Esporte peculiar combina adrenalina, trabalho em equipe e desenvolvimento da comunicação entre cavalo e cavaleiro. Conheça tudo sobre o “futebol de cavalo”
O universo dos esportes equestres é vasto e repleto de modalidades que aliam habilidade, destreza e parceria. Entre elas, uma das mais curiosas e pouco conhecidas é o pushball a cavalo, também chamado de “futebol de cavalo” ou hoofball. A prática consiste em cavaleiros conduzindo seus animais para empurrar uma enorme bola inflável até o gol adversário, em partidas que unem competição, estratégia e muito entretenimento.
Apesar de parecer moderno, o esporte tem mais de um século de história. Criado no final do século XIX, nos Estados Unidos, ganhou espaço tanto como exercício militar quanto como passatempo civil. Ao longo das décadas, o pushball passou por variações e adaptações, chegando até a Europa e ressurgindo recentemente como atividade recreativa e de treinamento para cavaleiros e cavalos em busca de um vínculo mais dinâmico.
O jogo nasceu em 1891, idealizado por Moses G. Crane, engenheiro elétrico de Massachusetts, insatisfeito com o futebol americano. Para ele, a bola era pequena demais para ser acompanhada pelo público. A solução encontrada foi ousada: criar uma bola gigante, de 1,8 metro de diâmetro, impossível de se perder de vista. O primeiro exemplar custou cerca de US$ 175 na época, equivalente a aproximadamente US$ 4.800 nos dias de hoje.
Surgimento do “futebol de cavalo”
A Universidade de Harvard adotou o jogo no ano seguinte, mas ele não se popularizou amplamente. Ainda assim, conquistou espaço em outras instituições, como o Macalester College, que pratica a modalidade desde 1914, e a Universidade Emory, que manteve equipes ativas até os anos 1950.
O formato equestre ou “futebol de cavalo” surgiu em 1902, na Durlands Riding Academy, em Nova York, e rapidamente atravessou o Atlântico, sendo jogado em eventos tradicionais, como o Torneio Real na Inglaterra. Na versão a cavalo, além da destreza do cavaleiro, o comportamento do animal torna-se peça-chave para o sucesso do jogo.
Hoje, a modalidade do “futebol de cavalo” ressurge em ranchos e centros de treinamento, especialmente nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, com diferentes nomes: futebol equino, horseball recreativo e até hoofball. Mais do que uma competição, o pushball é valorizado como atividade de treinamento, ajudando cavalos a ganharem flexibilidade, obediência e confiança.
O campo original do pushball mede cerca de 130 metros de comprimento por 46 de largura, mas as versões modernas a cavalo costumam usar arenas menores, adaptadas para maior segurança. A bola pode variar de tamanho, mas recomenda-se que tenha pelo menos a altura do esterno do animal.
As regras básicas incluem:
- Times de 3 a 11 jogadores, dependendo da versão.
- Gols feitos com cones ou postes, variando de 4,5 a 6 metros de largura.
- Dois tempos de cerca de 10 minutos cada.
- Apenas os cavalos podem tocar na bola, usando patas dianteiras, traseiras ou até o focinho.
- Movimento controlado, geralmente no passo, para evitar acidentes.
- Proibição de chicotes e contato físico agressivo.
A pontuação também varia. Tradicionalmente, empurrar a bola por baixo da trave valia 5 pontos, enquanto levantá-la por cima rendia 8 pontos.
Mais do que um jogo curioso, o pushball a cavalo é uma ferramenta de aprimoramento no treinamento. Cavalos que praticam se tornam mais respeitosos, obedientes e ágeis, enquanto os cavaleiros melhoram sua coordenação, equilíbrio e uso correto das ajudas.
Depoimentos de praticantes ressaltam ainda o aspecto lúdico: cavalos e cavaleiros se divertem, quebrando a monotonia de treinos repetitivos. “Meu Mustang ficou mais responsivo e nosso vínculo cresceu muito depois que começamos a jogar”, contou uma amazona, que iniciou o treino apenas por curiosidade e hoje vê na prática um diferencial para sua montaria.
Embora nunca tenha alcançado a popularidade de modalidades como o polo ou o hipismo clássico, o pushball ressurge como uma prática alternativa, que mistura tradição histórica e modernidade recreativa. Escolas e centros equestres vêm incorporando a atividade, seja em forma de jogos amistosos, seja como parte de programas de treinamento.
Com sua bola gigante, campos adaptáveis e espírito colaborativo, o pushball a cavalo prova que o universo equestre ainda guarda espaço para esportes inusitados, divertidos e cheios de benefícios para cavalo e cavaleiro.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
