Gasolina sobe mais de 30%; Apps “enganam” consumidor

Segundo levantamento feito pela ValeCard, o valor do combustível registrou a maior alta para a primeira quinzena de abril, chegando a R$ 7,49. Especialistas alertam sobre apps!

O preço médio da gasolina no País fechou a primeira quinzena de abril em R$ 7,498, o maior preço já registrado. Em comparação com março, quando a média nacional era de R$ 7,288, o valor subiu 2,88%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 30,69%. As informações constam em levantamento feito pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas.

Obtidos por meio do registro das transações realizadas entre os dias 1º e 13 de abril com o cartão de abastecimento da ValeCard em mais de 25 mil estabelecimentos credenciados, os dados mostram que apenas a Bahia (-2,03%) registrou queda no valor do combustível na primeira quinzena do mês.

Entre os estados que reportaram as maiores altas estão Piauí (5,03%), Paraná (4,03%) e Pernambuco (3,93%). Os três que tiveram a média mensal menos afetada pela alta da gasolina foram Santa Catarina (1,91%), Rio Grande do Sul (1,97%) e Rio Grande do Norte (2,23%).

Entre as capitais, o valor médio do combustível foi de R$ 7,461. Teresina (R$ 8,245), Aracajú (R$ 7,760) e Rio de Janeiro (R$ 7,758) foram as capitais com preços mais altos na primeira quinzena de abril. Já os menores valores médios foram encontrados em Porto Alegre (R$ 6,740), Cuiabá (R$ 6,939) e Florianópolis (R$ 6,966).

Etanol

O preço médio do etanol no País na primeira quinzena de abril foi de R$ 5,076. Apesar de aumentar 4,61% em relação ao mês anterior, o etanol continua sendo mais vantajoso em alguns estados brasileiros, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

Esses estados são exceções, pois, mesmo com a sequência de altas, a gasolina ainda segue sendo mais atrativa para se abastecer o veículo do que o álcool na maior parte dos casos.

O método utilizado nesta análise, descontando fatores como autonomias individuais de cada veículo, é de que, para compensar completar o tanque com etanol, o valor do litro deve ser inferior a 70% do preço da gasolina.

Postos de gasolina enganam consumidor com preços menores exclusivos do app

Postos de gasolina de bandeiras reconhecidas oferecem descontos para quem pagar pela gasolina em aplicativos próprios há algum tempo. O problema é que essa prática tem enganado muita gente, que não se atenta para esse “detalhe” e acaba pagando o preço da bomba em vez de ter o desconto prometido.

A prática é bastante comum nas grandes capitais e tem como foco atrair o cliente. Com o preço médio do litro da gasolina na faixa dos R$ 7,00, muitos se sentem atraídos por uma placa com o custo de R$ 5,39 ou inferior. Já não basta pagar o absurdo preço da gasolina, o consumidor brasileiro ainda precisa baixar  apps e se ligar antes de mandar completar o tanque.

O problema é que as placas com o desconto estão quase sempre à frente das que trazem o preço real — em alguns estabelecimentos, os preços da bomba nem são mencionados. Nenhuma das propagandas analisadas deixa de mencionar o programa de vantagens e até trazem links para download do app, mas isso pode não ser visível quando se está em um carro a 60 km/h em avenidas.

Como se já não bastasse a estratégia, alguns frentistas não mencionam a promoção antes do abastecimento, logo muita gente fica com apenas duas opções: mandar retirar o combustível (trabalhoso e demorado) ou pagar o valor cheio. Se você está atrasado para o trabalho ou tem algum compromisso, qual das soluções optaria?

Apps que dão desconto

Em geral, os aplicativos de empresas de combustíveis funcionam como “programas de vantagens” com o acúmulo de pontos. Cada vez que o consumidor abastece, soma uma quantidade que pode ser trocada por brindes, produtos ou descontos no preço final da gasolina, etanol e diesel.

Estes são os três principais aplicativos das empresas de combustíveis do país:

Polêmica em vários locais

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 6º, ressalta ser direito do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva. Cabe aos órgãos de defesa analisarem a propaganda agressiva, com preços em letras garrafais e menções à aplicativos em fontes pequenas, e autuar quem descumpre as normas.

No Distrito Federal, o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) e a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) do Ministério Público proibiram a prática em 2020. Os órgãos estabelecem que os descontos oferecidos por meio desses programas devem aparecer em segundo plano, com destaque menor do que o preço aplicado na bomba.

Esses preços menores são obtidos por meio de cashback, programas de pontos que retornam como recompensa para o consumidor. Usar isso como um chamariz para o público seria errado, na visão do Ministério Público do DF, porque é aplicável somente a quem já abasteceu antes.

Desde julho passado, 70 postos de combustíveis já foram autuados em Brasília por desfavorecer o valor real e anunciar em destaque o preço do combustível para pagamento exclusivo por aplicativo. Não há dados ao nível nacional que revele essa prática.

Agora, essa prática parece ter se estendido para outras localidades, inclusive cidades de pequeno e médio porte. Resta saber se as autoridades nacionais vão deixar nas mãos de cada município resolver esse problema ou se tomarão alguma medida para coibir os abusos.

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