
A John Deere, uma gigante mundial dos tratores, reduz quadro de funcionários e surpreende com demissão em massa em meio a reestruturação diante da queda e crise no setor
A fabricante norte-americana de máquinas agrícolas John Deere, considerada uma das gigantes globais do setor, anunciou a demissão de 150 trabalhadores de sua unidade em Horizontina, no noroeste do Rio Grande do Sul. A decisão, comunicada na quarta-feira (17), foi justificada pela empresa como uma medida para adequar a produção à atual demanda do mercado, em um cenário de retração das vendas e queda no ritmo de fabricação .
Horizontina, que possui cerca de 18,8 mil habitantes, é profundamente marcada pela presença da John Deere, já que a unidade local é responsável por uma parte relevante da economia da região. Somente em 2024, o município exportou mais de US$ 104 milhões em máquinas agrícolas, embora o volume tenha ficado 37% abaixo do registrado em 2023.
A fábrica da John Deere é referência nacional na produção de colheitadeiras e concentra milhares de empregos diretos e indiretos. Os desligamentos afetaram áreas estratégicas, como solda, pintura, montagem, estamparia e almoxarifado .
Da expansão às demissões na John Deere
A decisão surpreendeu porque, no início de 2025, a unidade havia contratado cerca de 200 novos trabalhadores para atender ao aumento de pedidos. Na ocasião, a expectativa era ampliar a produção de 12 para 14 colheitadeiras por dia, mas a realidade foi inversa: a empresa reduziu o ritmo para 10 unidades diárias, culminando na revisão do quadro de pessoal .
Esse movimento não é inédito. Em setembro de 2024, a John Deere já havia realizado outra demissão de 150 empregados, após conceder férias coletivas a 1,1 mil funcionários devido à queda nas vendas. Agora, o novo corte reforça as dificuldades enfrentadas pela multinacional no Brasil .
Sindicato e medidas de compensação
O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Horizontina e Região informou que, inicialmente, a John Deere pretendia dispensar 200 empregados, mas após negociação o número foi reduzido para 150 desligamentos. Além das verbas rescisórias, os trabalhadores receberão um abono de gratificação como forma de compensação adicional .
Em nota, a entidade sindical destacou a surpresa com a decisão e reafirmou solidariedade às famílias afetadas. O sindicato também ressaltou que continuará oferecendo apoio jurídico e assistência sindical à categoria .
Crise setorial e efeitos em cadeia
A situação da John Deere se soma a um cenário mais amplo de dificuldades na indústria de veículos e máquinas agrícolas. Em 2025, outras empresas também realizaram cortes: a AGCO, em Santa Rosa, desligou 51 funcionários em janeiro, enquanto a General Motors demitiu cerca de 1,4 mil trabalhadores em Gravataí e fornecedores ligados à sua cadeia de produção em abril .
O corte na John Deere, contudo, chama atenção pela relevância da fábrica de Horizontina para a economia local e para o setor agrícola brasileiro, que ainda enfrenta reflexos da estiagem, endividamento dos produtores e redução nas exportações.
O que esperar daqui para frente
Apesar das demissões, a expectativa do sindicato é de que parte da mão de obra seja absorvida por outras empresas metalúrgicas da região, já que há oferta de vagas. No entanto, o episódio reacende a preocupação sobre a dependência econômica de Horizontina em relação à John Deere e levanta questionamentos sobre os rumos da produção de máquinas agrícolas no Brasil diante das oscilações de mercado.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.