
Empresário que ostentava luxo, agora é foragido. Cerealista Fruet, de Campo Bonito, atraiu produtores com preços acima do mercado, esvaziou silos e sumiu; investigações revelam histórico de golpes semelhantes e venda milionária para cooperativa.
O que parecia ser uma relação comercial segura se transformou em um dos maiores escândalos recentes no agronegócio paranaense. Celso Fruet, dono da Cerealista Fruet, em Campo Bonito (PR), é acusado de aplicar um golpe estimado em R$ 22 milhões contra produtores rurais da região. As investigações apontam que mais de 200 agricultores entregaram suas safras de soja e milho ao empresário, que desapareceu deixando os silos vazios e um rastro de prejuízo.
De acordo com a Polícia Civil do Paraná, Fruet adotava uma estratégia sedutora: pagava acima do valor de mercado — quando o preço da saca estava em R$ 100, ele oferecia R$ 104 ou R$ 105. A proposta, somada à reputação construída em três décadas de atuação no mesmo endereço, reforçava a confiança dos produtores. Além disso, ele se destacava pelo atendimento flexível, aceitando entregas à noite, em feriados e fins de semana.
A descoberta do golpe ocorreu em 21 de julho, quando produtores foram retirar seus grãos e encontraram a cerealista abandonada: sem funcionários, computadores, equipamentos ou qualquer vestígio da produção estocada. Até agora, 109 boletins de ocorrência já foram registrados, mas a polícia acredita que o número real de vítimas ultrapasse 200, podendo elevar as perdas totais para mais de R$ 50 milhões.
Ostentação e fuga
Nas redes sociais, Fruet exibia carros de luxo, cavalos de raça, fazendas e frota própria de carretas, projetando a imagem de empresário de sucesso. Porém, logo após esvaziar os silos, ele vendeu a estrutura da empresa para a cooperativa Copacol por cerca de R$ 40 milhões e deixou a cidade. A Copacol informou que a aquisição se limitou ao imóvel e equipamentos, sem assumir dívidas com produtores.
A delegada Raiza Bedim, responsável pelo caso, afirmou que a polícia tentou intimá-lo duas vezes e até ofereceu a opção de depoimento online, mas não obteve retorno. Hoje, Fruet é considerado foragido, com mandado de prisão preventiva expedido.
“Se no balcão o preço da saca era R$ 100, ele pagava R$ 104 ou R$ 105”, explicou Raiza.

Vidas e economias destruídas
Entre as vítimas está Marilete Pagani, que mantinha 320 sacas de soja no armazém, equivalentes a cerca de R$ 38 mil — dinheiro destinado ao tratamento do pai, que sofre de Alzheimer e Parkinson. “É desesperador saber que você perdeu tudo. O suor de cada dia… De repente você não tem nada. Dá uma revolta muito grande”, relatou.
Golpe deixa agricultores no prejuízo no Paraná e revela histórico de Fruet
As investigações revelam que Fruet já havia sido investigado por estelionato em Capanema e Virmond, no Paraná, com o mesmo modus operandi: recebia grãos, fechava a cerealista e sumia sem pagar.
A defesa do empresário afirma que a empresa enfrenta uma “grave crise financeira” provocada por oscilações do setor agrícola, altas taxas de financiamento e um volume atípico de pedidos de fixação de soja, o que teria comprometido o fluxo de caixa. Os advogados também alegam que problemas de saúde afastaram Fruet das atividades no último ano e que está sendo preparado um “plano de reestruturação” para pagar os credores.
Alerta ao agronegócio
O golpe deixa agricultores no prejuízo no Paraná e , além disso, expõe a vulnerabilidade de produtores diante de propostas tentadoras no mercado. Autoridades orientam que agricultores avaliem a saúde financeira e o histórico das empresas antes de fechar contratos, especialmente quando as condições se mostram muito acima da média.
Enquanto isso, as buscas por Celso Fruet continuam e o caso segue sob investigação, com novas vítimas sendo incentivadas a registrar ocorrência para reforçar o inquérito e aumentar as chances de recuperação dos prejuízos.

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