Guerra causa forte elevação dos preços do esterco no país

A demanda por esterco está aumentando tanto entre produtores de cana como de grãos e outras culturas, o que já provoca escassez do resíduo nessas regiões

A guerra na Ucrânia causou alta e escassez dos fertilizantes químicos provocando uma corrida dos produtores rurais brasileiros em busca de esterco de bovinos, aves e suínos para a adubação de suas lavouras neste ano. E, consequentemente, os preços dispararam.

A 90 quilômetros de Bastos, região com maior concentração de produção de ovos de São Paulo, a Usina Narandiba, da Cocal, viu o custo do esterco das aves subir desde 2021. Ainda assim, a alternativa continua valendo a pena. Hoje, 1 tonelada de esterco de aves, que serve de substituto para os fertilizantes nitrogenados, corresponde a 10% do custo que a empresa teria com o adubo químico com propriedades similares. Há um ano, essa equivalência era de 5%.

Em Bastos, a Cocal compra esterco diretamente dos criadores de aves e o transporta à usina. Mas para cada região a modalidade de negociação é diferente. Em Presidente Prudente (SP), onde a Cocal tem outra usina, a empresa troca bagaço de cana e leveduras, que podem ser utilizados como ração para bovinos, pelo esterco de confinamentos de gado.

O preço do esterco já vinha em alta desde 2021, acompanhando a valorização dos fertilizantes químicos. Segundo a consultoria Pecege, a tonelada do esterco de galinha passava de R$ 300 em dezembro, mais que o dobro dos R$ 150 de janeiro de 2021. “A alternativa orgânica segue o comportamento do adubo químico e da maior demanda”, diz Haroldo Torres, diretor do Pecege.

A demanda por esterco está aumentando tanto entre produtores de cana como de grãos e outras culturas, o que já provoca escassez do resíduo nessas regiões. “A concorrência por esses materiais aumentou muito. Estamos buscando, mas nem sempre tem”, afirma Rogério Bremm, diretor agrícola da BP Bunge Bioenergia.

Comprar de regiões distantes é mais complicado, já que o uso de esterco exige volumes muito grandes, e o custo adicional do frete precisa ser considerado, acrescenta ele.

Pedro Barbosa, gerente agrícola da Usina Denusa, diz que, se todos os produtores buscarem esterco de aviários e confinamentos, não haverá volume suficiente no país para todos. “A demanda seria muito maior que a geração de resíduo. A não ser que haja um aumento grande da produção de aves e bovinos”.

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