
Expansão da usina de etanol de milho da São Martinho, vai elevar a capacidade de produção em 80%, gerar mais de mil empregos e reforçar a oferta de energia limpa no Brasil
A São Martinho, uma das maiores companhias sucroenergéticas do país, deu sinal verde para um dos maiores aportes de sua história no segmento de biocombustíveis. A empresa vai investir R$ 1,18 bilhão na ampliação da unidade de etanol de milho localizada em Quirinópolis (GO), anexa à Usina Boa Vista. O projeto, que contará com financiamento do BNDES e da Finep, marca a segunda fase de expansão da planta e vai praticamente dobrar a capacidade produtiva até a safra 2029/2030.
Segundo a companhia, o objetivo é ampliar em 80% a produção do biocombustível a partir do milho, adicionando capacidade para processar 635 mil toneladas adicionais de grãos por ano e fabricar 270 milhões de litros de etanol. Além disso, serão produzidas anualmente cerca de 170 mil toneladas de DDGS (coproduto usado na ração animal) e 13 mil toneladas de óleo de milho, insumos estratégicos para outras cadeias do agro.
Estrutura de financiamento e prazos
O investimento será viabilizado por um conjunto de recursos: R$ 625 milhões virão do BNDES (R$ 500 milhões do Fundo Clima e R$ 125 milhões via linha Finem), R$ 102,8 milhões da Finep e R$ 452,2 milhões do caixa próprio da São Martinho. O apoio das instituições públicas representa aproximadamente 62% do total do projeto.
O cronograma prevê que a nova fase entre em operação no segundo semestre de 2027, atingindo 50% da capacidade na safra 2027/28, 85% em 2028/29 e chegando à operação plena na safra 2029/30. Durante a obra, serão gerados cerca de mil empregos diretos, e a operação deve manter 110 profissionais qualificados.
Inovação e eficiência energética para o etanol de milho
Um dos destaques do projeto é o foco em eficiência energética. A nova planta terá um dos menores consumos de vapor por tonelada de moagem da indústria, eliminando a necessidade de compra externa de biomassa. A caldeira será abastecida com o bagaço proveniente da unidade de moagem de cana, maximizando sinergias internas.
Outro diferencial é a implementação de tecnologias 4.0 e uma inovação inédita no Brasil: recuperação de óleo da vinhaça, ampliando o aproveitamento de subprodutos e reforçando o compromisso ambiental.
Impactos econômicos e ambientais
De acordo com o BNDES, a expansão contribuirá para evitar emissões de cerca de 380 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano, fortalecendo a meta nacional de descarbonização. Além disso, 34,1% dos equipamentos serão de fabricação nacional, impulsionando a indústria local.
O diretor financeiro da São Martinho, Felipe Vicchiato, destacou que o investimento reafirma a confiança no agronegócio brasileiro, promovendo o desenvolvimento regional, a compra de matéria-prima local e a oferta de produtos competitivos no mercado global.
Contexto e desempenho recente
A Usina Boa Vista já conta com uma planta de etanol de milho inaugurada na safra 2023/24, também financiada pelo BNDES, e mantém produção de etanol de cana desde 2008. No primeiro trimestre da safra 2025/26, a São Martinho registrou receita líquida de R$ 1,85 bilhão, alta de 12% sobre o ano anterior, impulsionada principalmente pelo etanol — cuja venda somou R$ 856,5 milhões, avanço de 51,3%. No entanto, o lucro líquido caiu 40%, para R$ 62,8 milhões, devido a maiores custos e despesas financeiras.
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