Muito além do ovo, as galinhas integradas ao solo reduzem custos, controlam pragas, adubam áreas e aumentam a produtividade da lavoura.
A criação de galinhas deixou há muito de ser apenas uma fonte de ovos e carne. Em propriedades que adotam agricultura regenerativa, essas aves assumem um papel estratégico na construção de solo fértil, no controle natural de pragas e na transformação de resíduos agrícolas em nutrição. Ao circular entre áreas de cultivo, as galinhas ciscam, adubam, reciclam matéria orgânica e preparam o terreno para novas safras, tudo isso enquanto continuam gerando proteína e renda para a família rural.
Esse modelo, já disseminado em sistemas agroecológicos, agroflorestais e de agricultura familiar, oferece uma solução prática e de baixo custo num cenário em que fertilizantes encarecem e a pressão por reduzir químicos cresce. Mais do que “criar galinha”, trata-se de colocar a ave para trabalhar pelo solo.
Como as galinhas regeneram o sistema produtivo
1) Fertilização e enriquecimento do solo
O esterco das aves é rico em nitrogênio e fósforo, funcionando como um fertilizante orgânico direto. Ao ciscar, elas também revolvem o solo, aeram a superfície e misturam matéria orgânica, acelerando a formação de húmus.
2) Controle biológico de pragas e ervas
Galinhas comem larvas, insetos, caracóis, escorpiões, ervas jovens e sementes de invasoras, reduzindo o uso de herbicidas e inseticidas. A simples movimentação controlada por talhões quebra ciclos de infestação.
3) Preparação de áreas para plantio (“trator de galinhas”)
Ao confinar temporariamente o lote em galinheiros móveis, as aves limpam, descompactam superficialmente e adubam áreas antes do plantio seguinte — substituindo trabalho mecânico e químicos.
4) Reciclagem agrícola
Resíduos de hortas, restos de colheita e sobras de cozinha que seriam descartados viram alimento e retornam ao solo como fertilidade. Perda zero — a granja vira biofábrica de adubo.
5) Produção integrada de proteína
Enquanto prestam serviços ao sistema, as galinhas entregam ovos e carne para consumo ou venda, garantindo segurança alimentar e renda complementar com baixo custo de produção.
Métodos práticos para adoção
Galinheiros móveis — deslocados semanalmente para distribuir fertilidade de maneira homogênea e evitar degradação de um único ponto.
Integração com agrofloresta — aves circulam entre árvores frutíferas e madeireiras, controlando mato e fertilizando o corredor onde as raízes recebem nutriente.
Manejo sanitário e rotativo — separação de lotes, descanso de áreas e infraestrutura básica reduzem doenças e maximizam o efeito regenerativo.
Criadas a pasto, galinhas temem áreas abertas por predadores. Quando há sombras naturais, arbustos ou até painéis solares, elas usam de fato o campo. Maior bem-estar não é apenas moral ou técnico — é econômico: um estudo de 2008 mostrou que acesso a cobertura elevou em 2% a produção de ovos, gerando US$ 3 milhões adicionais em receita para a granja analisada.
O que o produtor ganha na prática
- Menos gasto com adubo industrial e defensivos
- Mais fertilidade acumulada no próprio solo
- Menos pragas, menos mato, mais eficiência
- Ciclo fechado: resíduo vira recurso
- Ovo e carne como renda paralela e previsível
Integrar galinhas à lavoura é uma estratégia que une produtividade, redução de custos e resiliência ambiental. Na agricultura regenerativa, cada ave passa a ser mais do que animal de criação, vira ferramenta viva de restauração do solo.
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