Frango usa hormônio?

O frango ocupa lugar de destaque na mesa dos brasileiros: o país é o terceiro maior produtor mundial e líder em exportações. Em 2024, o consumo per capita continuou em alta, refletindo a preferência nacional por essa proteína acessível e versátil. Mesmo assim, uma dúvida permanece viva: Frango usa hormônio? será que aves de corte são criadas com hormônios para crescer mais rápido?

Esse receio remonta à década de 1970, quando testes com hormônios em bovinos ganharam repercussão. A partir daí, o mito se espalhou — inclusive para frangos — sem qualquer base técnica ou legal.

No Brasil, o Ministério da Agricultura (MAPA) reforçou sua posicionamento em 2004 com a Instrução Normativa nº 17, proibindo expressamente a administração de hormônios — tireostáticos, androgênicos, estrogênicos, gestagênicos ou β‑agonistas — na produção avícola (Serviços e Informações do Brasil). Mesmo com essa proibição clara, o termo “frango usa hormônio” segue presente em rótulos, campanhas e receios do consumidor.

1. Legislação firme: hormônios sintéticos são proibidos desde 2004

A partir de 18 de junho de 2004, a Instrução Normativa nº 17 do MAPA vedou qualquer uso de substâncias hormonais na alimentação e criação de aves, sob pena de punição legal.
Em resposta à desinformação, desde 2014 as empresas avícolas podem estampar nos rótulos a expressão “sem uso de hormônio, conforme legislação brasileira”, reforçando que essa prática jamais foi permitida.

2. Ineficiência técnica e inviabilidade econômica

Hormônios de crescimento são substâncias proteicas que, se oferecidas via ração, seriam destruídos no trato digestivo — sem qualquer ação.

O único método eficaz seria a injeção diária em cada ave, algo impensável em escala, oneroso e estressante para os animais. Até especialistas afirmam que “se tivesse que ser usado, teria que ser injetado… é totalmente impraticável!”.

3. Genética, nutrição e manejo impulsionam o crescimento

O aumento expressivo na velocidade de crescimento das aves nas últimas décadas deriva de:

  1. Seleção genética, priorizando linhagens robustas e com boa conversão alimentar.
  2. Rações balanceadas – com aminoácidos, vitaminas e minerais essenciais.
  3. Manejo intensivo, climatização das instalações, biossegurança e sanidade controlada.
    A combinação desses fatores permite que frangos alcancem peso de abate entre 40–45 dias — muito antes do que as seis meses registradas no passado.

4. O que são os promotores de crescimento — e por que não são hormônios

Os chamados promotores de crescimento são geralmente antibióticos em doses baixas, usados para melhorar a saúde intestinal e acelerar o ganho de peso. Eles não são hormônios, mas sim substâncias antimicrobianas. No entanto, seu uso vem sendo reduzido globalmente por causa da crescente ameaça de resistência bacteriana.

Na União Europeia, tal prática já foi proibida; no Brasil, há restrições mais rígidas desde 2016 — como a proibição da colistina.

5. Desinformação e marketing alimentam o mito de quefrango usa hormônio

A crença de que o frango usa hormônio ganhou força por causa do rápido crescimento das aves, e foi explorada por campanhas comerciais com rótulos “livre de hormônios”.

Entretanto, conforme especialistas da Embrapa e da UFRGS, esse entendimento é equivocado: “é um grande mal-entendido. Não existe possibilidade de uso de hormônio em frangos de corte”. Levantamento de 2024 também mostrou que mais da metade dos consumidores brasileiros acredita no uso de hormônios em frangos, mesmo sem base científica.

🔍 Frango usa hormônio? Resposta: O frango brasileiro não contém hormônios sintéticos

  • Legalmente, o uso de hormônios é proibido desde 2004.
  • Tecnicamente, a aplicação seria ineficaz, onerosa e impraticável.
  • Cientificamente, o crescimento acelerado se deve a genética, nutrição e manejo, não a hormônios.
  • Promotores de crescimento são antibióticos, alvo de crítica mundial por causar resistência bacteriana, e não hormônios.
  • O mito segue ativo, alimentado por desinformação e estratégias de marketing.

Em suma, o frango de corte brasileiro não recebe hormônios artificiais: sua produção se sustenta em avanços científicos e práticas sanitárias sólidas. O entendimento correto ajuda o consumidor a escolher com base em evidências, e não em temores infundados.

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