Fazendas verticais: tecnologia em busca de segurança alimentar

As fazendas biodinâmicas têm alguns traços comuns com a agricultura orgânica, como a diversificação e integração das explorações vegetais.

Já pensou em uma plantação na qual os alimentos são cultivados em camadas, sobrepostas uma sobre as outras e não lado a lado? Para ser ainda mais diferente, essa lavoura não fica no campo, e sim em prédios e galpões nas cidades e em seus arredores. Essa é a descrição básica de uma fazenda vertical, onde os alimentos são cultivados em ambientes fechados e com uso intensivo de tecnologia, visando garantir uma produção mais estável e consumir até 95% menos água do que a lavoura tradicional.

Há de se pontuar os tipos de fazenda, para entender as diferenças encontradas neste tipo conhecido como vertical. Podendo ser classificadas como: tradicionais, hidropônicas, orgânicas, biodinâmicas e verticais, as fazendas são propriedades com estruturas destinadas à produção de alimentos e/ou criação de animais. As fazendas tradicionais cultivam poucas espécies, podendo ser até mesmo uma só cultura, empregando alta tecnologia, procurando-se obter a máxima produtividade e o mais elevado padrão de qualidade. Representam o modelo mais tradicional de produção agrícola.

Já as fazendas hidropônicas apresentam como uma de suas características a forma de cultivo que não requer a utilização de solo. O método utilizado consiste no cultivo de plantas imersas em uma solução nutritiva, com ou sem substrato, fornecida às plantas em um fluxo contínuo ou intermitente.

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Foto: Divulgação

Diferente das citadas, as fazendas orgânicas cultivam hortaliças, temperos e ervas medicinais – respeitando o equilíbrio biológico da natureza, sem o uso de agrotóxicos e de maneira ecologicamente correta.

As fazendas biodinâmicas têm alguns traços comuns com a agricultura orgânica, como a diversificação e integração das explorações vegetais, animais e florestais. Entretanto, apresentam dois pontos que as diferem: efetuam as operações agrícolas (plantio, poda, raleio e outros tratos culturais e colheita) de acordo com o calendário astral e usam preparados biodinâmicos, que são substâncias de origem mineral, vegetal e animal, altamente diluídas.

E, por fim, as fazendas verticais, objeto desta pauta. Elas são classificadas em três tipos:

  • I – cultivo de plantas dentro de armazéns, galpões ou edifícios, com canteiros de um ou vários andares, e com o uso de luz artificial, que funcionariam como estufas de grande dimensão;
  • II – cultivo em telhados de prédios antigos ou novos, tantos comerciais como residenciais;
  • III – edifício específico, considerado visionário, de vários andares.

Na produção das fazendas verticais, o primeiro aspecto analisado está ligado à cultura em si e à sua variedade e proteção. As fazendas verticais, por terem a característica de serem células climáticas, podem ser adaptadas para uma ampla variedade de culturas. Segundo especialistas, este ambiente controlado permite uma grande variedade de culturas que podem ser produzidas o ano todo e praticamente em qualquer região, além de estarem protegidas de efeitos climáticos, como inundações e secas.

Como o ambiente é fechado e controlado, a entrada de insetos não é permitida, tornando a fazenda vertical uma cultura orgânica. Entretanto, esse isolamento traz questões como a ausência de polinização por seus agentes naturais. A polinização não se mostra como um problema em algumas culturas de plantas frondosas, como alfaces, ervas ou outros vegetais folhosos especiais em um ambiente controlado e livre de insetos. No entanto, já para as culturas frutíferas, como a de berinjelas, de morangos e de tomates, são alguns exemplos que requerem trabalho manual para a sua realização.

O uso e aproveitamento da água é outro aspecto analisado no âmbito das fazendas verticais. No ciclo de desenvolvimento da planta, cerca de 98 % da água absorvida pela planta 3 é perdida nos seus processos de exsudação, gutação e transpiração. A recuperação média da água usada no cultivo e lavagem de bancadas, é de aproximadamente 95% de um cultivo em campo aberto e se consegue recuperar mais de 20% de um cultivo hidropônico. Sabe-se que o uso de água é 70% menor em comparação ao campo aberto das fazendas tradicionais. As fazendas verticais têm baixo consumo de água, utilizando cerca de 10% da água necessária para uma fazenda tradicional, sendo que toda a água doce antes de entrar na fazenda vertical é tratada, removendo-se todos os contaminantes, garantindo-se, assim, uma ótima qualidade da água.

Há quem diga que a ideia das fazendas verticais vem do tempo dos Jardins Suspensos da Babilônia, mas seu conceito atual foi proposto em 1999 pelo professor universitário Dickson Despommier. Na época, seus alunos da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia (Estados Unidos) o desafiaram a abordar uma solução mais animadora para os danos causados à saúde pelas mudanças ambientais.

Segurança Alimentar

Nas fazendas verticais, os alimentos são cultivados em ambientes fechados, com controle de luz, temperatura, água e, muitas vezes, dos níveis de dióxido de carbono, fatores que, combinados, aumentam bastante sua produtividade. As plantas são empilhadas em fileiras verticais que atingem alturas de até 10 metros.

Um diferencial é o uso da iluminação artificial (com LEDs, por exemplo). Ela ajuda a estender as horas de luz natural do dia, o que aumenta ainda mais a saúde, a taxa de crescimento e o rendimento das plantas. Além disso, permite aumentar a disponibilidade das culturas ao longo do ano.

Por aumentar a produtividade em áreas reduzidas, as fazendas verticais são consideradas uma das soluções para aumentar a produção de alimentos. Expandir as operações agrícolas é essencial para alimentar uma população mundial que deverá ultrapassar 9 bilhões de pessoas até 2050 – ano em que duas em cada três pessoas no mundo devem estar vivendo em áreas urbanas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Depois da colheita, esse tipo de cultivo nas cidades traz outras vantagens: os alimentos chegam mais frescos aos supermercados e, porque viajam menos, colaboram com a redução das emissões de gás carbônico.

Portanto, produzir verduras e legumes frescos nas cidades, é uma maneira de atender à crescente demanda global por alimentos de maneira ambientalmente responsável e sustentável, reduzindo a necessidade de transporte, fornecendo produtos com mais nutrientes e economizando água.

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