
Medidas incluem consulta à OMC, plano de contingência para setores afetados e novas habilitações para exportar café, gergelim e proteínas à China
O impacto do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras provocou uma mobilização imediata do governo federal para proteger o agronegócio e ampliar o acesso a novos mercados. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (4), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, anunciou que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a abertura de uma consulta junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), medida que será avaliada pelo presidente Lula para definir a estratégia jurídica e diplomática.
Alckmin destacou que o governo trabalha em três frentes:
- Diversificação de mercados, com apoio da ApexBrasil para ampliar as exportações.
- Ampliação do programa Acredita Exportação, hoje voltado a micro e pequenas empresas, mas que pode ser estendido para médias e grandes empresas do agro.
- Plano de contingência para crédito e compras governamentais, que deve ser anunciado nos próximos dias.
O Acredita Exportação, sancionado há uma semana, já está em vigor e prevê a devolução de tributos federais pagos ao longo da cadeia produtiva de bens industriais exportados, garantindo até 3% da receita com vendas externas em ressarcimento ou compensação tributária até 2027.
Agricultura busca soluções internas e abertura externa
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que a pasta avalia regulamentações internas para estimular o consumo doméstico de produtos hoje voltados ao mercado externo. Paralelamente, aposta em acelerar negociações para abertura e retomada de mercados internacionais, aproveitando o portfólio atual de 398 novos mercados já abertos pelo Brasil desde o início do governo.
Entre as prioridades, estão:
- Reabertura do mercado de pescado para o Reino Unido e União Europeia.
- Acordo com o Japão após vistoria sanitária para carne bovina.
- Expansão da carne bovina ao Vietnã, que abriu seu mercado em março após 20 anos de negociações.
- Retomada de mercados fechados por gripe aviária, reduzindo os atuais bloqueios de 32 para apenas quatro países, com avanços nas tratativas com China, União Europeia e Chile.
China sinaliza abertura estratégica para o agro brasileiro
Em um movimento visto como resposta indireta ao tarifaço norte-americano, a China habilitou 183 novas empresas brasileiras de café para exportar ao mercado chinês, com validade de cinco anos. A medida, anunciada no dia 30 e confirmada pela Embaixada da China no Brasil, reforça a relevância do produto brasileiro e amplia o espaço para pequenos, médios e grandes exportadores.
Além do café, Pequim também autorizou:
- Exportação de gergelim brasileiro, beneficiando produtores do Nordeste.
- Primeiras habilitações para exportar farinhas de aves e suínos ao mercado chinês, diversificando a pauta exportadora.
Analistas avaliam que a decisão demonstra a intenção chinesa de preservar e fortalecer a cooperação agrícola com o Brasil, reforçando a segurança alimentar do país asiático e abrindo novas oportunidades comerciais para o agro nacional.
Oportunidade em meio à crise
Enquanto as tarifas norte-americanas impõem desafios ao setor, o Brasil encontra na China e em outros mercados uma alternativa para manter e até ampliar sua presença internacional. Para o governo, a estratégia é transformar o impacto negativo do tarifaço em um impulso para diversificação de destinos e produtos, reforçando a competitividade brasileira no cenário global.
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