
Sem capital de giro, até uma lavoura bem planejada pode parar no meio do caminho, descubra como calcular e financiar esse recurso essencial em 2025
Manter uma fazenda saudável financeiramente vai muito além de produzir bem. Em 2025, com custos agrícolas em alta, os fertilizantes, por exemplo, subiram em média 12% no primeiro semestre, segundo dados da Conab, o capital de giro rural se tornou indispensável para que o produtor não fique sem recursos até a colheita.
Mais do que pagar contas, o capital de giro é o que permite que a fazenda siga funcionando entre o plantio e o recebimento das vendas. É ele que banca combustível, defensivos, adubos, salários, manutenção de máquinas e até as despesas administrativas. Neste guia, você vai entender como funciona o capital de giro no campo, quais os tipos disponíveis em 2025, as linhas de crédito mais indicadas e dicas práticas de gestão para evitar aperto financeiro.
O que significa capital de giro rural?
Na prática, o capital de giro é o fôlego financeiro da fazenda. É o valor necessário para manter as atividades em andamento até que o dinheiro das vendas entre no caixa. Em um ciclo produtivo, há sempre um intervalo entre o investimento feito no plantio e a entrada da receita da comercialização. É nesse período que o capital de giro sustenta a produção.
Para pequenos e médios produtores familiares, muitas vezes esse recurso é ainda mais crucial, já que representa a renda principal da família e garante o cumprimento de compromissos sem precisar recorrer ao endividamento emergencial.
Quais são os tipos de capital de giro?
Em 2025, os produtores podem contar com três formas principais de capital de giro:
- Próprio: vem da reserva já existente no caixa da fazenda. É a opção mais segura e barata, pois não gera dívidas.
- Financiado: obtido por meio de crédito rural ou empréstimos específicos para capital de giro. É útil quando o caixa está apertado, mas exige disciplina no pagamento.
- Necessidade de capital de giro (NCG): representa a diferença entre os gastos operacionais e a receita ainda não recebida. Mostra o quanto falta para equilibrar as contas até a venda.
Linhas de crédito para capital de giro em 2025
Os bancos continuam sendo os principais parceiros do produtor rural. Dentro do Plano Safra 2025/26, lançado em julho, há linhas de custeio agrícola com juros subsidiados que variam de 7% a 11% ao ano, dependendo do perfil do produtor.
As opções mais utilizadas hoje são:
- Custeio agrícola: com prazos alinhados ao calendário de safra e juros mais baixos, é a linha mais vantajosa para financiar despesas de produção.
- Empréstimos diretos para capital de giro: oferecidos por cooperativas e bancos privados. A liberação é rápida, mas os juros podem ser superiores a 15% ao ano.
- Antecipação de recebíveis: permite adiantar valores de contratos ou notas fiscais já emitidas, garantindo liquidez imediata para o produtor.
Onde aplicar o capital de giro?
Esse recurso pode ser usado em praticamente todas as áreas da fazenda. Em 2025, os destinos mais comuns incluem:
- compra de insumos agrícolas (sementes, corretivos, fertilizantes e defensivos);
- abastecimento e manutenção de tratores e colheitadeiras;
- pagamento de salários, fornecedores e impostos;
- conserto de equipamentos e aquisição de ferramentas;
- despesas administrativas e custos fixos da propriedade.
Ou seja, o capital de giro rural é a engrenagem que mantém a fazenda funcionando sem interrupções.
Como gerir bem o capital de giro?
Ter acesso ao recurso é apenas o primeiro passo. A boa gestão é o que evita que a fazenda caia em armadilhas financeiras. Algumas práticas recomendadas em 2025 são:
- Comprar à vista sempre que possível: fornecedores oferecem descontos de até 10% em relação ao valor parcelado.
- Controlar o fluxo de caixa: monitorar entradas e saídas semanalmente para evitar surpresas.
- Evitar excesso de empréstimos: juros altos podem comprometer a renda futura e aumentar a inadimplência.
- Reduzir custos desnecessários: priorizar investimentos que geram produtividade e retorno, cortando gastos supérfluos.
Como planejar o capital de giro para o futuro?
O segredo é transformar o capital de giro em parte da estratégia de longo prazo da fazenda. Isso passa por:
- reinvestir parte da margem de lucro para formar uma reserva própria;
- buscar eficiência produtiva para reduzir custos por hectare;
- investir em qualidade e diversificação para abrir novos mercados;
- usar tecnologia de gestão financeira, cada vez mais acessível no agro.
Assim, o produtor aumenta suas chances de manter o capital de giro sustentável safra após safra, diminuindo a dependência de financiamentos.
Como calcular o capital de giro da fazenda
O cálculo é direto, mas exige organização financeira. O produtor precisa:
- Listar todas as despesas previstas até a colheita ou até o momento em que o comprador vai quitar a produção.
- Projetar as receitas para o mesmo período, considerando valor, prazos e possíveis atrasos de pagamento.
- Comparar despesas e receitas. Se o saldo for negativo, é preciso cobrir a diferença com capital de giro próprio ou buscar crédito rural.
Exemplo prático (safra 2025 – soja e pecuária integrada)
Custos estimados para 6 meses:
- Sementes: R$ 11.500
- Fertilizantes e adubos: R$ 9.200
- Defensivos agrícolas: R$ 5.600
- Combustível e manutenção: R$ 8.000
- Mão de obra: R$ 16.000
- Frete e logística: R$ 5.500
- Alimentação do gado: R$ 3.200
Total de despesas: R$ 59.000
Receita prevista:
- Venda da soja: R$ 44.000 (com recebimento em 90 dias)
Resultado:
R$ 59.000 – R$ 44.000 = R$ 15.000
Nesse cenário, o produtor precisa de R$ 15 mil de capital de giro para manter a operação funcionando até o pagamento da safra.
Financiamento de capital de giro rural em 2025
Com custos de produção em alta — só os fertilizantes tiveram reajuste médio de 12% neste ano, segundo a Conab — muitos produtores têm recorrido a crédito rural para manter o caixa em equilíbrio. Entre as principais opções estão:
1. BB Giro Agro – Banco do Brasil
- Crédito rotativo para atividades agropecuárias.
- Permite financiar insumos, comercialização e industrialização.
- Prazo: até 360 dias, com possibilidade de renovação automática.
- Juros: taxas de mercado, variando conforme o perfil do cliente.
- Disponível para produtores rurais pessoa física, exceto beneficiários do Pronaf.
2. Capital de giro no BNDES
- Destinado principalmente a cooperativas e produtores vinculados ao Pronaf.
- Aplicação em custeio, investimentos e capital de giro.
- Taxa de juros: até 6% ao ano.
- Limites: até R$ 75 mil por produtor e até R$ 55 milhões para cooperativas (respeitando limites individuais).
- Prazo: até 6 anos, com possibilidade de carência.
3. Giro Produtor Rural – Banco da Amazônia
- Financiamento para aquisição de bens, insumos e matérias-primas.
- Prazo de pagamento: até 2 anos.
- Dispensa de garantias em operações de até R$ 100 mil.
- Acesso disponível para pessoas físicas e jurídicas correntistas.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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