A série histórica do BC tem início em 1982. Até agora, a maior saída líquida mensal de dólares da história tinha sido registrada em setembro de 1998.
As turbulências no mercado financeiro no fim do ano passado fizeram o Brasil registrar, em dezembro, a maior saída mensal de dólares da história. No mês passado, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 26,41 bilhões, resultado da saída de R$ 28,861 bilhões via conta financeira e da entrada de US$ 2,45 bilhões via conta comercial, divulgou nesta quarta-feira (8) o Banco Central (BC).
A série histórica do BC tem início em 1982. Até agora, a maior saída líquida mensal de dólares da história tinha sido registrada em setembro de 1998, no início da crise da Rússia, quando US$ 18,919 bilhões haviam deixado o país.
Para conter a disparidade entre oferta e demanda de dólares, o BC interveio no mercado, utilizando mais de 8% das reservas internacionais do país. O dólar mais valorizado preocupa em relação ao repasse de preços e seu impacto na inflação. O economista alerta que esse efeito já está sendo observado, especialmente em bens industrializados e alimentos.
A reação do mercado veio com o aumento dos juros futuros e a reestimativa das projeções de inflação. Lula contribuiu para isso ao atacar agressivamente o presidente do Banco Central (BC). O dólar subiu. As expectativas se desancoraram.
Caiu a ficha da insustentabilidade fiscal e das respectivas incertezas no mercado financeiro. O gatilho foi, entre outros motivos, a redução das metas de resultado primário, o que provocou a percepção da incapacidade da União de estabilizar e depois reduzir a relação entre a dívida pública e o PIB, que mede a solvência do setor público.
Em relação ao saldo de 2024, o fluxo cambial fechou o ano com saldo negativo de US$ 18,014 bilhões. Essa foi a terceira maior saída líquida desde 1982, só perdendo para 2019, quando US$ 44,768 bilhões haviam deixado o país, e para 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, quando o fluxo tinha ficado negativo em US$ 27,923 bilhões.
Em todo o ano passado, US$ 87,214 bilhões saíram do país via conta financeira. Na conta comercial, entraram US$ 69,2 bilhões. Tanto os montantes de entrada quanto os de saída foram recordes na série histórica com início em 1982. Tradicionalmente, o fluxo comercial registra dados positivos por causa do superávit da balança comercial.
Na semana passada, de 30 de dezembro a 3 de janeiro, o fluxo cambial registrou saldo negativo de US$ 5,602 bilhões bilhões, resultado da saída de US$ 6,353 bilhões via conta financeira e da entrada de US$ 752 milhões via conta comercial.
Prévia
As relações monetárias e financeiras entre residentes e não residentes são medidas pelo balanço de pagamentos, divulgado no fim de cada mês pelo Banco Central. O fluxo cambial, no entanto, funciona como uma prévia dos números, ao contabilizar adiantamentos de contratos de câmbio e pagamentos antecipados.
O fluxo cambial é composto de duas partes: o fluxo comercial, que mede o fechamento de câmbio para exportações e importações, e o fluxo financeiro, que mede investimentos em empresas, empréstimos e transações no mercado financeiro. Os dados do Banco Central mostram que, no ano passado, a fuga de dólares ocorreu no canal financeiro.
Mundo observa crise fiscal
Este cenário de incerteza foi noticiado pela imprensa internacional nesse último final de semana. Veículos de renome, como o Financial Times e a The Economist, destacaram os desdobramentos do temor fiscal no país, refletido na forte desvalorização do real e nas ações do governo para lidar com os desafios econômicos.
Enquanto o país tenta equilibrar crescimento econômico e estabilidade fiscal, o impacto desses fatores no longo prazo permanece uma questão central para analistas nacionais e internacionais.
O Financial Times destacou o “Medo no mercado: insuficiência fiscal do Brasil leva moeda a novas mínimas” e apontou que o presidente Lula “enfrenta o maior desafio de seu terceiro mandato como líder”. Já o The Economist explicou o porquê a moeda brasileira está despencando e como a política monetária e fiscal estão em conflito direto.
Por outro lado, o Wall Street Journal deu destaque a crise cambial que tem forçado o presidente Lula “a fazer o impensável: cortar gastos”. “Moeda brasileira atinge o menor nível em 30 anos após gastos acelerados com pensões e serviços sociais!, destacou o jornal americano.
O jornal ABC News mostrou que “o real brasileiro caiu para seu nível mais fraco contra o dólar desde sua introdução em 1994, minado pela frustração dos investidores com os esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter os gastos públicos”.
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