Crime brutal chocou Goiás: Jefferson Cury, de 83 anos, foi executado em sua fazenda; herança estimada em R$ 1 bilhão seria transferida para holding que excluía os filhos da sucessão
A Polícia Civil de Goiás prendeu os dois filhos do fazendeiro e empresário Jefferson Cury, de 83 anos, sob suspeita de terem planejado e mandado matar o próprio pai. O crime ocorreu na noite de 28 de novembro de 2023, em Quirinópolis (GO), e teria sido motivado por interesses financeiros relacionados a uma herança estimada em R$ 1 bilhão. As informações foram confirmadas pelo delegado Adelson Candeo e fazem parte da Operação Testamento, que já prendeu seis pessoas.
O assassinato ocorreu um dia antes de Cury assinar um novo testamento, que transferiria oficialmente seus bens para uma holding — da qual os filhos, Fernando Alves Cury e Eduardo Alves Cury, não fariam parte.
Plano de matar pai fazendeiro começou com tentativa de interdição judicial
Segundo a investigação, 60 dias antes do assassinato, os filhos entraram com um pedido de interdição judicial contra o pai, alegando incapacidade de gestão. A liminar foi negada. Após o fracasso, eles teriam dado sequência ao plano de homicídio. O delegado revelou ainda que, em uma reunião com o pai, os filhos chegaram a ameaçar o advogado da vítima, alertando que “algo muito ruim iria acontecer” caso não fossem tomadas providências.
Além dos filhos, foram presos um corretor de imóveis e três funcionários da fazenda — um casal de caseiros e o filho deles, afilhado da vítima. A polícia ainda busca identificar o executor dos disparos, um pistoleiro que continua foragido.
Crime ocorreu na fazenda e teve requintes de frieza
Cury foi morto com um tiro no rosto por volta das 22h20, em uma de suas propriedades rurais, às margens da GO-206. O advogado que o acompanhava foi baleado na cabeça, mas sobreviveu com sequelas. Um dos suspeitos teria dito logo após os disparos: “Agora a dívida está paga”, em referência a um débito de R$ 1,7 milhão que o filho do caseiro tinha com o fazendeiro.
Logo após o crime, enquanto a Polícia Militar ainda registrava a ocorrência, um dos filhos já estava assinando documentos do inventário, evidenciando a pressa dos suspeitos em garantir acesso ao patrimônio do pai. Nenhum dos filhos compareceu ao velório.

Interesse bilionário e a participação de cúmplices
A herança disputada por Fernando e Eduardo já havia sido parcialmente dividida em 2016, com a morte da mãe dos acusados, quando cada filho recebeu cerca de R$ 169 milhões. Ainda assim, os dois teriam arquitetado o assassinato por desejarem o restante da fortuna.
O corretor de imóveis preso na operação teria interesse direto na venda das terras e lucros projetados de até R$ 50 milhões. Segundo a polícia, ele já havia faturado R$ 12 milhões em outra negociação semelhante. Armas de fogo do mesmo calibre usado no crime foram encontradas na casa de Fernando Cury, um dos filhos presos.
Operação Testamento e próximos passos
A Operação Testamento cumpriu 14 mandados de prisão e busca nos estados de Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Até o momento, seis pessoas foram detidas, e o inquérito deve ser concluído em até 30 dias. A Polícia Civil trabalha com quebra de sigilo bancário e telefônico para aprofundar a apuração e identificar o autor dos disparos.
O caso, pela frieza e o grau de planejamento, foi comparado pelo delegado a crimes emblemáticos como o de Suzane von Richthofen, embora com características mais “intelectualizadas”.
“Jefferson Cury era um homem simples, que valorizava o trabalho e o dinheiro. Bebia cerveja barata, levava uma vida humilde, apesar do patrimônio bilionário. Infelizmente, foi vítima da ganância de seus próprios filhos” — concluiu o delegado Adelson Candeo.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.