Governo adquire 263 mil toneladas de arroz importado em leilão

Aquisição é desnecessária, podendo causar instabilidade de preços e prejudicar produtores locais, segundo entidades do setor

Depois de uma série de reviravoltas judiciais, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) conseguiu realizar o leilão previsto para esta quinta-feira (6), adquirindo aproximadamente 263 mil toneladas de arroz polido importado. A origem desses lotes será divulgada pela Conab posteriormente.

O governo federal justifica a importação do arroz pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, principal produtor do grão no país, alegando que a produção foi afetada, o que poderia prejudicar o abastecimento interno e levar à especulação de preços. No entanto, entidades do setor produtivo afirmam que pelo menos 80% da produção no estado já foi colhida e estará disponível para consumo.

Os lotes de arroz adquiridos pela Conab foram negociados com preços que variaram entre R$ 4,9899 e R$ 5 por quilo, resultando em uma média de R$ 4,9982 por quilo. A operação totalizou um custo de R$ 1,316 bilhão.

Entre os 27 locais de entrega propostos pela Conab, alguns não atraíram interessados para a comercialização do produto. As cidades de Manaus, Brasília, Campo Grande (MS), Rondonópolis (MT), Picos (PI), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Herval d’Oeste (SC), São José (SC) e Formoso do Araguaia (TO) ficaram de fora.

Recife, a capital pernambucana, receberá a maior quantidade de arroz, com 30 mil toneladas.

Além de Recife, outras cidades que receberão os lotes adquiridos no primeiro leilão de arroz importado são: Irecê (BA), Maracanaú (CE), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Colatina (ES), São Luís de Montes Belos (GO), Imperatriz (MA), São Luís (MA), Campos Altos (MG), Perdões (MG), Varginha (MG), Ananindeua (PA), Campina Grande (PB), João Pessoa (PB), Rolândia (PR) e Bernardino de Campos (SP). Os lotes serão distribuídos para armazéns da empresa pública nessas localidades.

Liminar impedia a realização do leilão

Ontem (5), a Justiça Federal em Porto Alegre emitiu uma liminar que impedia a realização do leilão. No entanto, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Fernando Quadros da Silva, atendeu ao pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e autorizou a continuidade do certame para a compra de arroz, que ocorreu hoje.

Setor argumenta prejuízos com a importação de arroz

Na semana passada, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do governo federal de permitir a importação de arroz. A CNA argumenta que essa medida trará prejuízos à cadeia produtiva, gerando instabilidade de preços e prejudicando os produtores locais.

Além disso, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) ressaltou, em uma nota técnica enviada ao governo estadual, que a arrecadação do ICMS proveniente do arroz é uma fonte vital de receita para muitos municípios gaúchos, que já enfrentavam dificuldades financeiras antes das enchentes do último mês.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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