Herbicida renasce no Brasil como alternativa ao glifosato e ALS contra plantas daninhas resistentes

Depois de cair no esquecimento com a chegada da soja transgênica, Lactofen ressurge como ferramenta de controle de daninhas resistentes.

Um dos maiores desafios da agricultura brasileira são as plantas daninhas que vêm se tornando resistentes aos atuais ingredientes ativos disponíveis no mercado, tais como o glifosato e os inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS). Esse é o caso do Caruru (gênero Amaranthus), do picão-preto (Bidens pilosa) e do leiteiro (Euphorbia heterophylla), que estão presente nas principais regiões produtoras agrícolas e afeta principalmente as lavouras de soja no Brasil.

De acordo com pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel, no Rio Grande do Sul), uma única planta de Caruru resistente pode reduzir a produtividade de grãos de SOJA em média de 6,4%, podendo chegar até a 80% em casos mais severos, além de inviabilizar a colheita mecânica. Além disso, essa daninha cresce rapidamente, chegando a mais de dois metros de altura e competindo diretamente por luz, água e nutrientes, reduzindo drasticamente sua produtividade e dificultando a colheita. O Caruru possui ainda um alto potencial de disseminação, podendo produzir até 600 mil sementes por planta, o que aumenta o risco de infestação nas lavouras.

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Para combater o caruru resistente ao glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS, uma abordagem eficaz envolve a aplicação de herbicidas pós-emergentes. É exatamente nesse ponto que está ressurgindo um velho conhecido dos brasileiros: o herbicida Lactofen, que vem mostrando ser uma alternativa para controlar plantas daninhas de folha larga, inclusive o caruru, já estabelecidas. O uso desse mecanismo de ação mostra-se essencial para evitar a seleção de biótipos resistentes e prolongar a eficácia dos produtos disponíveis.

Fênix Ressurge

De acordo com o pesquisador Robinson Osipe, da Estação Dashen, o Lactofen é como se fosse uma “Fênix” ressurgindo das cinzas. “Era um produto do milênio passado, talvez de antes da expansão da soja no Brasil, que teve uma importância muito grande no cenário do agro, por auxiliar a controlar plantas que os herbicidas usuais daquela época já não controlavam mais”, relembra ele.

Com a introdução da soja transgênica RR no Brasil, conta Osipe, os agricultores começaram a usar o pacote sugerido com a aplicação do glifosato sobre a oleaginosa geneticamente modificada. Nesse momento o Lactofen caiu no esquecimento e os produtores foram descontinuando a sua utilização, até porque o produto “assustava um pouco pelo aspecto visual, pois ele causava às vezes uma clorose e depois uma necrose na planta, o que assustava o produtor um pouco”, conta o pesquisador.

Atualmente, alerta o especialista, o avanço do Caruru tem mostrado uma agressividade e causado uma dificuldade muito grande de controle. “E é aí que ressurge o Lactofen. Na pós-emergência, sem dúvida, ele é uma das ferramentas que entrega um controle mais confiável. Mesmo causando certo dano visual na cultura da soja, trata-se de um dano visual aceitável, pois fazendo a aplicação conforme recomendação da empresa, não impacta em produtividade. Por outro lado, quando ele não controla o Caruru, em algumas áreas eu tenho visto que fica inviável a colheita”, aponta ele.

Robinson Osipe, que é Doutor em Matologia e Agroecologia, acrescenta ainda que, além do Caruru, o Lactofen auxilia também no controle de outras plantas as quais hoje o glifosato “começa a não entregar controle, como leiteiro e o picão-preto”. “É um produto que está retornando para o mercado e precisa ser trabalhado em termos técnicos. Existia, digamos assim, um vazio e uma procura até de produtores mais tradicionais em cima dessa molécula. Então, eu entendo que o retorno dela para o cenário no Brasil vai permitir o produtor a melhorar o controle de algumas plantas problemas hoje”, projeta o pesquisador da Estação Dashen.

Um dos pontos fortes e diferenciais dessa molécula em relação ao que entrega hoje o glifosato, aponta Robinson Osipe, é o seu mecanismo inibidor da PROTOX. De acordo com ele, atualmente esse é um mecanismo que poucas plantas são resistentes. “A experiência permite dizer que o Lactofen, como inibidor de PPO, quando utilizado no estágio correto, na dose certa, apresenta uma maior eficácia para controlar as plantas daninhas”, conclui.

O Lactofen pertence à classe dos herbicidas inibidores da enzima PPO. Essa tecnologia, quando aplicada em pós emergência, atua interrompendo a síntese de clorofila nas plantas suscetíveis, e consequentemente levando à morte das células vegetais de plantas invasoras.

O engenheiro agrônomo Jones Yasuda, Facilitator Solution Director da AgriLean, explica: “Como no Brasil o Lactofen deixou de ser um produto com grande visibilidade, há poucos fabricantes em nível mundial. Para viabilizar a oferta do Lactofen, primeiro buscamos o registro do produto. Depois de auditar os fabricantes que estão aprovados nos registros existentes no Brasil, identificamos um fornecedor de alta qualidade – o único e verdadeiro fabricante legalizado para exportar o Lactofen para o Brasil”.

A AgriLean Inputs S.A. é quem importa esse insumo. A empresa parceira JOTEW Service é quem distribui o produto e presta consultoria especializada.

“Já estamos em 650 mil hectares plantados majoritariamente com soja, algodão e milho entre os seus associados. Agora a proposta é abrir a atuação para todos os interessados através da JOTEW. Nosso portfólio inclui mais de 150 marcas comerciais de defensivos agrícolas com mais de 50 princípios ativos registrados”, afirma Evandro Sasano, responsável pelo Acesso a Mercado, liderando as áreas de Marketing e Vendas.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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