GERAR CORTE supera 5,3 milhões de dados de IATF

Em evento realizado em Comandatuba (BA), Grupo celebra aniversário de cinco anos da fase de expansão e reúne 350 pessoas entre técnicos de campo e convidados.

O encontro 2018 do GERAR CORTE (Grupo Especializado em Reprodução Aplicada ao Rebanho) divulgou números expressivos para o mercado pecuário brasileiro. O evento, realizado entre 3 e 4 de agosto, reuniu 350 técnicos do setor e convidados que celebraram os mais de 5,3 milhões de dados coletados sobre inseminação artificial em tempo fixo (IATF) desde o início da operação do Grupo, em 2006.

“Foi um evento mais que merecido para esses profissionais, pois em nenhum lugar do mundo um grupo de técnicos conseguiu coletar tantas informações”, destacou o médico veterinário Izaias Claro Junior, Coordenador de Serviços Técnicos – Bovinos da Zoetis Brasil.

Este ano, comemorou-se o aniversário de cinco anos do início da fase de expansão do Grupo. Desde 2014, o modelo é composto por sete encontros regionais nos grupos GERAR-SP/PR, GERAR-MS, GERAR-GO, GERAR-MT, GERAR-MG, GERAR-RS e GERAR-N/NE.

“O evento deste ano ficará marcado na história do GERAR, não só porque tivemos a presença dos 250 técnicos que integram este seleto Grupo, mas também pela importância dos temas abordados pelos palestrantes, além dos tradicionais debates gerados a partir das palestras e da divulgação dos novos dados de IATF e também de Transferência de Embriões em Tempo Fixo (TETF)”, destacou o médico veterinário Ocilon Gomes de Sá Filho, Gerente de Produto da Linha Reprodutiva – Bovinos, da Zoetis Brasil, empresa incentivadora e apoiadora do GERAR.

Pé na areia

Esse ano, os profissionais do GERAR trocaram o habitual “pé no barro” das fazendas pelo “pé na areia” no litoral sul baiano. Os dois dias de evento, no Hotel Transamérica Resort Comandatuba, seguiram a programação das reuniões regionais do Grupo. Além das palestras e dos debates, destaque para a apresentação dos dados de IATF e TETF realizada pelo médico veterinário José Luiz Moraes Vasconcelos, o professor Zequinha, da Unesp de Botucatu, SP, a universidade responsável pelas análises das informações enviadas pelos técnicos do Grupo.

Somente na última estação de monta (2017/2018), , foram coletados pelos técnicos do GERAR CORTE 1,362 milhão dados de IATF, o que significou um crescimento de 32,6% em relação à temporada anterior (1,027 milhão). Em relação aos dados de TETF, o Grupo coletou 45 mil informações na última estação de monta, o que significou mais que o dobro do que foi verificado na temporada anterior (21,4 mil ).

Segundo mostrou Izaias Claro Junior em sua apresentação de boas-vindas, os sete grupos regionais conseguiram elevar o número de dados enviados de IATF na última estação de monta. “Todos os técnicos do GERAR estão novamente de parabéns”, disse Izaias, acrescentando que o GERAR-GO foi responsável pelo maior número de dados, com 370,5 mil informações de IATF, crescimento de 31,4% sobre o número registrado na temporada anterior. O GERAR-MT ficou em segundo lugar, registrando a coleta de 334 mil dados de IATF, um acréscimo anual de 21,7%. A terceira posição ficou para o GERAR-MS: com quase 248 mil informações de IATF, um aumento de 36,5%. Os Grupos de MG, N/NE, RS e de SP/PR também obtiveram aumentos significativos, de 48%, 58,6%, 62% e 5,6%, respectivamente.

Em sua apresentação de boas-vindas, Ocilon Gomes de Sá Filho foi direto ao ponto ao comentar sobre a importância do avanço anual dos resultados de prenhez em programas de IATF. “Na estação de monta passada, houve um aumento de dois pontos percentuais na taxa média de prenhez geral das fazendas assistidas pelos técnicos do GERAR CORTE, saltando de 51%, em 2016/17, para 53% de fertilidade. No universo de mais de 1,3 milhão de dados de IATF analisados na última estação, esse crescimento no índice de prenhez significou quase 30 mil bezerros a mais em relação ao resultado obtido na estação anterior”, contabilizou Ocilon, acrescentando que essa melhoria na produtividade resulta em significativo retorno financeiro às fazendas que lançam mão de tecnologias reprodutivas como a IATF.

Ajustes antes da estação de monta

“Com certeza, depois dessa reunião na Bahia, os profissionais do GERAR saíram ainda mais bem preparados e confiantes para o trabalho de campo que será colocado em prática em breve nas fazendas de gado de corte”, observou Zequinha.

O professor da Unesp e coordenador oficial das reuniões do GERAR lembrou que, desde a criação do Grupo, as discussões geradas na “sala de aula” do GERAR CORTE e os consequentes “ajustes finos” feitos pelos técnicos nos manejos reprodutivos foram fundamentais para esse processo de evolução dos índices de prenhez nas fazendas assistidas pelos técnicos do Grupo.

“No primeiro ano de análise dos dados do GERAR, em 2007, a fertilidade média à primeira IATF ficou em 49%, e conseguimos evoluir para 53%, mesmo aumentando consideravelmente o número de vacas inseminadas (saltando de 67 mil sincronizações em 2007 para mais de 2,3 milhões em 2017)”, comparou Zequinha, lembrando que existem propriedades atendidas pelos técnicos do Grupo que já conseguem alcançar índices médios de fertilidade acima de 70% com a aplicação de uma única IATF.

Palestrantes

Como parte da programação do GERAR, o evento contou com a presença de palestrantes renomados no meio pecuário, como Fábio Dias, diretor de Relacionamento da JBS, e Alexandre Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Agro, além de Marcelo Pimenta, sócio-diretor da Exagro Consultoria e integrante do GERAR, o pesquisador Gustavo Rezende Siqueira, da APTA-Colina, e os diretores da Qualitas Agronegócios, Leonardo Souza e Émerson Moraes.

Angelo Melo, Diretor da Unidade de Negócios Bovinos e Equinos da Zoetis Brasil, apresentou a palestra “A Zoetis no contexto da pecuária hoje e amanhã”. “A Zoetis atua como um grande centro de tecnologia e de difusão de conhecimento, enquanto o veterinário integrado ao GERAR se transformou no protagonista dessa evolução científica/tecnológica, sendo o principal vetor do aumento da produtividade da pecuária brasileira”, destacou Angelo.

Em seguida, Alexandre Mendonça de Barros apresentou a palestra “Cenário econômico durante a estação de monta 2018/2019”. Ele traçou um panorama detalhado sobre o comportamento dos mercados brasileiros e internacionais de grãos e de carnes, além de apontar perspectivas para esses setores no curto e médio prazos, considerando os eventuais impactos causados pelo resultado da eleição presidencial. O sócio da MB Agro chamou atenção para a rápida e forte ascensão do Brasil no mercado mundial de carne bovina, que hoje figura entre os líderes do ranking global de exportações. “Cerca de 15 anos atrás, o Brasil praticamente não existia nas estatísticas mundiais de exportação de carne bovina”, lembrou Barros, acrescentando que o escoamento de parte da produção para fora do País tem “contribuído para a sustentação do preço do boi gordo no mercado interno em tempos de enfraquecimento da demanda doméstica”.

Fábio Dias, da JBS, apresentou a palestra “Indicadores de qualidade do rebanho, incentivos ao produtor e agregação de valor. Uma análise de 21 milhões de carcaças”. Segundo informou, nos anos de 2015, 2016, 2017, a JBS processou e classificou 21 milhões de carcaças em suas 36 unidades de abates espalhadas pelo Brasil, dentro de seu programa próprio de Tipificação de Carcaças “Farol de Qualidade”. Nesse universo, apenas 18% das carcaças foram considerados “desejáveis” (farol verde), enquanto 64% dos lotes foram classificados como “toleráveis” (sinal amarelo) e o restante (18%) como “indesejáveis” (sinal vermelho).

Dias ressaltou a importância dos técnicos do GERAR em realizar um trabalho de conscientização de seus clientes pecuaristas para investir em tecnologias que possibilitam o melhor acabamento das carcaças e o abate de animais mais jovens, abaixo de 30 meses. “É preciso investir em genética superior, na suplementação dos animais e na produção de bois castrados, o que permitirá abater bovinos ainda jovens, contribuindo não só para a melhoria da qualidade da carne, mas também para o encurtamento do ciclo pecuário”, explica Dias. Ele lembrou que existem países hoje que não aceitam mais comprar “carcaças velhas”, oriundas de animais com idade superior a 30 meses, como a China, considerada atualmente o principal mercado potencial para os exportadores brasileiros.

O primeiro dia de reunião terminou com debate entre os palestrantes e convidados, moderado pela Coordenadora de Inteligência de Mercado da Zoetis, Renata Fernandes, com as participações de Marcelo Pimenta, da Exagro/GERAR, e do professor Zequinha.

No segundo dia de reunião do GERAR CORTE, o professor Zequinha abriu o evento apresentando aos técnicos e convidados os dados inéditos de IATF referentes à última estação de monta.

“Foi muito interessante essa troca de informações entre os 250 técnicos do Grupo, que normalmente convivem com diferentes situações de manejo, em ambientes pecuários distintos, cada qual com a sua particularidade”, observou Ocilon.

A segunda palestra ficou a cargo do médico veterinário Guilherme Pugliesi, da USP, que apresentou o tema “Intensificação dos manejos reprodutivos com o uso da ultrassonografia Doppler”. Logo depois, os debates entre os participantes e palestrantes voltaram à tona, dessa vez sob a mediação de Ocilon.

Após o intervalo de almoço, o professor Zequinha exibiu os dados de TETF do Grupo GERAR Corte, também referentes à última estação. Dando continuidade a esse mesmo tema, o palestrante Guilherme Pugliesi falou sobre a “Utilização da ultrassonografia Doppler em programas de TETF”.

O ciclo de apresentações do GERAR CORTE 2018 foi encerrado com uma palestra de cunho motivacional, ministrada pelo especialista André Castro, denominada “Liderança, empreendedorismo e gestão eficazes: todos motivados e envolvidos!”.

Izaias Claro Junior encerrou o evento anual com agradecimento a todos os convidados e fazendo observações finais sobre o encontro e antecipando parte do planejamento para o GERAR CORTE 2019, que voltará ao formato original, com a realização de sete reuniões regionais. “Agora, lançamos como desafio aos técnicos do Grupo a coleta de 1,5 milhão de dados de IATF nesta próxima estação de monta (2018/19)”, disse.

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