ICAP: Safrinha reduz custos de confinadores no Centro-Oeste, mas Sudeste ainda sofre

A queda no custo das dietas no Centro-Oeste, impulsionada pela entrada da safrinha, contrasta com o leve aumento no Sudeste, onde coprodutos e estoques antigos ainda pressionam os confinadores

Em junho de 2025, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) registrou comportamentos distintos nas duas principais regiões produtoras do país. No Centro-Oeste, o ICAP foi de R$ 14,27, representando uma queda de 1,79% em relação a maio, enquanto no Sudeste o índice alcançou R$ 12,42, com alta de 4,11% no mesmo comparativo. Essa oscilação reflete dinâmicas regionais bem diferentes.

No Centro-Oeste, a colheita da segunda safra de milho seguiu ganhando força, pressionando ainda mais os preços para baixo e promovendo redução no custo das dietas. Já no Sudeste, apesar da entrada da safrinha, a dependência de coprodutos da agroindústria e a variação local nos preços de ingredientes como polpa cítrica, caroço de algodão e casca de soja ajudaram a sustentar uma leve alta no custo médio das dietas.

Além disso, os estoques de insumos comprados ainda no primeiro trimestre seguem influenciando o custo real observado nas propriedades.

Visão trimestral dos insumos por Região, segundo Icap 

Centro-Oeste

A queda no valor do ICAP no Centro-Oeste foi puxada novamente pelos custos dos alimentos energéticos (-8,52%) e volumosos (-15,83%). Para a dieta de terminação — a mais cara do ciclo produtivo — destacaram-se os insumos associados à cultura do milho, como milho grão seco, WDG e DDG, que apresentaram quedas de 5,95%, 5,56% e 1,75%, respectivamente, em relação a maio de 2025. O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação fechou em R$ 1.401,28.

Sudeste

No Sudeste, a alta nos custos dos insumos proteicos (+8,86%) contribuiu para o aumento do ICAP. O custo da dieta de terminação foi de R$ 1.241,08 por tonelada de matéria seca, um aumento de 1,98% frente ao mês anterior. Os insumos que mais impactaram as dietas nesta região, por apresentarem um aumento nos custos em relação ao mês anterior, foram: caroço de algodão (+6,53%), casca de soja (+5,73%), DDG (+4,79%) e polpa cítrica (+1,00%).

Porteira pra Fora x Porteira pra Dentro

O comparativo com junho de 2024 revela um cenário ainda pressionado — especialmente no Sudeste com alta acumulada de 9,52% na região e de 1,49% no Centro-Oeste. Esse aumento reflete os efeitos do primeiro semestre de 2025, quando o mercado operava sob forte valorização da arroba e preços elevados para os principais insumos. Boa parte dos produtores fechou suas compras entre fevereiro e março, período de pico nos preços do milho e dos coprodutos, o que ainda se reflete no custo efetivo das dietas em confinamento. No Sudeste, a maior dependência de ingredientes industriais e coprodutos da agroindústria também contribuiu para uma maior volatilidade nos custos ao longo do ano.

Para os próximos meses, a tendência é de continuidade na retração dos custos — especialmente no Centro-Oeste, onde a colheita da safrinha avança e pressiona os preços do milho e seus derivados. O ritmo de colheita ainda está abaixo da média histórica, mas a expectativa de produção recorde mantém o viés de queda no mercado de grãos. Enquanto a cotação do boi gordo não se reaquece, o pecuarista deve manter o foco na eficiência produtiva para preservar a lucratividade. 

Com base no ICAP do último mês, é possível estimar o custo da arroba produzida e prever a lucratividade do pecuarista. A estimativa desse custo toma como base os valores médios observados nos clientes da Ponta Agro de cada região e que estão públicos no Report de Confinamento da Ponta: dias de cocho, total de arrobas produzidas e o percentual do custo de nutrição frente ao custo total.

Os custos estimados são de R$ 209,41 e R$ 197,15 por arroba produzida para Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente. Trata-se de um patamar de custos que permite um lucro superior a R$ 850,00 por cabeça* na região Sudeste e superior a R$ 810,00 por cabeça* para a região Centro-Oeste, considerando apenas o preço de venda balcão. 

Para ampliar as margens, além de melhorar a eficiência produtiva, o pecuarista deve buscar bonificações junto aos frigoríficos. Atualmente, o diferencial de preço do Boi China em relação à cotação balcão varia entre R$ 5,00 e R$ 7,50, dependendo da região produtora. 

*Estimativa de lucratividade realizada com cotação de arroba balcão, sem a adição de bonificações por rastreabilidade, padrão de qualidade e protocolos de mercado.

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