Histórico: Brasil receberá a primeira aeronave agrícola híbrida

O modelo da aeronave agrícola contará com motores a explosão movidos a etanol combinados com motores elétricos, substituindo o combustível fóssil AVGAS, ainda amplamente usado na aviação convencional

O Brasil inicia um movimento pioneiro no setor aeroespacial e no agronegócio com o desenvolvimento da primeira aeronave agrícola híbrida e autônoma do país. O projeto está sendo conduzido no CIMATEC Aeroespacial, em Salvador (BA), dentro do Parque Industrial Tecnológico Aeroespacial da Bahia (PITA-BA), e representa um marco para a aviação sustentável.

O que é a tecnologia híbrida?

Com investimento estimado em R$ 50 milhões, o projeto adapta a aeronave R44 Robinson para operar em um sistema de propulsão híbrido. O modelo contará com motores a explosão movidos a etanol combinados com motores elétricos, substituindo o combustível fóssil AVGAS, ainda amplamente usado na aviação convencional.

A proposta traz benefícios diretos:

  • Redução da emissão de poluentes, alinhando-se às diretrizes internacionais de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF).
  • Eficiência energética, com menor consumo e maior autonomia.
  • Precisão agrícola, permitindo aplicação de insumos de forma localizada, o que contribui para reduzir o volume de agroquímicos utilizados.
  • Independência tecnológica, fortalecendo a bioeconomia brasileira ao utilizar o etanol como alternativa limpa e nacional.

Rede de colaboração estratégica

O projeto nasce de uma parceria entre Helisul Engenharia e SENAI CIMATEC, contando ainda com a participação de ROTOR, MagniX, BNDES e FINEP, além do apoio institucional do Governo da Bahia, Ministério da Defesa e Força Aérea Brasileira. O empreendimento está inserido no Parque Industrial Tecnológico Aeroespacial da Bahia (PITA-BA), ecossistema que se consolida como um dos mais avançados polos nacionais de inovação aeroespacial.

Etapas do desenvolvimento da aeronave agrícola híbrida

O cronograma foi dividido em duas fases. Na primeira, já em curso, uma equipe de engenheiros e pesquisadores realiza estudos iniciais e testes de prototipagem dentro do CIMATEC Aeroespacial. Em seguida, será instalada uma unidade operacional de 3.400 m², onde serão ampliadas as atividades de engenharia, desenvolvimento e, futuramente, fabricação.

A execução prevê a criação de 32 empregos diretos, envolvendo engenheiros, técnicos especializados, pesquisadores e estudantes universitários, fortalecendo a formação de mão de obra altamente qualificada e gerando impacto direto no setor produtivo local.

Sustentabilidade e impacto no agro

Mais do que inovação tecnológica, a iniciativa abre caminho para uma nova era da aviação agrícola sustentável. A combinação entre autonomia, precisão e propulsão limpa deve resultar em aplicações mais eficientes, menor dependência de combustíveis fósseis e mitigação dos impactos ambientais.

Para Bruno Biesuz, diretor de operações da Helisul, a iniciativa representa um marco para o país:

“Estamos diante de um divisor de águas. A aviação agrícola pode ser, ao mesmo tempo, aliada da eficiência produtiva e da preservação ambiental. Este projeto traduz a missão da nova indústria nacional: sustentabilidade, bioeconomia, transformação digital e soberania tecnológica.”

O superintendente de Novos Negócios do SENAI CIMATEC, André Oliveira, também reforça o impacto estratégico:

“A parceria consolida a Bahia como referência nacional no setor aeroespacial. Começamos com engenharia e desenvolvimento, mas já projetamos avançar para processos de fabricação no estado.”

Posição estratégica do Brasil

O desenvolvimento da aeronave agrícola híbrida coloca o Brasil em posição de protagonismo internacional no avanço da aviação limpa. Além de fortalecer a cadeia aeroespacial nacional, o país demonstra capacidade de alinhar inovação tecnológica às demandas do agronegócio e às exigências ambientais globais.

O projeto sinaliza uma nova etapa da aviação agrícola, em que sustentabilidade, digitalização e eficiência caminham juntas. Trata-se de um investimento que reforça a soberania tecnológica brasileira, amplia a competitividade do setor agro e contribui para a transição rumo a uma economia de baixo carbono.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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