
Volume embarcado e valorização do preço médio consolidam setembro como o melhor mês da série histórica das exportações de carne bovina
O mês de setembro de 2025 entra para a história da pecuária brasileira. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o país registrou recorde nas exportações de carne bovina in natura, com crescimento expressivo tanto no volume embarcado quanto na receita acumulada.
Até a quarta semana de setembro (20 dias úteis), o Brasil já havia exportado 294,7 mil toneladas, alcançando uma média diária de 14,74 mil toneladas — 22,98% superior ao observado no mesmo período de 2024. A expectativa é que, considerando os 22 dias úteis do mês, os embarques cheguem a 322,66 mil toneladas.
Além do aumento no volume, houve também valorização de 24,35% no preço médio, que atingiu US$ 5.613,25 por tonelada. Como reflexo, a receita acumulada já soma US$ 1,65 bilhão, superando todo o valor faturado em setembro de 2024. Mantido o ritmo atual, o faturamento pode alcançar US$ 1,81 bilhão até o final do mês, o que representaria uma alta de 60,21% frente ao mesmo período do ano anterior.
Oferta elevada pressiona preços internos
Enquanto o mercado externo segue aquecido, a grande oferta de bovinos prontos para o abate em Mato Grosso tem gerado impactos sobre os preços internos. Segundo o IMEA, as indústrias mantêm escalas de abate confortáveis, com média de 13,5 dias úteis, alta de 0,19% em relação à semana anterior.
Esse cenário resultou em queda de 1,09% no preço da arroba do boi gordo a prazo, que passou a ser cotada a R$ 295,00/@. O boi magro de 12 arrobas também registrou recuo, de 2,89%, sendo negociado a R$ 342,60/@, reflexo da menor procura pela categoria.
Além disso, o diferencial de base entre Mato Grosso e São Paulo se ampliou. Na parcial de setembro, a arroba mato-grossense ficou em R$ 295,98, enquanto em São Paulo alcançou R$ 312,00, uma diferença de -5,13%. Esse comportamento é explicado pela pressão da oferta, que tende a persistir até uma possível recuperação nos preços no fim do ano.
Contexto de mercado: abates e exportações
Os dados mensais do IMEA reforçam o bom desempenho do setor. Em agosto, Mato Grosso exportou 89,68 mil toneladas de carne bovina, gerando US$ 391,8 milhões em receita. No mesmo período, o estado registrou 660,74 mil cabeças abatidas, número que confirma a intensificação da atividade frigorífica.
No acumulado de 2025, observa-se crescimento no abate de machos, que chegou a 359,32 mil cabeças em agosto, enquanto o abate de fêmeas apresentou redução, totalizando 301,42 mil cabeças — movimento que reflete o momento de retenção de matrizes e ajuste no ciclo pecuário.
Perspectivas para os próximos meses
O cenário internacional continua favorável à carne bovina brasileira, impulsionado pela forte demanda da China e de outros mercados emergentes, além da competitividade do produto nacional frente a outros exportadores. A combinação entre maior volume exportado e preços mais altos garante um excelente desempenho da balança comercial do setor.
Por outro lado, o mercado interno segue pressionado por oferta elevada e custos de produção elevados, o que exige atenção do pecuarista nas estratégias de comercialização e nas relações de troca com o bezerro — que se manteve em 1,91 cabeças por boi gordo, segundo o IMEA.
A expectativa é que o último trimestre do ano traga ajuste positivo nos preços da arroba, especialmente com o avanço das exportações e a redução gradual da oferta de animais terminados.
Resumo dos principais indicadores (set/2025):
- Preço boi gordo a prazo (MT): R$ 295,00/@ (-1,09%)
- Preço boi magro (12@): R$ 342,60/@ (-2,89%)
- Escala de abate: 13,50 dias úteis (+0,19%)
- Exportações (parcial set/25): 294,7 mil t (+22,98%)
- Preço médio exportado: US$ 5.613,25/t (+24,35%)
- Faturamento acumulado: US$ 1,65 bi (projeção: US$ 1,81 bi)
- Diferencial de base MT-SP: -5,13%
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