Frango de granja x frango caipira: mitos e verdades

Podemos citar como exemplo o frango que é comprado de granja ou o caipira, você sabe a diferença?

Na hora da escolha de que alimento levar para casa é comum algumas dúvidas surgirem ao consumidor. Com a variedade e as grandes opções que se encontram disponíveis para a compra nem sempre ficam claras as diferenças entre os produtos, que muitas vezes passam despercebidas.

“A diferença entre o frango caipira e o frango de granja está no manejo do sistema de produção”.

Verdade!

Na granja, os frangos são alojados em gaiolas dispostas em galpões. Ou seja, trata-se de um sistema confinado, em que as aves são alimentadas à base de rações que contêm, principalmente, milho.

Frangos caipiras, por sua vez, beneficiam-se de maior liberdade. Nesse caso, passam grande parte de sua vida em “terreiros”, espaços abertos, como pastos, a fim de que possam expressar seu comportamento natural.

Como são criadas “soltas”, alimentam-se de outros produtos, além das rações, como gramas, frutas, hortaliças encontradas no local.

Frango de granja x frango caipira- mitos e verdades 2
Foto: Divulgação

“A carne de frango de granja tem muito mais hormônio que a carne de frango caipira”.

Mito!

Frangos, como qualquer outro animal, possuem hormônios naturais, a fim de desempenharem suas funções vitais, como reprodução e crescimento. E esses hormônios são os mesmos, seja em aves de granja ou caipiras.

Esse mito referente à adição de hormônios em frangos de granja ainda persiste, em razão do rápido crescimento e do aumento expressivo da massa muscular desses animais.

No entanto, tais resultados devem-se aos avanços na avicultura, notadamente em técnicas de melhoramento genético e de nutrição, com o aprimoramento das rações.

Mas por que as empresas investem em frangos de granja, em detrimento das galinhas caipiras? Porque os resultados são muito mais fáceis de serem obtidos em um sistema confinado. Nele, é possível controlar as condições ambientais, de modo a obter lotes mais homogêneos. Além disso, é possível uma maior lotação de aves por metro quadrado, o que, evidentemente, proporciona maior produção de carne.

Frango de granja x frango caipira- mitos e verdades 2

“A carne de frango caipira é mais escura e de textura mais firme do que a carne de frango de granja”. Verdade!

Como os frangos caipiras são criados soltos no campo, necessitam trabalhar mais os músculos, para se movimentarem. Para isso, as fibras musculares demandam maior concentração de mioglobina.

A mioglobina é a proteína responsável pelo transporte e armazenamento de oxigênio nos músculos, o que permite a máxima captação deste durante o exercício.

Como essa proteína tem a pigmentação vermelha, o acúmulo nos músculos é responsável pela coloração mais escura da carne.

Além disso, a textura mais firme se justifica pelo maior esforço da musculatura, durante o deslocamento pelo espaço aberto.

“Ovos de frango caipira têm a gema mais amarelada do que ovos de frango de granja”

Nem sempre!

Antes de tudo, cabe ressaltar que que a coloração da gema é determinada pela alimentação das aves, mais precisamente por pigmentos naturais denominados carotenoides, responsáveis pelo amarelo, laranja ou vermelhos dos alimentos. Esses pigmentos são encontrados em diversos produtos de origem vegetal, tais como pastagens, frutas e hortaliças.

Como galinhas caipiras passam grande parte da vida “soltas” na natureza, têm acesso a uma diversidade de alimentos. Isso explica, na maioria dos casos, a pigmentação mais escura dos ovos caipiras.

Grande parte das aves de granjas comerciais, por outro lado, alimentam-se somente de ração à base de milho, como já destacado anteriormente. Como o milho possui menor concentrado de pigmentos, os ovos de frango de granja apresentam gemas mais claras.

Ressalta-se, porém, que, em épocas de escassez de milho no mercado, ou do aumento do preço desse insumo, pode haver a substituição por outros ingredientes, como grão de sorgo e farelo de arroz. Esses ingredientes alternativos apresentam uma quantidade de carotenoides muito menor, o que compromete a coloração da gema, que pode tornar-se esbranquiçada.

Para reverter esse quadro, algumas empresas adicionam pigmentos naturais ou sintéticos, que não comprometem a saúde do consumidor.

Por isso, a cor da gema não serve de critério para classificar um ovo como caipira.

Artigo escrito pelo Engenheiro Agrônomo Felipe Morais Del Lama

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