Frota de máquinas agrícolas deverá alcançar 1,8 milhão de unidades até 2030, aponta estudo inédito

Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas 2025 revela a idade da frota de máquinas agrícolas, intenções de renovação, novas formas de acesso e tendências tecnológicas no campo brasileiro;

O Brasil acaba de ganhar o primeiro retrato abrangente da mecanização agrícola em operação no país. Lançado pela [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, o Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas 2025 consolida dados inéditos sobre tratores, colheitadeiras e pulverizadores, traçando um diagnóstico do presente e apontando caminhos para o futuro da mecanização no agronegócio. Segundo as projeções, a frota deverá alcançar cerca de 1,8 milhão de unidades até 2030, sendo 1,480 milhão de tratores, 231 mil colheitadeiras e 89 mil pulverizadores.

O estudo contou com mais de 700 entrevistas realizadas entre fevereiro e julho de 2025, em todas as regiões do país, sendo 80% presenciais. A amostra foi estratificada para abranger desde pequenas até grandes propriedades, contemplando culturas-chave como soja, milho, café, trigo, algodão, arroz e cana-de-açúcar. Com margem de erro de 3,4 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, a pesquisa buscou corrigir distorções por meio de reponderação estatística, garantindo um retrato fiel da frota agrícola.

Segundo Luis Vinha, sócio-diretor da [BIM]³, o estudo se consolida como a pesquisa mais completa já realizada sobre a frota agrícola no Brasil, reunindo informações sobre idade média, hábitos de compra, intenções de renovação e perfil dos tomadores de decisão.

O retrato da frota brasileira de máquinas agrícolas em 2025

Os dados revelam uma frota circulante de aproximadamente 1,650 milhão de unidades, composta por 1,350 milhão de tratores, 217 mil colheitadeiras e 82,5 mil pulverizadores. O grande desafio é a idade média elevada dos equipamentos: 18 anos nos tratores, 10 nas colheitadeiras e 8 nos pulverizadores, com mais da metade do parque superando os 15 anos de uso.

Esse cenário evidencia a presença de máquinas com tecnologias defasadas em plena operação, reforçando a urgência da renovação. Um dos gargalos, segundo o estudo, está no acesso ao crédito e financiamento, ainda centralizado em bancos estatais e marcado pela burocracia.

Quem decide e como compra

O estudo aponta que mais de 70% das aquisições são feitas diretamente pelos proprietários ou familiares próximos, destacando o peso estratégico desse investimento. A análise geracional revela que a Geração X lidera 39% das decisões, seguida pela Geração Y (24%), Baby Boomers (12%) e Geração Z (15%).

Outro dado relevante é o aumento da participação feminina, especialmente no cultivo do café, onde 18% das decisões de compra já são tomadas por mulheres.

Modelos de acesso e apetite por renovação das máquinas agrícolas

Diante do alto custo de aquisição, cresce o espaço para a locação de máquinas agrícolas. Atualmente, 11% das propriedades alugam tratores, 38% utilizam colheitadeiras alugadas e 19% recorrem à locação de pulverizadores.

Além disso, 55% dos entrevistados afirmaram ter intenção de adquirir uma nova máquina nos próximos dois anos, mas muitos esbarram em limitações de crédito. “A demanda está clara, mas falta destravar os mecanismos de financiamento para que esse movimento se concretize”, avalia Vinha.

Tecnologia e transição energética no campo

O produtor brasileiro já opera com ferramentas como GPS, telemetria e agricultura de precisão, mas o estudo indica desejo crescente por máquinas mais conectadas, autônomas e inteligentes. Entre os itens mais citados estão cabines confortáveis, câmbio automático, sensores de solo e pulverização de alta precisão.

No campo energético, o diesel ainda predomina, mas alternativas começam a despontar. O etanol aparece como opção para 19% das colheitadeiras e 13% dos pulverizadores, enquanto o biometano já surge como escolha para até 11% das colheitadeiras.

Pós-venda e reputação das marcas

A manutenção preventiva ainda é feita dentro das propriedades em 64,8% dos casos, refletindo a autossuficiência do produtor. Na manutenção corretiva, cresce a importância das concessionárias, que atendem 48,7% das demandas.

Na percepção de marcas, a John Deere lidera em presença e satisfação, seguida por Jacto e Case IH. Entre as mais presentes no campo, além da John Deere, aparece também a New Holland.

Visão de futuro

Para Gregori Boschi, sócio-diretor da [BIM]³, o estudo permite cruzar variáveis e antecipar tendências. “O campo brasileiro caminha para a modernização da frota, diversificação dos modelos de acesso e digitalização das operações, com a sustentabilidade ganhando cada vez mais espaço”, destaca.

Até 2030, a previsão é de que a frota alcance 1,8 milhão de máquinas agrícolas, consolidando o Brasil como uma das maiores potências globais em mecanização.

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