Haras investe mais de R$ 300 mil em clonagem e gera cópia de égua campeã mundial do hipismo

Com técnica avançada de transferência nuclear, Haras Rosa Mystica aposta na preservação genética com clone de égua campeã mundial do hipismo, enquanto novo marco abre caminho para biotecnologia no esporte equestre brasileiro

Em um feito inédito para a equinocultura nacional, o Haras Rosa Mystica, localizado em Salto de Pirapora (SP), acaba de apresentar ao Brasil o primeiro clone de uma égua da raça Brasileiro de Hipismo (BH). Batizada de Magnólia Mystic Rose TN1, a potranca é uma cópia genética exata da campeã Magnólia Mystic Rose, égua de 15 anos com histórico internacional, incluindo participação em Jogos Olímpicos e no Pan-Americano de Lima, montada pelo cavaleiro guatemalteco Juan Andrés Rodríguez.

O assunto foi abordado com exclusividade e pioneirismo pelo Compre Rural nesta semana, que detalhou os bastidores do processo de clonagem e a importância da égua original para o avanço da genética no hipismo brasileiro. Veja mais nos conteúdos publicados:
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Patrimônio genético preservado

A decisão de clonar Magnólia vai além de seus resultados esportivos. Segundo Nilson da Silva Leite, advogado e membro do Conselho Técnico da ABCCBH (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos BH), a égua se destacou não só como atleta, mas principalmente como matriz.

Magnólia é mãe da Miss Blue, vencedora de GPs históricos na Europa como o Rolex de Roma, Fontainebleau (França) e Hamburgo (Alemanha). Ela provou ser uma transmissora genética excepcional”, explica Nilson.

A filha Miss Blue faleceu em junho, na Holanda, aos 12 anos, vítima de uma torção intestinal. A perda reforçou a importância de manter viva a linhagem genética da família, considerada estratégica para o Brasil no cenário hípico internacional.

Como funciona a clonagem que produziu o clone de égua campeã do hipismo mundial

O processo foi realizado pela empresa In Vitro Equinos, de Mogi Mirim (SP), sob coordenação da veterinária Perla Fleury. A técnica usada foi a transferência nuclear, em que o núcleo de uma célula de pele da égua original é inserido em um óvulo sem material genético (oócito enucleado).

Após estímulo, o embrião se desenvolve normalmente em ambiente controlado até ser transferido para uma “barriga de aluguel”, que dará à luz o clone.

“É um processo delicado e de alto custo. Para cada 50 oócitos trabalhados, nasce em média apenas um potro, com custo médio de R$ 320 mil por clone”, afirma Perla.

Primeiro clone registrado da raça BH no Brasil tem 8 meses e já vale Meio Milhão de Reais
Foto: Haras Rosa Mystica/Divulgação

Clone de égua campeã: Cópia viva e valiosa

Com pouco mais de oito meses de vida, a cópia da Magnólia original já é avaliada em R$ 500 mil. A potranca exibe vigor e saúde, mas, segundo Nilson, ainda não será direcionada às competições.

“O objetivo principal é manter a genética de segurança da Magnólia. Se no futuro ela demonstrar grande desempenho, poderá atuar no esporte. Mas o foco é reprodutivo”, destaca o gestor do haras.

O trabalho de doma e treinamento só se inicia por volta dos quatro anos de idade.

Inovação com raízes na tradição

O Haras Rosa Mystica foi fundado por Jozias Leite, ex-metalúrgico que sonhava viver no campo. Hoje, os filhos tocam o negócio com foco na excelência genética e manejo cuidadoso.

“A cópia da Magnólia representa a união entre tradição e inovação. Um legado respeitado e um compromisso com o futuro do hipismo brasileiro”, finaliza Nilson.

Haras Rosa Mystica faz história em CHIO Aachen e Paris 2024
Credito da foto: https://www.chioaachen.de

Legislação regulamenta clonagem animal no Brasil

A clonagem animal passou a ser oficialmente regulamentada no Brasil com a Lei Nº 15.021/2024, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A norma define critérios para produção, manipulação, importação, exportação e comercialização de material genético animal, incluindo clones.

A fiscalização cabe ao Poder Público federal e cobre aspectos sanitários, genéticos e produtivos, incluindo laboratórios e centros de criação. Empresas como a In Vitro Equinos devem estar registradas e autorizadas oficialmente.

O futuro da clonagem no hipismo

Embora ainda incipiente, a clonagem de cavalos de alto rendimento se firma como uma alternativa estratégica para manter linhagens valiosas vivas, especialmente diante de perdas precoces como a de Miss Blue. Além de um feito biotecnológico, o clone de Magnólia reacende o debate sobre tecnologia, ética e futuro da criação equina competitiva no Brasil.

A partir de agora, a coexistência de duas Magnólias – mãe e cópia – no mesmo piquete, simboliza uma nova era no hipismo brasileiro, onde a ciência galopa lado a lado com a tradição.

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