Exportações de carne bovina batem novo recorde – 314,6 mil toneladas – em setembro

A China ampliou o domínio, e EUA perdeu espaço, consolidando o Brasil como fornecedor global mais competitivo no mercado de carne bovina.

O Brasil registrou em setembro de 2025 o maior volume de exportações de carne bovina in natura da história, com 314,6 mil toneladas embarcadas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O resultado representa uma alta de 25,04% em relação a setembro de 2024, quando foram exportadas 251,6 mil toneladas, e um avanço de 17,17% frente a agosto de 2025, que havia registrado 268,5 mil toneladas. O desempenho confirma a *força e competitividade da carne bovina brasileira no mercado internacional, mesmo diante de um cenário global desafiador.

Demanda antecipada da China e nova configuração do comércio global

Dois fatores foram determinantes para o recorde. O primeiro é o feriado prolongado da Semana Dourada na China, celebrado entre 1º e 7 de outubro, que leva o país a antecipar suas compras para garantir o abastecimento durante o recesso. O segundo é a redução das importações chinesas de carne dos Estados Unidos, resultado da guerra tarifária iniciada no governo Trump, que levou à expiração de licenças de frigoríficos norte-americanos e abriu mais espaço para Brasil e Austrália no fornecimento.

Com isso, a China ampliou sua participação e reforçou seu papel como principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por uma fatia cada vez maior das exportações nacionais. Ao mesmo tempo, os EUA perderam posição entre os maiores importadores, consolidando o protagonismo do Brasil como principal fornecedor global.

Receita bilionária e valorização do produto brasileiro

Além do volume recorde, o Brasil também obteve um salto expressivo na receita. Em setembro, as exportações somaram US$ 1,76 bilhão, superando com folga os US$ 1,13 bilhão registrados no mesmo mês de 2024. A média diária de embarques ficou em 14,3 mil toneladas, enquanto o faturamento diário atingiu *US$ 80,35 milhões, um aumento de 55,6% em relação ao ano anterior.

O preço médio da tonelada exportada ficou em US$ 5.617,40, representando alta de 24,4% frente a 2024 e 0,3% acima de agosto, o que reflete tanto a maior demanda internacional quanto o reconhecimento da qualidade da carne brasileira.

Brasil se torna fornecedor indireto dos EUA por meio da “triangulação”

Outro fenômeno que reforça a presença brasileira no mercado global é a “triangulação”, também conhecida como arbitragem comercial. Países vizinhos, como o Paraguai, aumentaram em mais de 50% suas compras de carne bovina brasileira em 2025, usando o produto para abastecer seus mercados internos e, assim, exportar sua própria carne aos Estados Unidos.

Segundo Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, essa prática não infringe acordos comerciais e ajuda a manter o fluxo global de exportações, aproveitando os preços competitivos do Brasil, que estão 24% abaixo da média mundial.

Com a carne mais barata do mundo, o Brasil reafirma sua liderança como fornecedor global mais competitivo, sustentando embarques recordes mesmo diante de barreiras comerciais e tarifas adicionais impostas por alguns mercados.

Oferta elevada no ciclo pecuário e equilíbrio com demanda externa

O recorde acontece em um momento de alta oferta interna de animais para abate, resultado da liquidação de fêmeas no ciclo pecuário. Em outras circunstâncias, isso poderia pressionar os preços pagos ao produtor. No entanto, a demanda externa aquecida e o aumento das exportações têm funcionado como válvula de escape, permitindo escoamento do excedente e manutenção da rentabilidade da pecuária.

Perspectivas para os próximos meses

Com o avanço da China como principal compradora, a diversificação de mercados e o posicionamento estratégico do Brasil como fornecedor mais competitivo, o setor projeta novos recordes nos próximos meses. A expectativa é de que 2025 se consolide como um dos melhores anos da história para a carne bovina brasileira, fortalecendo o país como líder absoluto no comércio internacional do setor.

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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