Exportação de gado vivo “naufragou” em outubro, mas recorde histórico está perto

Embarques recuam mais de 50% no mês, faturamento cai e Turquia domina compras; veja o panorama completo, estados líderes, preços por destino e as perspectivas para o fim do ano na exportação de gado vivo

A exportação de gado vivo — uma das atividades que mais ganharam relevância na última década dentro da pecuária nacionalapresentou em outubro um recuo expressivo e chamou a atenção do mercado. A queda abrupta dos embarques, no entanto, não anula o bom desempenho acumulado de 2025. Segundo dados analisados pela Scot Consultoria, de janeiro a outubro o Brasil enviou 847,4 mil cabeças ao exterior, mantendo-se no trilho para terminar o ano próximo ao recorde histórico de 2024.

O Compre Rural detalha os números, os principais destinos, os estados que lideram as vendas, os preços praticados e o cenário provável para novembro e dezembro — meses decisivos para fechar o ano com força.

Exportação de gado vivo recuam mais de 50% em outubro

O mês registrou uma das quedas mais fortes do ano. Foram embarcadas 60,6 mil cabeças, o que representa 54,8% de queda em relação a setembro e 45% a menos que outubro de 2024.

O impacto apareceu também no faturamento, que somou US$ 66,8 milhões, 53% abaixo do mês anterior e 29,8% inferior ao de outubro do ano passado. Os gráficos da Scot mostram claramente o descolamento de outubro, após uma sequência de meses mais firmes entre maio e setembro — período em que as exportações costumam ganhar força impulsionadas pela demanda do Oriente Médio e Norte da África.

Turquia domina e leva quase metade dos animais embarcados

A geopolítica e a necessidade de abastecimento interno mantiveram a Turquia como a maior compradora de bovinos vivos do Brasil, absorvendo 49,7% das importações de outubro. Em seguida aparecem Arábia Saudita (11,9%), Marrocos (11,4%), Iraque (7,9%), Angola (5,7%), Líbano (5,2%) e Argélia e Egito (3,9% cada). Esses destinos reforçam a importância do Brasil no fornecimento de animais para mercados que valorizam o abate halal e o melhoramento genético.

Pará segue absoluto entre os estados exportadores

Com estrutura portuária consolidada e ampla oferta de animais, o Pará manteve sua liderança em outubro, sendo responsável por 38,1% dos embarques para exportação de gado vivo. Na sequência vêm Rio Grande do Sul (16,6%), São Paulo (9,6%), Roraima (0,3%), Minas Gerais (0,1%) e Mato Grosso do Sul (0,01%). Um dado relevante é que 35,2% das cargas não tiveram origem declarada, algo comum em operações com múltiplos pontos de pré-embarque.

Preços, peso e destino: como variam os valores pagos

Os preços variam conforme o destino e a categoria dos animais, com diferenças expressivas. O Paraguai pagou os valores mais altos, chegando a R$ 523,32/kg, devido à importação de reprodutores de alto padrão genético. Na análise dos pesos médios, o Mato Grosso do Sul embarcou os animais mais pesados, com 669,7 kg por cabeça, enquanto o Rio Grande do Sul enviou os mais leves, com 287,9 kg destinados principalmente à Turquia e ao Iraque.

Na comparação entre o preço do quilo exportado e o mercado interno, a vantagem é clara. Em Minas Gerais, por exemplo, o exportador recebeu R$ 27,80/kg, enquanto o mercado doméstico pagava R$ 11,02/kg. No Pará, a exportação variou entre R$ 12,31 e R$ 13,71/kg, acima dos valores internos de R$ 10,63 a R$ 11,00/kg. Isso evidencia por que muitos pecuaristas investem no preparo de lotes destinados ao exterior.

Exportação de gado vivo representa apenas 4,5% da demanda interna de boi magro

De acordo com os dados apresentados, o Brasil abateu 39,1 milhões de bovinos em 2024, dos quais 22,3 milhões eram machos. A exportação de gado vivo representou 1 milhão de cabeças, equivalente a 4,5% da demanda anual por boi magro. Isso mostra que, apesar do crescimento desse mercado, o impacto sobre a oferta interna ainda é limitado.

Reta final: Brasil precisa exportar 152,5 mil bovinos para igualar 2024

Para fechar 2025 com o mesmo desempenho de 2024, será necessário embarcar 152,5 mil animais em novembro e dezembro. O histórico dos últimos dez anos mostra grande oscilação nesses meses, com volumes que já variaram de 11 mil a mais de 200 mil cabeças. A Scot Consultoria avalia que é possível se aproximar do número registrado no ano passado, embora superar o recorde seja improvável.

Mesmo com a desaceleração de outubro, o Brasil deve fechar 2025 com um dos maiores volumes de exportação de bovinos vivos da história, sustentado por forte demanda internacional, preços superiores aos do mercado interno e uma cadeia logística consolidada.

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