Fim da vacina contra aftosa vai criar caos na pecuária, diz pecuarista

“Vão pôr todo o Brasil em risco, não só a pecuária”, adverte grande pecuarista brasileiro em vídeo divulgado em grupos de WhatsApp; E você, qual sua opinião?

O governo federal pretende anunciar em 2026 o fim da obrigatoriedade da vacina contra febre aftosa em todos os estados brasileiros. Em maio deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou a suspenção da vacina contra febre aftosa no Distrito Federal e em seis Estados a partir de janeiro de 2023. Entretanto, para alguns pecuaristas, a atitude pode trazer um caos não só para a pecuária, mas para todo o país!

“Vão pôr todo o Brasil em risco, não só a pecuária”, é o que prevê o pecuarista Elói Gonçalves Júnior, dono de fazendas em São Paulo e Mato Grosso. Pronunciamento foi feito em vídeo (abaixo) divulgado em grupos de WhatsApp. Confira o vídeo e as informações sobre a retirada da vacinação. Qual a sua opinião sobre o tema?

O governo federal pretende anunciar em 2026 o fim da obrigatoriedade da vacina contra febre aftosa em todos os estados brasileiros. A afirmação foi feita, pelo ministro da Agricultura, Marcos Montes, em vídeo exibido no Fórum Pecuária Brasil realizado pela consultoria Datagro.

Alguns grupos de pecuaristas pelo país, tem discordado sobre a retirada, solicitando queo MAPA tome uma atitude, já que o risco é grande para a pecuária, como o que aconteceu com a Indonésia neste ano.

Produtor rural há 40 anos, Elói Gonçalves Júnior, considera um grande risco para o país o caminho do cronograma do programa de suspensão da vacina enquanto toda a América do Sul não estiver em igual condição sanitária.

Ainda segundo ele, “Querem criar um caos [na pecuária e no setor de carne bovina], disse Elói ao AGROemDIA. O pecuarista defende mudanças no cronograma do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) e a manutenção da vacinação.

Um cenário caótico se prenuncia no horizonte da pecuária brasileira com a retirada total da vacinação contra febre aftosa até 2026, visando obter o reconhecimento internacional do país como livre da doença sem imunização.

Segundo ele, a cadeia de produção da carne bovina, não terá grande impacto com a retirada, tendo em vista o tamanho do mercado que não é cliente do país. “O mercado que será aberto, quando formos 100% livre de vacinação, não representa 2% do nosso mercado. É só Japão e Coreia do Sul [que importam carne apenas de países livres de aftosa sem imunização]. O restante está comprando.”

Retirada da vacinação começa em 2023

A partir de 2023, os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins e o Distrito Federal não terão mais a vacinação obrigatória contra a febre aftosa. A suspensão será possível após uma série de ações sanitárias desenvolvidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com os Estados no âmbito do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE/PNEFA), desde o ano de 2017.

Situação do Bloco IV

Na organização do PE/PNEFA 2017-2026, o Ministério da Agricultura dividiu os estados brasileiros em blocos com características similares com a finalidade de alcançar maior objetividade na implementação das metas. O Bloco IV, em que está inserido Goiás, é integrado por dez Unidades Federativas mais o Distrito Federal. Nesse bloco, os estados de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe terão de manter a vacinação obrigatória, porque não alcançaram a pontuação estabelecida pelo Mapa no cumprimento das metas sanitárias.

Mesmo obtendo a condição de suspender a vacinação, os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins e o Distrito Federal ainda precisam manter as ações sanitárias que darão suporte à retirada da vacina. Juntos, essas sete Unidades Federativas contabilizam um rebanho superior a 113 milhões de bovinos e bubalinos e respondem pela maior parte das exportações brasileiras de carne.

Em uma fase posterior, o Ministério da Agricultura irá reconhecer nacionalmente essas Unidades Federativas como livres de aftosa sem vacinação e encaminhar processo para o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Considerando todos os estados brasileiros, a partir do próximo ano, ficarão livres de vacinação obrigatória contra aftosa um total de 13 estados (veja mapa). Desse grupo, os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rondônia, Acre e parte do Amazonas já são classificados como livres de aftosa sem vacinação, tanto pelo Mapa quanto pela OIE.

Já os estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Distrito Federal terão a vacinação suspensa, mas ainda precisarão obter o reconhecimento nacional e internacional de livres de aftosa sem vacinação.

A Febre Aftosa é uma enfermidade viral, muito contagiosa, de curso agudo, que afeta todos os animais biangulados (duas unhas) e se caracteriza por febre e formação de vesículas na boca, focinho, espaço inter digital e teta. É transmitida de um animal para outro principalmente pelas vias respiratórias e também, por alimentos e água contaminada.

O trânsito de animais contaminados é a forma mais comum de se espalhar a doença. Febre alta, dificuldade de comer, aftas na boca, nas tetas e entre os cascos são alguns dos estragos que a doença provoca nos animais.

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