
Remessa histórica de farelo de soja argentina foi redirecionada ao Vietnã por razões comerciais, segundo a Bunge, em meio a dúvidas sobre qualidade e ajustes do mercado
A multinacional do agronegócio Bunge anunciou que redirecionou um carregamento de 30.000 toneladas de farelo de soja argentino, inicialmente previsto para a China, para o Vietnã. A decisão, confirmada à Reuters nesta quarta-feira (20), foi justificada pela empresa como resultado de “razões comerciais”, após a repercussão de informações que apontavam preocupações com a qualidade do produto.
A remessa em questão tinha peso simbólico: seria a primeira carga de farelo de soja da Argentina para a China desde que Pequim aprovou oficialmente essas importações em 2019. O episódio ganhou relevância após a Bloomberg noticiar, mais cedo, que a mudança teria ocorrido devido a dúvidas sobre se o produto atenderia ou não às exigências de qualidade chinesas.
Em resposta, a Bunge negou problemas técnicos e reforçou que o desvio do destino foi feito exclusivamente por decisão de caráter comercial.
Declarações e novo destino
Segundo Gustavo Idigoras, presidente da Câmara de Exportação e Esmagamento de Grãos CIARA-CEC da Argentina, a alteração foi motivada pelo próprio comprador. “É por razões comerciais relacionadas às necessidades do importador de suprir o consumo no Vietnã”, disse o executivo, lembrando que a possibilidade de redirecionamento estava prevista no contrato.
O embarque de 30 mil toneladas agora servirá ao mercado vietnamita, que no ano passado já figurava como o maior importador do farelo argentino, absorvendo cerca de 15% das exportações totais.
Contexto do mercado para o farelo de soja da Argentina
A China, tradicionalmente, opta por importar a soja em grão da Argentina para processá-la em suas próprias fábricas. Contudo, o cenário recente de preços mais competitivos no mercado sul-americano fez Pequim avaliar também a compra direta de farelo. Em julho e agosto, por exemplo, a China adquiriu duas remessas argentinas que, juntas, somaram 60 mil toneladas.
No ano passado, a Argentina — maior exportadora mundial de farelo de soja — enviou ao exterior 27,2 milhões de toneladas do produto, o que gerou cerca de US$ 10,55 bilhões em receita.
Impactos e próximos passos
Embora a mudança de destino tenha levantado especulações sobre barreiras técnicas impostas pela China, especialistas destacam que o episódio reflete as complexidades do comércio internacional de grãos, no qual ajustes contratuais e variações de mercado frequentemente alteram rotas de exportação.
O episódio também reforça a importância estratégica do Vietnã, que, além de grande consumidor, tem ampliado sua presença como polo importador de grãos e derivados no Sudeste Asiático.
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