Gripe aviária: veja quem suspendeu a compra de frango do Brasil

A confirmação de um foco do vírus H5N1 em uma granja comercial localizada em Montenegro (RS) levou mais de 20 destinos a suspenderem temporariamente as exportações

Há uma semana, a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial de matrizes em Montenegro, no Rio Grande do Sul, tem provocado repercussões significativas no comércio internacional de carne de frango brasileira.

Desde então, mais de vinte países ou blocos econômicos suspenderam temporariamente as compras da proteína nacional. Entre eles, pelo menos dez optaram por embargar especificamente a produção gaúcha, o que evidencia um esforço de regionalização das medidas sanitárias.

Novas restrições e aumento da vigilância sanitária

Na quarta-feira (20), três novas nações — Filipinas, Jordânia e Namíbia — anunciaram proibição total às importações de frango brasileiro. A Rússia, embora não tenha adotado um bloqueio nacional, suspendeu as compras de empresas do Rio Grande do Sul e impôs inspeções sanitárias mais rígidas às cargas vindas de outros Estados pelos próximos três meses.

Anteriormente, Moscou havia alinhado sua política sanitária aos parceiros da União Euroasiática — Belarus, Armênia, Quirguistão e Cazaquistão —, que, inicialmente, suspenderam as importações de todo o território brasileiro. Com a atualização das medidas, o embargo foi restrito ao Rio Grande do Sul.

Países que interromperam compras de frango brasileiro

Entre os principais destinos que decretaram suspensão geral das importações estão: China, União Europeia (em bloco), Coreia do Sul, Chile, México, Iraque, África do Sul, Canadá e Argentina, entre outros. Já nações como Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos decidiram limitar as restrições ao Estado do Rio Grande do Sul ou apenas ao município de Montenegro.

A contagem regressiva para a retomada das exportações

A granja onde o vírus H5N1 foi detectado passou por completa desinfecção, concluída na noite de quarta-feira (21). A partir desta quinta (22), começa o monitoramento de 28 dias, período considerado seguro para avaliar a ausência de novos casos. Caso não haja reincidência, o Brasil poderá declarar-se novamente livre da doença e negociar a retomada de suas exportações.

No entanto, as tratativas diplomáticas já estão em andamento. Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua, diversos países importadores já receberam relatórios técnicos sobre as medidas adotadas pelo Brasil. A expectativa é que os primeiros resultados concretos, como a flexibilização de restrições e a adoção de embargos regionais em vez de nacionais, comecem a aparecer nos próximos dias.

Pressão por regionalização e diálogo técnico com parceiros

A estratégia do governo federal tem sido manter um canal direto de diálogo com os principais parceiros comerciais, apoiado por dados técnicos, mapas sanitários e protocolos de contenção. A meta é garantir que as autoridades estrangeiras reconheçam os esforços brasileiros em isolar o foco e manter a segurança da produção avícola nas demais regiões.

Apesar de ainda não haver sinalização formal da China sobre a possibilidade de regionalizar seu embargo, o Ministério da Agricultura avalia isso como parte do trâmite habitual. Como referência, em 2024, durante um foco de Doença de Newcastle no Estado, os chineses levaram mais de 20 dias para revisar sua decisão inicial.

Oferta global apertada pode acelerar retomada

O cenário internacional de escassez de carne de frango pode jogar a favor do Brasil. Segundo Rua, a demanda global segue elevada, enquanto a oferta permanece limitada. Isso tem sustentado os preços em patamares altos, mesmo com o aumento das exportações brasileiras nos últimos meses. “Nenhum grande produtor está livre da gripe aviária atualmente. O Brasil era o último nesse grupo. Isso pode pesar nas decisões dos países que desejam manter o abastecimento interno”, observou.

Alguns avanços em meio à crise

Apesar da gravidade da situação, já surgem indícios de flexibilização. Os Emirados Árabes Unidos, segundo principal destino do frango brasileiro em 2024 — com 455,1 mil toneladas compradas, ou 8,8% do total — decidiram manter o embargo apenas para Montenegro. A exigência imposta é de que as cargas exportadas venham de áreas a pelo menos 25 km de distância do foco da doença.

Nos bastidores, empresas privadas de países como México e Filipinas têm feito pressão junto a seus governos para evitar a suspensão total das compras, destacando a eficiência do sistema de controle sanitário brasileiro.

Reforço na defesa agropecuária

Em resposta ao surto e à necessidade de fortalecer a vigilância sanitária, o Ministério da Agricultura convocou 440 aprovados em concurso público para reforçar o quadro de defesa agropecuária. Serão incorporados 200 novos auditores fiscais federais agropecuários, 100 agentes de atividades agropecuárias, 40 inspetores sanitários e 100 técnicos de laboratório.

Situação atual da doença no Brasil

Até o momento, o país registra 168 casos confirmados de gripe aviária. A maioria (164) ocorreu em animais silvestres, como aves e leões-marinhos. Há ainda quatro focos em criações domésticas e um em granja comercial — o de Montenegro. Outros nove casos seguem sob investigação, sendo dois em granjas comerciais localizadas em Santa Catarina e Tocantins. Os demais são em aves de subsistência ou animais silvestres em Estados como Pará, Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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