Gaúchos sofrem um dos maiores golpes da pecuária brasileira

Ao todo, 70 pecuaristas já denunciaram suspeito preso preventivamente; Polícia Civil calcula prejuízos de R$ 30 milhões aos produtores rurais do Rio Grande do Sul

Sobe para 70 o número de produtores rurais que registraram ocorrência policial contra o homem preso suspeito de aplicar golpes na venda de animais na Fronteira e na Região Central do Rio Grande do Sul. Nesta semana, quando o homem foi preso preventivamente, eram 30 denúncias notificadas na Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), criada recentemente para apurar crimes rurais.

Os casos foram registrados em, ao menos, 14 municípios do estado. O prejuízo estimado aos pecuaristas, segundo a Polícia Civil, é de R$ 30 milhões. Sete pessoas ligadas ao suspeito tiveram os bens bloqueados pelo Judiciário a pedido da Decrab. Um segundo suspeito já tinha sido preso preventivamente, também na terça, em Caçapava do Sul.

Decrab - policia
Foto: Divulgação

Como funcionavam os golpes?

O delegado André de Matos Mendes, titular da Decrab, explica que o suspeito dos golpes alternava a negociação entre os compradores para fazer girar os lucros. “Ele comprava gado por um valor a prazo, para pagar em um mês, dois meses, e vendia esse mesmo gado por um preço mais baixo e prazo menor para receber. Ia girando esse dinheiro. Até que, num determinado momento, aconteceu esse problema: ele ficou devendo para bastante gente”, disse Mendes.

Segundo os pecuaristas, o gado era vendido sem contrato, em uma negociação informal. O pagamento era feito através de depósitos bancários ou cheques pré-datados. Contudo, a conta indicada no acerto não tinha fundos.

Um dos produtores que denunciou o caso à polícia diz que fazia negócios frequentes com o suspeito, criando uma relação de confiança. Uma vez, no entanto, o comprador recolheu os 542 animais negociados sem efetuar o pagamento, de quase R$ 5 milhões.

Fazenda em Formigueiros

Ao contrário dos outros pecuaristas, que já conheciam o homem, Roberto Machado fez negócio com o suspeito pela primeira vez. O produtor recebeu um cheque, tentou descontá-lo, mas viu que não tinha saldo.

Já outro pecuarista relatou que vendeu 70 animais para o suspeito. Somando com as vendas feitas pelo pai e pelo irmão, eles tiveram um prejuízo de R$ 500 mil.

Este é um alerta para os pecuaristas na hora da negociação, exija condições razoáveis para fazer uma negociação. Veja, abaixo, outros tipos de golpes que estelionatários costumam dar.

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