
Financiamentos rurais alcançam R$ 570,7 bilhões na safra 2024/25, perto do teto previsto pelo governo
A temporada 2024/25 de financiamentos rurais foi encerrada com a movimentação de R$ 570,7 bilhões em operações contratadas pelos produtores, segundo dados do Banco Central repassados ao Ministério da Fazenda. O montante, que inclui recursos oriundos das tradicionais linhas de crédito rural e das Cédulas de Produto Rural (CPRs) vinculadas a fontes como LCAs e poupança rural, corresponde a 97,5% do valor inicialmente projetado pelo governo federal (R$ 584,61 bilhões).
Desse total, R$ 66,9 bilhões foram direcionados ao Pronaf, voltado à agricultura familiar, enquanto R$ 503,8 bilhões contemplaram médios e grandes produtores, por meio de programas como o Pronamp e demais linhas empresariais.
Segundo Gilson Bittencourt, subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, nunca houve um aproveitamento tão próximo entre o valor anunciado e o volume efetivamente aplicado. No entanto, ele reconheceu que as linhas tradicionais de crédito rural apresentaram retração: foram contratados R$ 389,3 bilhões dos R$ 476 bilhões disponíveis, o equivalente a 81,8%.
Essa redução, no entanto, foi compensada pelo avanço das operações com CPRs, cujo volume estimado já atingiu R$ 168,4 bilhões até maio, com tendência de superar R$ 180 bilhões ao fechamento dos dados de junho. Desde março, o ritmo mensal de liberações se manteve em torno de R$ 20 bilhões.
Bittencourt refutou críticas de que o Plano Safra não foi executado conforme previsto. “Os recursos foram utilizados, ainda que de maneira diferente. Onde não houve contratação via crédito rural tradicional, houve por meio de CPRs”, disse, em resposta às acusações feitas por representantes da bancada ruralista.
Recursos limitados e orçamento ajustado
Diante das críticas de que o novo Plano Safra 2025/26 teve crescimento aquém da inflação, o subsecretário explicou os limites estruturais enfrentados pelo governo. O aumento de apenas 1,7% em relação à safra anterior, chegando a R$ 594,4 bilhões, não reflete desinteresse, mas sim a falta de espaço fiscal e de funding disponível. “Não podemos criar dinheiro do nada. Trabalhamos com o que é possível dentro da realidade orçamentária”, afirmou.
Do total previsto para 2025/26, R$ 516,2 bilhões serão destinados à agricultura empresarial. No entanto, apenas R$ 113,8 bilhões contarão com subsídios diretos (recursos equalizados), o que gerou reação negativa de entidades como a Frente Parlamentar da Agropecuária, que acusou o plano de ser mais “publicitário” do que funcional.
Em contrapartida, Bittencourt destacou que a maior parte do montante tem participação do Estado, seja por meio de isenções tributárias, seja por obrigatoriedade de direcionamento dos recursos, como no caso das LCAs, que responderão por R$ 328,7 bilhões. Ele reforçou: “Mesmo onde há taxa de mercado, há incentivo estatal envolvido. Apenas R$ 27,1 bilhões são recursos inteiramente livres, sem qualquer intervenção pública.”
Reorganização dos repasses para reduzir custos
Para viabilizar o Plano Safra dentro do orçamento de 2025, o governo adotou uma divisão inédita no repasse dos recursos equalizados: cerca de 80% para custeio e 50% para investimentos serão liberados até dezembro, utilizando um orçamento previsto de R$ 1,3 bilhão para o próximo ano, valor já assegurado.
Essa mudança evita a necessidade de suplementação orçamentária imediata e permite ao governo equilibrar os gastos ao longo de dois anos. Caso o modelo anterior fosse mantido, seria necessário um aporte extra de R$ 1,05 bilhão já em 2025, com impacto potencial de elevação do custo total do programa para até R$ 15 bilhões.
Segundo Bittencourt, esse escalonamento também permite reduzir o custo do crédito, uma vez que a expectativa é que a taxa Selic continue caindo. “Se o produtor contratar uma operação em 2026 com juros mais baixos, o governo também paga menos. Isso não é manobra fiscal. A contratação será feita apenas no momento em que houver previsão orçamentária real”, afirmou.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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