Tarifa imposta por Trump derruba embarques e México assume segunda posição no ranking das exportações de carne bovina do Brasil
As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos devem registrar uma forte retração em setembro, caindo para 7 mil toneladas, conforme estimativa do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa. O anúncio foi feito após sua participação no 5º Fórum Pecuária Brasil, realizado em São Paulo pela Datagro.
O movimento confirma a rápida mudança de cenário. Em agosto, os embarques somaram 9 mil toneladas, já bem abaixo das 30 mil toneladas de julho. A queda está diretamente ligada à decisão do governo norte-americano de aplicar uma tarifa adicional de 40% sobre a carne bovina brasileira a partir de 6 de agosto, elevando a carga tributária total para 76,4%.
Segundo Perosa, a mudança pesa no caixa das indústrias nacionais. “A perda do nosso segundo maior mercado faz a diferença”, disse. Ainda assim, ele destacou que, mesmo com a taxação elevada, parte das exportações continua ocorrendo devido à competitividade conquistada pelo Brasil.
O mercado norte-americano vinha em expansão para a carne brasileira, sobretudo pela demanda por “carne magra”, produto mais barato e essencial na produção de hambúrgueres, justamente a categoria em que o Brasil tem grande capacidade de fornecimento. Com a nova barreira tarifária, entretanto, o México ultrapassou os EUA e assumiu a segunda posição entre os maiores importadores da proteína nacional.
Já a China mantém a liderança absoluta, reforçando seu papel como destino central da pecuária brasileira. Em agosto, o país asiático importou 158,42 mil toneladas, avanço de 47,8% em relação ao mesmo mês de 2024.
A mudança no fluxo do comércio expõe o impacto das decisões políticas no setor e reforça a necessidade de diversificação de mercados para reduzir a dependência brasileira de poucos compradores estratégicos. Para a indústria, a perda de espaço nos EUA representa mais do que um obstáculo momentâneo: é um alerta sobre os riscos da volatilidade comercial em tempos de disputas geopolíticas e seus impactos nas exportações de carne bovina.
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