
Parte do crescimento é atribuída à base de comparação deprimida, dado que o setor vinha de três anos consecutivos de queda nas receitas.
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos movimentou R$ 24 bilhões em receitas líquidas de vendas em março de 2025, crescimento de 13,1% em relação ao mesmo mês de 2024, mas queda de 4,9% sobre o mês anterior, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). No acumulado do primeiro trimestre, o setor registrou alta de 15,2% frente a igual período do ano anterior. Apesar do avanço, parte do crescimento é atribuída à base de comparação deprimida, dado que o setor vinha de três anos consecutivos de queda nas receitas.
O mercado doméstico apresentou recuperação no trimestre, com alta de 18,0% em relação a 2024, mmas queda de 9,8% em relação ao mês anterior, refletindo uma retomada ainda frágil de investimentos em alguns setores econômicos. Embora alguns segmentos, como logística, construção civil e agricultura, tenham contribuído, o cenário geral ainda inspira cautela. A recuperação observada no ano parece mais uma correção após anos de retração do que um sinal claro de tendência sustentável.
No mercado externo, o desempenho foi negativo. As exportações caíram 5,8% no primeiro bimestre, pressionadas pela forte retração das vendas para os principais mercados da América do Norte – com quedas expressivas para os Estados Unidos (-30,2%), México (-30%) e Canadá (-27,2%). Outros mercados importantes, como Singapura, também reduziram significativamente suas compras (-30,5%), indicando um ambiente externo mais desafiador.
Apesar dos avanços no número de empregados (+3,2%) e no nível de utilização da capacidade instalada (de 74% para 77,5%), a retração na receita líquida e na carteira de pedidos, em relação ao mês de fevereiro devem ser vistas com atenção, considerando o risco de arrefecimento ao longo do ano.
Consumo aparente nacional de máquinas e equipamentos
O consumo aparente nacional atingiu R$ 34 bilhões em março de 2025, 16,8% superior a março de 2024, mas 8,4% inferior ao mês de Fev25. No acumulado do trimestre, o crescimento foi de 23,5%. Contudo, o crescimento do consumo no 1Tri25 foi impulsionado, em grande medida, pela expansão das importações, que avançaram 30% em reais.
Hoje, quase metade (48,3%) do consumo de máquinas no Brasil é abastecido por produtos importados, um reflexo da perda de competitividade da indústria nacional. Embora a produção interna tenha crescido 18%, a queda no market share da produção brasileira aponta para uma indústria que ainda luta para recuperar seu espaço frente aos produtos estrangeiros.
É importante notar ainda que, em 2024, o volume de importações de máquinas e equipamentos foi o segundo maior da história. Diferente de 2013, quando altos níveis de investimento explicavam o aumento das importações, o cenário atual é de taxa de investimento mais baixa (17% do PIB em 2024, contra 21% em 2013) e um mercado interno menos pujante. Em valores, o consumo aparente de máquinas caiu 35% desde 2013, e a produção nacional encolheu para menos da metade no período.
Importação de Máquinas e Equipamentos
As importações cresceram em diversos setores, especialmente na agricultura, infraestrutura e componentes. A China ampliou significativamente sua participação no mercado brasileiro, alcançando 34,1% das importações totais no primeiro trimestre de 2025, mais que o dobro da fatia registrada em 2013. A crescente dependência de máquinas chinesas, além de deslocar a indústria local, também compromete a posição de tradicionais fornecedores como Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão.

Expectativas
Embora se espere alguma recuperação nas receitas de vendas em abril de 2025, tanto em comparação a março quanto a abril de 2024, a tendência é de crescimento mais moderado. A retração de 5,1% na carteira de pedidos em março ante fevereiro e de 6,1% em relação a março de 2024 já sinaliza perda de fôlego.
Apesar da ligeira melhora no índice de confiança da indústria, divulgada pela FGV, o cenário é de incerteza no curto prazo. No médio prazo, a expectativa é de desaceleração mais acentuada, impulsionada pela combinação da política monetária mais restritiva e pela esperada desaceleração da atividade econômica no país.
Adicionalmente, o protecionismo crescente nos Estados Unidos e o aumento das incertezas globais devem impactar negativamente a tomada de decisão dos investidores. Nesse contexto, projeta-se que a expansão observada no primeiro trimestre (15%) perca força ao longo do ano, com o crescimento da receita líquida do setor convergindo para modestos 3,7% em 2025.
Fonte: Abimaq
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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