Gado Curraleiro Pé-Duro tem dureza só no nome; Raça tem carne macia e inigualável

Do sertão direto para as mesas gourmet, a carne do gado Curraleiro Pé-Duro está conquistando espaço com seu sabor intenso, história rica e um jeito sustentável de fazer pecuária. Conheça a raça brasileira que resistiu ao tempo — e agora brilha pela qualidade.

No nome, a palavra “dureza” pode enganar. Mas quem já experimentou um corte bem preparado do gado Curraleiro Pé-Duro sabe: é maciez e sabor o que não falta. A raça bovina mais antiga em território brasileiro está deixando o papel de coadjuvante para se tornar protagonista em restaurantes especializados e na pecuária de nicho.

Criado por séculos nos sertões do Nordeste e Cerrado, o Curraleiro foi forjado na seca, no pasto nativo e na resistência. E é exatamente essa rusticidade que hoje garante uma carne intensa, suculenta, marmorizada e com baixo impacto ambiental.

Uma carne que surpreende: sabor forte e maciez de destaque

Esqueça os cortes sem alma. A carne do Curraleiro tem gosto de história — literalmente. Criado a pasto e muitas vezes abatido com mais idade que o convencional, o boi Pé-Duro entrega um sabor encorpado, com notas que lembram carne de caça, e uma suculência que chama a atenção dos especialistas.

Mesmo com abate tardio, a carne é macia e amanteigada. Isso se deve ao marmoreio natural — a gordura entremeada que derrete no fogo e eleva a experiência de sabor a outro patamar. Não à toa, chefs premiados já se renderam ao corte rústico e autêntico que só essa raça entrega.

Produção simples, sustentável e eficiente

Um dos grandes trunfos do Curraleiro é produzir bem onde outras raças não resistem. Adaptado ao calor, à seca e a pastagens pobres, ele demanda pouco insumo e quase nada de medicamento, graças à sua impressionante resistência a parasitas.

Comum em pequenas propriedades e comunidades tradicionais, é criado a pasto e sem pressa, o que garante menor custo e mais qualidade. Alguns criadores conseguem tirar até 13 arrobas de carcaça em vacas mais velhas — e com um rendimento de até 52%, o que impressiona para um animal de porte médio.

carcaça frigorificas do gado curraleiro pé duro
Foto: Roberto Barcellos

Uma iguaria que nasce da resistência

Muito antes de ser uma iguaria gourmet, o Curraleiro Pé-Duro foi o boi do povo. Sobreviveu aos séculos, ao avanço das raças zebuínas e quase desapareceu. Mas não cedeu. Rebanhos mantidos por teimosia de sertanejos deram sobrevida à raça, que hoje é considerada patrimônio genético nacional.

Atualmente, iniciativas da Embrapa, universidades e criadores vêm garantindo sua preservação — e promovendo a carne como um produto premium. Em Goiás, já se encontram cortes em boutiques de carne, e há projetos de certificação com selo de origem, como o “Carne Curraleiro Kalunga”.

Um mercado que valoriza o autêntico

A carne do Gado Curraleiro Pé-Duro tem tudo para brilhar em mercados de valor agregado. Não é para competir em volume com Angus ou Nelore, mas sim para encantar quem busca origem, sabor, história e sustentabilidade.

Do campo à mesa, esse boi que nasceu nos currais do sertão começa a trilhar novos caminhos — agora, com holofotes voltados para sua carne diferenciada e sua história de superação.

vacas eradas da raca curraleiro pé duro - abate
Foto: Roberto Barcellos

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