira poderá competir de forma mais equilibrada nos segmentos de maior consumo nos EUA. Já no café, a possibilidade de redução da tarifa de 40% seria um divisor de águas para impulsionar novas vendas.
A diplomacia como força motriz
Tanto Cecafé quanto Abiec apontam que o avanço diplomático recente foi determinante para a decisão norte-americana. Segundo Perosa:
“Depois do encontro presidencial, as conversas destravaram. A diplomacia avançou e a medida veio.”
Ainda é cedo para comemorar o corte de tarifas pelos EUA? Setor pede cautela
Mesmo com clima positivo, exportadores aguardam a publicação completa sobre corte das tarifas pelos EUA após ordem executiva. Detalhes sobre:
- quais tarifas serão efetivamente reduzidas;
- qual percentual será aplicado;
- se haverá distinção entre produtos;
- e a data de entrada definitiva em vigor.
Sem essas informações, o impacto real permanece indefinido.
Apesar das incertezas, o agronegócio brasileiro vê a medida como um passo importante para recuperar competitividade no maior mercado consumidor do mundo.
Se confirmada de forma abrangente, a redução tarifária pode:
- retomar o fluxo comercial direto entre Brasil e EUA,
- ampliar exportações de café e carne bovina,
- recolocar o Brasil entre os principais fornecedores do mercado americano,
- e estimular novos acordos bilaterais em 2026.
Para os setores de proteína animal e café, o recado é claro:
a porta foi aberta — agora é acompanhar os desdobramentos técnicos para saber o tamanho real dessa oportunidade.
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