Formação de cartel faz preço dos fertilizantes disparar

Segundo o novo Presidente da Aprosoja Brasil, a formação de cartel, e não guerra, é a grande responsável pela alta dos fertilizantes; Preços subiram 350% segundo entidade.

Ele que participou da fundação da Aprosoja Paraná em 2013, José Sismeiro, que é um grande produtor rural, também deu um exemplo pessoal sobre a escalada de preços dos insumos para a produção agrícola e falou sobre as próximas pautas da entidade. Segundo o novo Presidente da Aprosoja Brasil, a formação de cartel, e não guerra, é a grande responsável pela alta dos fertilizantes; Preços subiram 350% segundo entidade.

O produtor rural paranaense José Eduardo Sismeiro assumiu, no dia primeiro de junho, de forma interina, a presidência da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). Natural de Goioerê, Sismeiro tem 54 anos, é filho de comerciantes e agricultores e produtor rural desde 2002. Cultiva soja, milho e trigo nos municípios de Goioerê, Juranda e Manoel Ribas.

O preço dos principais fertilizantes teve um reajuste de mais de 350%, saindo de uma média de 350 dólares por tonelada, na safra passada, para 1,3 mil dólares por toneladas na safra deste ano, segundo divulgado pela Aprosoja/MT.

A entidade sugeriu à Frente Parlamentar da Agropecuária que cobre explicações das empresas pelo “reajuste inexplicável” e que pode trazer prejuízos à população, como o risco de gerar o desabastecimento de alimentos no mercado mundial. 

Em entrevista a uma rede de televisão, Sismeiro, disse ver com muita tristeza empresas de fertilizantes estarem fazendo isso – aumento abusivo de preços dos insumos – não apenas com o produtor rural, mas com toda a população.

“Os insumos, os fertilizantes, têm um custo muito elevado e são uma porcentagem muito grande do nosso custo final para produzir alimentos. Essas empresas estão tendo lucros de 300% e estão divulgando isso como se fosse uma vitória. Acredito que temos de dar voz a essas empresas para que elas digam o porquê isso está acontecendo. Se a história for essa mesmo [a formação de cartel] vejo como uma coisa criminosa“, disse o presidente durante a entrevista.

Esse impacto no aumento dos preços, conforme Fernando Cadore, presidente da entidade, não será sentido apenas pelo produtor rural, mas também vai afetar o consumidor final, o cidadão, que terá menos alimentos nas prateleiras do supermercado. Como Brasil e Mato Grosso são grandes produtores, o efeito pode ter escala global.

O produtor rural paranaense José Eduardo Sismeiro assume APROSOJA BRASIL

“Sugerimos, nesta semana, à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que acione o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), cobrando explicações das empresas sobre o reajuste no preço considerado pelo setor produtivo como “abusivo e inexplicável” ou mesmo como “formação de cartel”, ou seja, com intuito de gerar lucro às poucas indústrias que atuam no país”, afirma Cadore. 

Alta dos fertilizantes e lucro recorde das empresas

Além do cloreto de potássio (KCL), que variou de 350 para 1,3 mil dólares por tonelada de uma safra para a outra, o fosfato monoamônico, conhecido pela sigla MAP, saiu de um média de preço de 480 dólares para 1,4 mil dólares por tonelada da safra anterior para a atual. Frente à situação, a Aprosoja-MT alerta que os valores atuais são “impraticáveis” e devem inviabilizar a produção agrícola no Brasil. 

“Precisamos que o CADE e a nossa bancada parlamentar nos ajudem a encontrar explicações, porque foi um reajuste de quase 4 vezes, que não se justifica pelo aumento no preço dos combustíveis, além disso, queremos compartilhar com as indústrias de fertilizantes as possíveis consequências de um desabastecimento mundial de alimentos”, afirma Cadore.

Em relação às empresas, a americana Mosaic, uma das maiores fornecedoras de fertilizantes do mundo, registrou lucro líquido de US$ 1,18 bilhão no primeiro trimestre deste ano, resultado 653% superior ao do mesmo período de 2021, conforme relatado pela imprensa nacional.

Prioridades da Aprosoja Brasil

Ainda segundo, o Sismeiro, durante a entrevista, ele listou e falou sobre as atuais pautas prioritárias da Aprosoja Brasil e das Aprosojas estaduais, enfatizando que o papel da entidade é defender o produtor rural diante das suas necessidas.

“Já tivemos, no começo deste ano, a primeira assembleia, e definimos a pauta prioritária, que é em relação aos defensivos, o PL dos Defensivos, relatado pelo deputado federal do estado do Paraná, o Luiz Nishimori, além de regularização fundiária e ambiental, ou seja, temos uma série de pautas que estamos seguindo”, comentou ele.

Outro ponto, como o Plano Safra, que está na iminência de ser lançado, vem sendo discutido junto aos representantes na Câmara e Governo, afim de tentar mitigar as dificuldades para a nova safra.

Foto: Divulgação

Mudanças na Classificação da Soja

O novo modelo apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem gerado um debate entre os diferentes agentes da cadeia. Entre as mudanças pedidas está a revisão de conceito e da tabela apresentada de tipos de soja destinada à indústria.

Uma modificação defendida pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) é, justamente, a classificação dos tipos. A norma proposta pelo Ministério apresenta cinco tipos de soja, tendo como base a porcentagem total de grãos avariados — leva em consideração o somatório de soja queimada, ardida e mofada. Para ser classificado como tipo 1 a soja deverá ter apenas 8% de avariados. No tipo 2 o total é 10%; no 3, 12%; no 4, 16%; e no 5, 18%.

Os produtores defendem que na maioria dos casos de avarias, os grãos não perdem seu potencial. “Na verdade o que os produtores querem é que seja valorizado este grão que hoje é considerado avariado, que é considerado estragado. O que a gente tem demonstrado cientificamente é que essa soja tem valor igual ou até maior do que a própria soja padrão do ponto de vista de qualidade e dos teores de proteína”, argumenta o consultor da Aprosoja Mato Grosso, Wanderlei Guerra.

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