
Multinacional norte-americana, Cargill Bioenergia, aposta no modelo flex em Cachoeira Dourada (GO), ampliando presença no mercado de biocombustíveis. Projeto receberá aporte bilionário para execução.
Estratégia de expansão no Brasil. A Cargill Bioenergia confirmou que vai construir uma nova usina de etanol de milho em Cachoeira Dourada, Goiás, anexa à atual unidade processadora de cana-de-açúcar. A notícia foi publicada primeiro pelo portal especializado AgFeed, e posteriormente confirmada pela multinacional, que não divulgou detalhes imediatos sobre valores e prazos do projeto.
O movimento da Cargill acontece em um momento de consolidação no setor. Em fevereiro, a empresa anunciou a compra da totalidade da SJC Bioenergia, em operação que superou R$ 2,6 bilhões e lhe garantiu controle pleno das usinas de Quirinópolis e Cachoeira Dourada.
Com a expansão, a companhia mantém o modelo flex, que já opera em Quirinópolis (GO), onde é possível produzir etanol tanto de cana quanto de milho. A aposta segue a lógica de eficiência operacional e otimização do uso de biomassa, já que o bagaço de cana da planta atual servirá também para gerar energia elétrica suficiente para abastecer a nova unidade de milho.
O que disse o presidente da Cargill no Brasil
Em entrevista ao AgFeed, Paulo Sousa, presidente da Cargill no país, destacou que o menor custo de capital para investir em usinas de etanol de milho em comparação às de cana foi determinante. “O uso de capital para fazer uma usina de cana é muito maior do que para uma de etanol de milho. Num país que tem taxa básica de juros em 15%, o uso eficiente de capital é mais relevante do que nunca”, afirmou.
Sousa também reconheceu que houve um “certo arrependimento” por não ter defendido, no passado, projetos dedicados exclusivamente ao milho. Agora, segundo ele, a prioridade da companhia é ampliar a presença neste segmento de biocombustíveis, sem descartar novos movimentos estratégicos no mercado.
Produção de etanol de milho e impacto no setor
As usinas atualmente controladas pela Cargill Bioenergia em Goiás têm capacidade de processar 9 milhões de toneladas de cana por safra e 2 milhões de toneladas de milho por ano, além de gerarem 800 GWh/ano de energia e manterem cerca de 4.600 empregos diretos.
A decisão de construir a nova usina reforça a corrida dos grandes grupos do setor. Nesta mesma semana, a vizinha São Martinho anunciou investimento de R$ 1,1 bilhão para ampliar em 80% sua capacidade produtiva de etanol de milho.
Apesar de não ter sido revelado o valor que será destinado a expansão da planta para a produção de etanol de milho, estima-se que o montante deva ultrapassar a casa de R$ 1 bilhão, levando em conta os atuais investimentos das outras empresas do mesmo setor.
Expansão também no biodiesel
Além do etanol, a Cargill também projeta ampliar a produção de biodiesel no Brasil. As fábricas adquiridas da Granol em 2023 — localizadas em Anápolis (GO), Porto Nacional (TO) e Cachoeira do Sul (RS) — devem passar por modernização para aumentar a eficiência e a capacidade produtiva. A companhia já possui uma unidade em Três Lagoas (MS), com capacidade de 352 milhões de litros anuais.
Importância para o Agro brasileiro
O anúncio reafirma o papel de liderança da Cargill no processo de diversificação da matriz energética do Brasil. A aposta no milho ocorre em um contexto de crescimento da demanda por biocombustíveis, impulsionada pela Lei do Combustível do Futuro, que prevê aumento gradual da mistura de biodiesel ao diesel até 2030.
O projeto em Cachoeira Dourada confirma a tendência de que o crescimento da produção de etanol no Brasil será puxado pelo milho, consolidando o grão como peça estratégica na matriz energética nacional.
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