
O exemplar vem da Fazenda Mãe Oxum, situada em Viamão
A Expointer 2025, que acontece de 30 de agosto a 7 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), será palco de uma estreia que promete despertar curiosidade entre produtores, técnicos e visitantes.
Pela primeira vez, o Rio Grande do Sul receberá um exemplar da raça caprina Murciana, considerada uma das mais importantes do mundo na produção de leite. O animal tem um nome curioso: Biblioteca, ou simplesmente Bibi, como é chamada no dia a dia.
Uma cabrita com nome de história
Apesar do nome inusitado, Biblioteca não é um espaço de leitura, mas sim uma cabrita leiteira de apenas três meses, de pelagem negra e comportamento extremamente dócil. Criada desde o nascimento na mamadeira, sem contato com a mãe, ela chegou de Minas Gerais para a Fazenda Mãe Oxum, localizada no distrito de Passo da Areia, em Viamão.
Seu criador, Eduardo Fagundes, explica que Bibi nasceu a partir de inseminação artificial com sêmen importado da Espanha. Hoje pesa cerca de 10 quilos, mas, quando atingir a fase adulta, deve chegar aos 40 quilos, podendo ultrapassar esse peso durante o período de lactação. “É um animal muito tranquilo, que chama atenção pela docilidade. É um prazer poder apresentar o primeiro exemplar da raça Murciana no Rio Grande do Sul justamente na Expointer”, destaca Fagundes.
Alimentação e manejo
A rotina de Bibi inclui uma ração balanceada com 18% de proteína, além de feno de alfafa sempre disponível. O sistema adotado na fazenda é o de semi-confinamento: os caprinos ficam soltos durante o dia e são recolhidos à noite. No entanto, cerca de 45 dias antes da Expointer, os animais destinados à exposição passam a ser mantidos em confinamento total, recebendo cuidados específicos para a feira.
De acordo com o criador, o bem-estar é prioridade. “Os animais não ficam amontoados. Eles dispõem de espaço suficiente para caminhar e se desenvolver com conforto”, explica.
Potencial leiteiro da Murciana
A Murciana é valorizada internacionalmente por sua alta qualidade de leite, que possui 4,5% de gordura e 3,8% de proteína, composição ideal para a produção de queijos de sabor marcante e excelente rendimento industrial. Um animal adulto chega a produzir, em média, quatro litros de leite por dia, mesmo em regiões de clima adverso.
Embora a Fazenda Mãe Oxum esteja, por enquanto, voltada apenas à comercialização de caprinos, Eduardo Fagundes já projeta expandir as atividades para a produção de leite e derivados. “Nosso objetivo é, no futuro, trabalhar com queijos finos, aproveitando o diferencial dessa raça. A Murciana tem muito a contribuir para agregar valor à caprinocultura gaúcha”, afirma.
Expansão e investimentos
A aposta no setor não para por aí. Fagundes acredita que o Rio Grande do Sul oferece condições para o crescimento da caprinocultura leiteira, e já se prepara para ampliar o rebanho. Até o final deste ano, deve adquirir mais animais, inclusive novas fêmeas Murcianas.
O plano de investimentos da Fazenda Mãe Oxum inclui infraestrutura, melhorias no manejo de pastagens e ampliação do plantel, com previsão de R$ 2,4 milhões em aportes até 2027. A Expointer, segundo o criador, será o momento estratégico para apresentar o projeto a investidores e captar a primeira rodada de capital.
A raça Murciana
Criada oficialmente em 1975, a raça Murciana é hoje considerada a mais importante cabra leiteira da Espanha, com um rebanho superior a 500 mil fêmeas registradas. Reconhecida pela pelagem em tons de preto ou mogno, destaca-se pela rusticidade e pela capacidade de produção em ambientes semiáridos, com solos pobres e baixa disponibilidade de nutrientes.
Originária das regiões de Múrcia, Almería, Granada e Alicante, no sudeste espanhol, a Murciana foi selecionada justamente pela resistência e pela constância na produção de leite, mesmo em condições de clima seco. Essa característica favoreceu sua expansão para a América Latina e para o norte da África, onde também se adaptou muito bem.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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