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Extraído do caranguejo, produto eficiente contra pragas da lavoura

Um produto eficiente e prático, de fácil aplicação, desenvolvido pela Embrapa Clima Temperado (RS), está em fase de testes e promete facilitar a vida dos agricultores na hora de proteger suas plantações contra pragas e doenças, além de reduzir o uso de agrotóxicos. Trata-se de um filme protetor à base de quitosana que é pulverizado sobre a planta. A tecnologia foi testada inicialmente em fruteiras de clima temperado como pêssego, maçã, pera, citros e também feijão.

O produto tem apresentado resultados promissores na indução da resistência a doenças e pragas das plantas, com a grande vantagem de que novas moléculas podem ser adicionadas ao filme para aumentar o seu potencial de atuação. A quitosana é a estrutura molecular que forma a carapaça de crustáceos como siris e caranguejos.

A aplicação é simples e conhecida pelo agricultor. Utiliza-se um pulverizador tratorizado que aplica o produto de maneira aérea sobre a planta, atingindo as folhas, ramos ou frutos. Após secagem rápida, o filme fitoprotetor forma uma película brilhante, flexível e porosa que mantém íntegras as partes da planta e pode ser ingerida pelo consumidor, pois não é tóxica. Além disso, não há penetração do biomaterial no fruto.

Diferentemente de outras pesquisas tecnológicas com a utilização de filmes, até o momento esse é o único produto para pulverização foliar, em avaliação a campo. Sua maior vantagem, além do efeito da quitosana sobre as doenças, é o seu poder indutor de resistência sistêmica da planta. O filme é fotoprotetor, com bloqueio de raios de luz das faixas UV-B e UV-C, biodegradável e de baixo custo.

Como a película não bloqueia radiação solar nas regiões do azul e do vermelho, ela não afeta os processos de fotossíntese e pode ser usada como recobrimento fotoprotetor de folhas em qualquer tipo de cultura, desde a convencional até a orgânica. A tecnologia apresenta ainda resistência à chuva e a temperaturas de até 60°C.

Foto: Paulo Lanzetta
Foto: Paulo Lanzetta

Formulação

O filme protetor é um líquido formulado em diferentes diluições de soluções ácidas, que podem ser combinadas com outras substâncias, e forma uma película protetora na superfície das folhas, ramos ou frutos. Ele utiliza uma substância chamada quitosana, um polissacarídeo amino derivado da quitina, uma das moléculas mais abundantes na natureza, depois da celulose.

A quitosana pode ser extraída do exoesqueleto de insetos, crustáceos e da parede celular de fungos. Por se tratar de uma substância renovável, e por isso abundante, tem sido proposta como um material potencialmente atraente para diversos usos e funções.

Produto permanece até 30 dias na planta

A expectativa é que a utilização de filmes à base de quitosana na agricultura possa aumentar a eficácia dos agrotóxicos, racionalizar seu uso e manter eficiência no controle de pragas. De acordo com a pesquisadora Ângela Diniz Campos, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do filme, como a aderência à planta é bastante resistente, as chuvas não alteram o seu efeito. “Por isso, a necessidade de reaplicações é menor, pois o produto se mantém por até 30 dias aderido à planta”, diz a pesquisadora.

 

Próximos passos

Há a necessidade, ainda, de estudos que verifiquem se o filme sofre a degradação por micro organismos a campo. Outro ponto importante é saber quanto tempo o produto se mantém na superfície das plantas, qual o número de redução das aplicações e também em que período, após um novo crescimento da planta, é possível realizar reaplicações ou como lidar com contaminações ambientais. É necessário verificar a eficiência da ação fotoprotetora em outras culturas e realizar testes com produtos fotossensíveis, permitindo assim, aumentar o leque de possibilidades para utilização desse produto.

Fonte embrapa.br

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