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Hotel para bois está com vagas esgotadas e tem até fila de espera

Chamado de “Boitel”, sistema aumenta o ganho de produtores com engorda otimizada

Sabe aquela propaganda, do moço que aparece na TV falando de como é fácil achar um quarto de hotel pelo site dele? Talvez até seja, mas não em Guarantã, cidade de 13 mil habitantes no Noroeste de São Paulo. Se você digitar o nome do município por lá, a resposta é curta e direta: nenhum resultado encontrado. Na verdade, o negócio deles parece não ser hotel de gente, mas de boi, o “Boitel”.

Na fazenda do grupo Ribas, que fica na região e pertence aos descendentes de uma das famílias mais tradicionais da pecuária paulista, os criadores resolveram investir no confinamento por demanda, que é esse sistema chamado de Boitel.

Funciona assim: o pecuarista brasileiro cria o gado quase que exclusivamente a pasto. Entretanto, nos últimos 100 dias antes do abate, só o capim não é suficiente para fazer com que o boi chegue ao peso ideal, a ponto de otimizar os ganhos. É aí que entra o confinamento, em que os animais recebem uma alimentação especial – mais enérgica, à base de grãos, principalmente de milho – e ganham quase 200 kg. É seis vezes mais que no sistema convencional. E haja grão: o consumo é de 10 toneladas por dia.

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José Roberto Ribas: “A gente quis focar no que era melhor e deixar o pecuarista focar no que ele é bom. É uma parceria de ganha-ganha.” Diogo França/Texto Comunicação Corporativa

Apesar de não exigir um espaço grande, o sistema requer uma estrutura que nem todos têm, com mão de obra especializada e possibilidade de pesagem diária do gado. Foi o que percebeu em 2011 o responsável pelo confinamento, José Roberto Ribas. “Nós fizemos um estudo com uma consultoria e vimos que nossa máxima eficiência era na parte de produção e não tanto na ‘originação’”, conta o pecuarista. “A gente quis focar no que era melhor e deixar o pecuarista focar no que ele é bom. É uma parceria de ganha-ganha.”

Hoje, o Boitel da Fazenda Ribas recebe animais de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso – estados habilitados a exportar para a Europa – e tem capacidade para 2,1 mil cabeças, chegando ao final do ano com um somatório de 5 mil. Mas aqui vão duas notícias, uma boa e uma ruim, caso você tenha se interessado. Primeiro a ruim: os “quartos” – cujas diárias custam de R$ 6 a R$ 9 – estão esgotados e têm até fila de espera. Agora a boa: a meta é ampliar o número de vagas já no ano que vem, chegando até a 11 mil cabeças por ano, caso os parceiros consigam fechar exportações para a Turquia. “A gente ainda está no começo, estamos pequenos e crescendo, mas é um reflexo: se está com fila, o pessoal tem gostado”, frisa Ribas.

Gado recebe alimentação mais energética, à base de milho, principalmente. Ganho de peso é seis vezes mais rápido do que no sistema convencional.
Diogo França/Texto Comunicação Corporativa

Pasto x confinamento

Oposto dos Estados Unidos, onde o confinamento é regra e não exceção, a criação de gado no Brasil é feita quase que exclusivamente no pasto. Das quase 220 milhões de cabeças, apenas 4,2 milhões são confinadas. “Isso significa um crescimento de 12% em relação ao ano passado, que foi mais complicado em termos de custo e problemas macroeconômicos brasileiros”, salienta o gerente da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon), Bruno Andrade.

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Diferentemente do pasto, sistema de confinamento não exige um espaço tão grande.
Diogo França/Texto Comunicação Corporativa

Entretanto, com cada vez mais pressões ambientais e alimentares sobre a atividade, estratégias como o Boitel, ainda que somente na fase de terminamento, podem ajudar a trazer mais rentabilidade para o produtor, com uma carcaça mais “farta”, e liberar áreas para a agricultura. Hoje, há cerca de 60 “Boitéis” no país, sobretudo na região Centro-Oeste.

“O produtor não utiliza todos os mecanismos para proteção de preços, para ter uma venda segura de animais, e os frigoríficos muitas vezes tem uma agressividade muito grande com ele na negociação. Então, quando vai fazer um investimento, o produtor pensa muito se o frigorífico vai ou não pagar por esse investimento”, opina o gerente da Assocon. “Mas, ainda assim, existem muitos que vão investindo, testando, e esse confinamento é uma prova. A adoção de tecnologia é gradual, mas é lenta, por conta desses problemas de negociação.”

* O jornalista viajou a convite do Road Show, organizado pela Texto Comunicação Corporativa.

Com Informações do Gazeta do Povo

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