Raças Holandesa e Jersey dominam os sistemas de produção de leite no Brasil e no mundo, ao lado da Gir e Girolando; enquanto uma entrega grandes volumes, a outra se destaca na qualidade do leite e na eficiência alimentar
Quando o assunto é produção de leite, duas raças se sobressaem nos sistemas produtivos ao redor do mundo: a Holandesa (ou Holstein) e a Jersey. Ambas têm origens distintas, características físicas marcantes e desempenhos que influenciam diretamente nos lucros da pecuária leiteira, dependendo do modelo de produção adotado. Mas, afinal, qual raça é melhor? A resposta depende de fatores como clima, tipo de manejo, objetivo de mercado (volume x qualidade) e até mesmo custo de alimentação.
A seguir, veja uma análise comparativa detalhada entre as duas raças, com foco em suas vantagens e desvantagens, especialmente em contextos como o da pecuária leiteira brasileira.
Origem e características gerais
- Holandesa (Holstein): Originária dos Países Baixos, é considerada a raça mais produtiva do mundo em termos de volume de leite. No Brasil, é amplamente difundida, principalmente em regiões de clima mais ameno.
- Jersey: Vinda da Ilha de Jersey, no Canal da Mancha (entre Inglaterra e França), a raça é bem menor em porte físico, mas conhecida por produzir leite com alto teor de sólidos (gordura e proteína), o que a torna valiosa para fabricação de derivados como queijos e manteigas.
Produção de leite
- Holstein:
- ✅ Vantagem: Produção média de 25 a 40 litros/dia, podendo chegar a 50 litros em vacas de alto potencial genético em sistemas intensivos.
- ❌ Desvantagem: Leite com menor teor de gordura (3,5%) e proteína (3,0%), o que pode reduzir o rendimento industrial em comparação à Jersey.
- Jersey:
- ✅ Vantagem: Produz de 15 a 25 litros/dia, com gordura média de 5% e proteína de 3,7%, o que aumenta o valor agregado do leite.
- ❌ Desvantagem: Volume menor de produção pode ser um limitador em sistemas que priorizam escala.
Eficiência alimentar e rusticidade
- Holstein:
- ❌ Desvantagem: Exige maior volume de alimentação e manejo mais intensivo. É mais sensível ao calor, estresse e doenças, o que pode impactar sua longevidade no rebanho.
- ✅ Vantagem: Em sistemas com boa estrutura, responde bem a dietas formuladas e tecnologia.
- Jersey:
- ✅ Vantagem: Mais eficiente na conversão de alimento em sólidos do leite, sendo ideal para sistemas de pasto ou semi-confinamento na pecuária leiteira.
- ✅ Resistente ao calor, com menor incidência de problemas de casco, mastite e doenças metabólicas.
- ❌ Desvantagem: Menor rendimento em peso de carcaça no descarte de vacas.
Longevidade, fertilidade e precocidade
- Holstein:
- ❌ Desvantagem: Menor longevidade e fertilidade, com mais ocorrências de descarte precoce.
- ✅ Vantagem: Programas genéticos e de manejo vêm tentando contornar essas limitações com bons resultados.
- Jersey:
- ✅ Vantagem: Alta fertilidade, precoce e permanência média mais longa no rebanho. Isso reduz custos com reposição e aumenta a rentabilidade na pecuária leiteira.
Aspectos econômicos e mercado
- Holstein:
- ✅ Vantagem: Ideal para cooperativas e indústrias que pagam por volume.
- ❌ Desvantagem: Menor valorização por litro quando o pagamento é por qualidade do leite (sólidos).
- Jersey:
- ✅ Vantagem: Valorização crescente do leite tipo A e derivados premium, especialmente com aumento da demanda por produtos com mais sabor e qualidade.
- ❌ Desvantagem: Menor atratividade em sistemas industriais focados em quantidade.
Comparativo final: Holstein x Jersey na pecuária leiteira
| Característica | Holstein | Jersey |
|---|---|---|
| Produção de leite (litros/dia) | 25 a 40+ | 15 a 25 |
| Gordura do leite (%) | 3,5% | 5% |
| Eficiência alimentar | Média | Alta |
| Fertilidade | Média/baixa | Alta |
| Tolerância ao calor | Baixa | Alta |
| Longevidade | Baixa | Alta |
| Rendimento em carcaça | Maior | Menor |
| Indicação de sistema | Intensivo, confinado | Pasto, semi-confinamento |
Considerações finais
Não há uma raça “melhor” universalmente — a escolha ideal depende do modelo de negócio do produtor na pecuária leiteira. Para quem foca em alto volume com suporte de estrutura intensiva, a Holandesa ainda é dominante. Já para sistemas mais sustentáveis, com menos insumos e maior foco em qualidade, a Jersey se destaca. Muitos pecuaristas têm optado por sistemas mistos ou cruzamentos, buscando aliar o melhor das duas raças.
No Brasil, com sua diversidade de climas e perfis produtivos, avaliar cuidadosamente essas vantagens e desvantagens pode fazer toda a diferença na rentabilidade da propriedade leiteira.
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